O documento foi debatido esta semana em Bruxelas. E, no capítulo da saúde, surgem números como este: a esperança média de vida de uma criança do sexo feminino que tenha nascido em Portugal, em 2006, era de 82,3 anos - o que supera a média da União Europeia (UE). Já o tempo que este mesmo bebé português pode esperar viver sem qualquer incapacidade ou limitação por questões de saúde é de apenas 57,6 anos, segundo os cálculos do Eurostat apresentados. Menos 5,5 anos do que em 1995.
É preciso olhar para este indicador com muito cuidado porque "tem pouca fiabilidade", defende Mário Carreira, especialista em saúde pública da Direcção-Geral de Saúde. E isto porque o indicador "esperança de vida sem incapacidade" (esta será a designação mais correcta, segundo o médico) está fortemente dependente da qualidade dos inquéritos e estudos feitos nos diversos países. Ora, este tipo de informação em Portugal é "um pouco deficiente", sublinha. Basta olhar para a periodicidade dos inquéritos nacionais de saúde (o último foi feito em 2005/2006, quando o anterior era já de 1998/1999) para perceber que há "hiatos muito grandes" entre estes estudos.
O especialista admite, contudo, que poderá haver algumas razões objectivas que expliquem um agravamento do indicador, nomeadamente o aumento da prevalência da obesidade em Portugal. Seja como for, o relatório traça uma tendência: os europeus (e os portugueses) vivem hoje mais anos. As mulheres mais do que os homens. Mas são também elas que passam mais anos com alguma incapacidade.
A tendência na UE foi para a esperança de vida saudável aumentar. Portugal, tal como a Finlândia ou a Grécia, faz parte do grupo onde se passou o inverso. Mesmo entre os homens. Se não veja-se: a esperança de vida saudável para um homem português era, em 2000, de 60,2 anos; em 2006 voltava ao nível de 1995 - 59,6.
A Comissão nota que a pobreza e desigualdade de rendimentos continuam a ser "problemas estruturais graves" do país, mas elogia várias medidas que têm sido tomadas. Por exemplo: "As reformas no sector da saúde estão a produzir efeitos positivos" Fica, contudo, um desafio: são precisas "políticas globais para melhorar o estado de saúde da população".
Público
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