No geral, estou em consonância com este artigo de José António Saraiva, no SOL, de 24 de Janeiro.
Divirjo apenas no seguinte:
1. Marcelo só podia ter reagido como reagiu.
É que a moção de Pedro Passos Coelho foi o pretexto que lhe foi oferecido - e ele agarrou a mãos ambas - para fugir à seringa.
Dito de outra forma:
Ele tinha que se esquivar a mais um confronto eleitoral que iria
redundar em nova humilhação, porque a verdade é que ninguém confia nele.
Todos os acham engraçado, por ser hiperactivo, malabarista e
cataventoso. Mas quem é que está disposto a casar ou a ser conduzido por
alguém com tais características? A vida não é um show de televisão nem
um circo. É, isso sim, algo de mais sério.
A um show - circense
ou outro - as pessoas assistem e aplaudem, divertidas, mas, no fim,
retiram-se para suas casas, para a vida menos lúdica.
Portanto e
tendo presente que Marcelo não é mentalmente desprovido, melhor do que
ninguém ele sabe que assim é. E, no íntimo, sabe também que não tem a
mínima hipótese de sucesso na aventura em que vinham querendo metê-lo
com sondagens estapafúrdias e... assassinas.
Assim, como não
aproveitar tamanho ensejo para se armar em vítima e tirar o cavalinho da
chuva, que molha que se farta, como ele já comprovou por variadíssimas
vezes? Como não aproveitar para sair por cima?
A sua fuga -
porque de fuga esbaforida se tratou, na verdade - foi a decorrência
natural da inteligência que ninguém lhe nega. E a moção de Passos, a
lamparina que lhe iluminou o caminho, livrando-o da negrura em que se
via estar a ser mergulhado. Favores destes nunca se pagam, por mais que
se paguem...
2. Contrariamente a José António Saraiva,
considero Marcelo um político. Só que um político que é bom que se evite
se se quer ter sossego no corpo e não viver em permanente inquietude de
catavento na alma.
O grande problema da criatura - talvez o único grande problema, para si próprio - é o descomunal ego que o atabafa.
Como dizia o outro, na França de outros tempos e de outras riquezas, não só materiais...:
- Après moi, le déluge!
Só que, com Marcelo nunca virá o dilúvio, porque depois dele muitos
outros virão que o farão esquecer, na primeira esquina da vida. Porque
ele nada de útil vai legar aos vindouros. Passou ao lado do que poderia
ter sido um marco indelével na vida portuguesa. Na política, entenda-se.
2013Jan28
rvs
A praxe foi sempre distintivo elitista, num país de analfabetos.
O
acesso ao ensino universitário constituía-se em demonstração de poderio
económico e social, a necessitar de cerimónias de tolo rito próprio, de
subjugação ao poder, de forma pouco consentânea com o confessado desiderato.
Com
o acesso generalizado aos estudos superiores, deixou de ter sentido,
para o efeito que lhe deu origem, para mais sendo algo de tão patético,
porque primário em gente supostamente de estrato social superior, razão
por que passou a preencher novos requisitos, estes mais “terrenos” e,
por conseguinte, menos “poéticos” e muito menos civilizados.
A
entrada da “arraia miúda” nestes jogos de elites apenas podia fazê-los
degenerar naquilo que hoje efectivamente são, ou seja, deploráveis
demonstrações de poder que raia a selvajaria sem outro objectivo que não
o domínio pelo terror.
Como
se tal não bastasse, frequentemente a praxe mune-se das “armas e
práticas” que se fundam na lógica das fraternidades odientas, acoitadas
em associações secretas.
O
espírito que a enformou “ab initio” não era respeitável. Seria, ainda
assim, uma não respeitabilidade tolerável, digamos. Tudo, no entanto, se
foi agravando, até chegar ao que hoje se pode constatar, em que a
“praxe” ou “praxis” ou “prática” redundou em algo que cabe por direito
próprio nas previsões e cominações de qualquer Código Penal, mesmo que
muito permissivo
Tal
como as práticas conhecidas das associações secretas, nada traz de bom
às sociedades em que se instalam, pelo que só existe uma receita para
acabar de vez com o mal. Dar-lhe fim, definitivo, sem contemplações.
2013Jan27
rvs
Desde
que teve início o programa de resgate a que estamos submetidos, rara é a
semana em que não é noticiado mais um escândalo, pela descoberta de um
esquema de vigarice, de aldrabice, de abuso descarado de dinheiros
públicos – ou privados, mas com efeitos sobre entidades públicas.
A
sucessão ininterrupta de tais notícias torna impossível que não se
pense – com toda a razoabilidade – que Portugal tem vivido, de há muitos
anos para cá, num clima de podridão inimaginável para gente com um
mínimo de sentido de honra.
A
verdade que nos vai sendo revelada é, pois, que constituímos uma
sociedade extremamente doente, a necessitar de, com muita urgência,
mudar de padrão.
As
notícias de fraudes, furtos e outras miseráveis actuações de milhares
de cidadãos e de actividades ilícitas é infindável e abarca sectores
mais diversificados do que qualquer imaginação mais fértil e delirante
poderia sequer intuir.
Administração
central, administração regional e local, empresas públicas, entidades
bancárias, hospitais, farmácias, universi
dades, fundações, associações
desportivas constituem todo um imenso território onde bandalhos de toda a
espécie vinham a actuar impunemente, por vezes há dezenas de anos.
Portugal é, sem qualquer dúvida, um país de esquemas
Há
que proclamá-lo e escrevê-lo em letra de forma, para que fique
registado e não se vá com o vento, para que todos nos capacitemos de que
é mesmo imprescindível que urgentemente mudemos de vida, sob pena de
não termos viabilidade como sociedade civilizada e civicamente
responsável, respeitável e respeitada pelos povos dos países a que
estamos associados.
Para
tal, contudo, torna-se necessário que comecem a ser conhecidos os
resultados da actuação correctiva que não pode deixar de haver.
Ora,
não obstante o conhecimento de actuações criminosas que, desde há mais
de dois anos, tem sido trazido a público, por situações altamente
lesivas do erário público – algumas das quais nem sequer eram
suspeitadas anteriormente ao início do resgate – a realidade é que não
tem sido dada conta dos resultados de perseguição judicial a que tais
actuações devem dar causa.
E, pelo menos a bem da dignidade da nação que somos, tal conhecimento não pode ser mais adiado.
Efectivamente,
queremos saber – e temos esse direito, de que não devemos abdicar –
onde estão e submetidos a que medidas coercivas se encontram os autores,
materiais e morais, dessa actividade criminosa que tanto mancha a nossa
honra colectiva e materialmente causa enormes prejuízos à sociedade
portuguesa no seu âmbito geral.
2013Jan22
rvs
Sabe por onde anda a celerada e celebrada espiral recessiva?
Estou
certo de que ainda se recorda da imensa barulheira que no ano passado
assolou o País por causa da célebre espiral recessiva em que o Governo
estava a fazer cair Portugal.
Tratava-se de uma espiral recessiva de proporções bíblicas, portanto jamais vista. Uma desgraceira, enfim!
Nem
se sabe bem, de onde surgiu a atoarda, mas o que é certo é que chegou
mesmo a Belém, onde se chegou ao despropósito de a referir em termos
catastrofistas (nota - curiosamente, não há um sequer jornalista com
“balls” suficientes para agora perguntar por onde anda ela…).
Em
consonância, todo o arraial “esquerdóide” ou “sinistróide”, melhor
dito, “patetóide”, com “zés pereiras e fungágas” desatou a zurzir o
Governo e toda a gente (pouca, enfim!) que aduzia razões serenas que
desmentiam tal cenário apocalíptico.
Neste
arraial de tolice vária tomaram lugar de destaque os putos mal assoados
da ala “vilarista” do partido do Rato, precisamente a que nos atirou
para o buraco lamacento e fétido de que agora tentamos – e vamos
conseguir! – sair, “a contrario” gosto de tais gentes.
Com
gritaria desalmada e argumentos de menoridade intelectual,
esparramaram-se por comissões parlamentares e, com maior estridência -
pudera!, havia que aproveitar a visibilidade e retumbância… - no próprio
hemiciclo do ex-Convento dos frades beneditinos.
Atrás
deste arraial de vozearia, impropérios e completa ausência de adesão à
verdade e seriedade de propósitos, logo se aprestaram a enfileirar os
“comentadeiros” habituais e “jongleurs” dominicais da nossa praça – de
que pouco há que esperar, razão por que não causam surpresa alguma nem
sequer mal-estar que incomode – acantonados e, mais do que isso,
assolapados nos diversos órgãos de Comunicação “Associal” do burgo.
Curiosa
e inesperadamente, porém, na cabeça deste préstito de “dead alive”,
quem vimos berrando ainda mais e mais venenosamente? Pois, nem mais nem
menos do que o corrupio das cassandras, invejosas umas e invejosas e
ressabiadas outras, do próprio partido maior da coligação. E, pelo menos
uma dessas cassandras, ao serviço – imagine-se! – de um dos
despoletadores da espiralada e mal intencionada taradice.
Foi,
como todos bem recordamos – que não comemos queijo em demasia - um
festival de horrores berrados aquele a que todo o País assistiu meses a
fio e com o qual se pretendeu aterrorizar os cidadãos e, por mor disso,
causar irremediável dano nas esperanças eleitorais da maioria. O bem dos
cidadãos pouco lhes importou; o que realmente lhes convinha era a
completa desestabilização política, com reflexos deletérios no futuro da
coligação e anseios dos seus infelizes concidadãos.
Acontece
que – como é costume acontecer aos canhestros – nada do que
“cassandraram” lhes saiu de feição. Dir-se-ia mesmo que tudo se virou
contra a malvadez.
De
tal modo que, tendo o Governo previsto que, em 2013, a economia iria
cair 2,3%, o que foi considerado uma quase blasfémia, o que sucedeu foi
que, no 1º trimestre, o PIB subiu 1,1% e o desemprego caiu de 17,7% para
16,4%, e, no semestre seguinte, o mesmo PIB voltou a subir, agora 0,2% e
o mesmo desemprego desceu para 15,3%.
Com isto, o céu começou a desanuviar-se para os Portugueses, em geral, e, consequentemente, toldando-se mais para a cambada.
Imagine-se
que no partido que se vai opondo como pode – que a vida é dura – até já
há quem queira dar uns açoites no maioral lá do sítio, se este não
vencer folgadamente a eleições europeias, hipótese que se vai revelando
cada vez mais difícil, tendo em conta os resultados que as diversas
sondagens vão revelando. Mesmo – imagine-se!!! – as da empresa de Rui
Oliveira e Costa, sempre tão desfavoráveis, ainda que à boca das urnas, à
coligação e favoráveis ao seu (dele, pois) partido.
E chegados aqui, termina-se como se começou:
– Sabe por onde anda a celerada e celebrada espiral recessiva?
É
que seria bom encontrá-la, para a chapar nas ventas de uns quantos!
Safam-se, porque ninguém vai conseguir descortiná-la no meio do nevoeiro
em que se estão tornando as esperanças da tão impaciente e canhestra
cambada! Pois.
2913Jan21
Se é sertaginense...
Se tem ou teve lá família...
Se não é nem lá tem ou teve família, mas gosta deles...
Se não gosta deles muito ou pouco ou mesmo nada...
Se, não obstante não ser,
nem lá ter ou ter tido família,
nem gostar mesmo nada daquela malta...
mas, com a raiva que lhes tem,
quiser conhecê-los melhor,
para com mais propriedade lhes dar no toutiço...
Encomende
à Câmara Municipal da Sertã, através da sua Biblioteca, o livro
HISTÓRIA DA SERTÃ, calhamaço de mais de 650 páginas, numa excelente
encadernação, da lavra do feliz autor Rui Pedro Lopes, ao preço -
imagine! - da uva mijona (com licença de Vossa Senhoria...)
Garanto-lhe que, além da da Sertã, vai ficar a saber muito mais da História de Portugal.
E,
finda a leitura, quedará pesaroso por não ser sertaginense, nem lá ter
ou ter tido família e, como todos eles, vaidosos dum raio, poder dizer
todo ufano:
- SARTAGO STERNIT SARTAGINE HOSTES
que é como quem diz:
- A SERTÃ FRITA OS SEUS INIMIGOS
Fique igualmente a saber a razão deste leit motiv e quem foi a bela, vigorosa e destemida Celinda.
Não é preciso que agradeça. Foi um prazer fazer-lhe esta sugestão.