Retomo o tema do incrível – pela grandeza e pela rapidez – desenvolvimento chinês, surgido após a morte de Mao Dze Dong e cujo principal impulsionador foi, sem dúvida, Den Xiao Peng, com a transcrição de uma profecia de Napoleão Bonaparte, proferida em 1816 e transcrita igualmente no livro a que venho a reportar-me (Il Secolo Cinese, de Federico Rampini):
“Quando a China acordar, o mundo estremecerá”
...
Esta profecia está a realizar-se, no ponto de vista económico, sem convulsões sociais, sem mesmo o recurso a poderios militares, a que certamente o imperador francês se referia.
Continuemos a ver o que, com a lucidez que dá o conhecimento de causa, Rampini escreve:
(…)
A OCDE (…) revela uma ultrapassagem notória: os Estados Unidos já não constituem o principal destino dos investimentos do resto do Mundo, tendo sido destronados precisamente pela China como mera preferida das multinacionais. As estatísticas da OCDE incluem a criação de novas fábricas, o aumento da capacidade de rendimento de instalações já existentes e o investimento em empresas locais através de fusões e aquisições.
2003 foi o ano dum terramoto silencioso nas hierarquias mundiais; a China alcançou o primeiro lugar absoluto, atraindo 53 mil milhões de dólares em investimentos estrangeiros contra os 40 mil milhões destinados aos Estados Unidos (…).
Em 2004 a tendência continuou a ser reforçada, e o economista da OCDE Hans Christiansen salienta a novidade do ponto de vista qualitativo: a vaga de investimentos na China já não é orientada pelo objectivo de produzir a baixo custo para depois reexportar para a América ou para a Europa; hoje em dia, a prioridade é entrar na China para desfrutar das potencialidades do consumo local.
(um curto parênteses para enfatizar: “…para desfrutar das potencialidades do consumo local", ou seja, já não interessa tanto a barata mão de obra chinesa mas, agora, sim, mais, o poder aquisitivo dos chineses. O grau qualitativo é, na verdade, estupefactante. Menos, evidentemente, para quem tenha tido a oportunidade de apreciar in loco e in loco se surpreender)
Continuemos:
(…)
Contra os 60 mil milhões de dólares de investimentos estrangeiros na China, A Índia assistiu à entrada de apenas 4, a Rússia, de 1. (nota: aqui começam a desfazer-se ideias feitas quanto à continuação da atracção pela mão de obra barata, como único factor da tão abjurada globalização…). A irresistível atracção pela China não é indolor. Num ano, os investimentos estrangeiros na Europa sofreram um decréscimo de 23%: a perda de interesse das empresas pelo Velho Continente traduz-se numa perda de capitais e de postos de trabalho.
(novo parênteses para uma pequena alusão a este assunto, a qual me parece vir mesmo a propósito:
Continuemos a ver o que, com a lucidez que dá o conhecimento de causa, Rampini escreve:
(…)
A OCDE (…) revela uma ultrapassagem notória: os Estados Unidos já não constituem o principal destino dos investimentos do resto do Mundo, tendo sido destronados precisamente pela China como mera preferida das multinacionais. As estatísticas da OCDE incluem a criação de novas fábricas, o aumento da capacidade de rendimento de instalações já existentes e o investimento em empresas locais através de fusões e aquisições.
2003 foi o ano dum terramoto silencioso nas hierarquias mundiais; a China alcançou o primeiro lugar absoluto, atraindo 53 mil milhões de dólares em investimentos estrangeiros contra os 40 mil milhões destinados aos Estados Unidos (…).
Em 2004 a tendência continuou a ser reforçada, e o economista da OCDE Hans Christiansen salienta a novidade do ponto de vista qualitativo: a vaga de investimentos na China já não é orientada pelo objectivo de produzir a baixo custo para depois reexportar para a América ou para a Europa; hoje em dia, a prioridade é entrar na China para desfrutar das potencialidades do consumo local.
(um curto parênteses para enfatizar: “…para desfrutar das potencialidades do consumo local", ou seja, já não interessa tanto a barata mão de obra chinesa mas, agora, sim, mais, o poder aquisitivo dos chineses. O grau qualitativo é, na verdade, estupefactante. Menos, evidentemente, para quem tenha tido a oportunidade de apreciar in loco e in loco se surpreender)
Continuemos:
(…)
Contra os 60 mil milhões de dólares de investimentos estrangeiros na China, A Índia assistiu à entrada de apenas 4, a Rússia, de 1. (nota: aqui começam a desfazer-se ideias feitas quanto à continuação da atracção pela mão de obra barata, como único factor da tão abjurada globalização…). A irresistível atracção pela China não é indolor. Num ano, os investimentos estrangeiros na Europa sofreram um decréscimo de 23%: a perda de interesse das empresas pelo Velho Continente traduz-se numa perda de capitais e de postos de trabalho.
(novo parênteses para uma pequena alusão a este assunto, a qual me parece vir mesmo a propósito:
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É contra este gigante económico e monstro demográfico e respectivas consequências que a velha Europa - que já se debatia com tremendos problemas numa rivalidade que nunca conseguiu que existisse com os USA, e com as sempre presentes ameaças japonesa, sul-coreana e de Singapura – quer bater-se de igual para igual, sem recursos energéticos, com mão de obra soi-disant qualificada e extremamente dispendiosa, numa Comunidade (UE) em que todos se guerreiam e querem para si os louros e o poderio, sem que, não obstante o passar dos anos, consigam chegar a um acordo minimamente consequente, com as partes livres de redutores preconceitos, agindo de boa fé?
...
E que dizer de outros parceiros, como nós, que, pura e simplesmente pouco ou nada damos para o bolo geral, nos recusamos a admitir a necessidade de reivindicar menos e trabalhar muito mais, para que, então, se justifiquem as reivindicações, de, enfim, deixar de viver à custa das migalhas alheias?
...
Sim, é nestas condições que nós, europeus, que nem sequer nos atrevemos a tomar em nossas mãos a defesa do nosso modo de vida, pretendemos cometer o atrevimento de arvorar a veleidade de pensar que fazemos frente a alguém?)
Mas prossigamos:
(…)
A ascensão da China suscita apreensões, mas exerce também um poderoso fascínio, bem visível nos Estados Unidos. (…) “Se há um país no mundo destinado a suplantar o papel dos Estados Unidos na economia global, este país é a China”, escreveu Ted Fishman.
Relativamente ao valor do PIB, a China já ultrapassou a Inglaterra e a Itália na lista das nações industrializadas (facto que torna agora inexplicável a sua exclusão do G7), atingiu a França e prepara-se para alcançar a Alemanha. Todavia, a medição do PIB monetário é enganadora: na China, a moeda encontra-se subvalorizada e o custo de vida constitui uma fracção do nosso na verdade, o poder de aquisição de um euro em Pequim é muito mais elevado do que em Milão. Por conseguinte, os economistas calculam um outro PIB – ajustado de acordo com a paridade dos poderes de compra – e esta avaliação eleva a China ao segundo lugar mundial, atrás dos Estados Unidos.
(…)
O consumidor é o primeiro a saber o que significa “made in China”. Significa um leitor de DVD nos armazéns de Wal-Mart, por 99 dólares (nota: significa também um computador portátil de ultíssima geração – que em Portugal custa 1.300 a 1.500€, fica lá por menos de 500€). Não existe motor mais potente para a contenção da inflação e a defesa do poder de compra.
Mas prossigamos:
(…)
A ascensão da China suscita apreensões, mas exerce também um poderoso fascínio, bem visível nos Estados Unidos. (…) “Se há um país no mundo destinado a suplantar o papel dos Estados Unidos na economia global, este país é a China”, escreveu Ted Fishman.
Relativamente ao valor do PIB, a China já ultrapassou a Inglaterra e a Itália na lista das nações industrializadas (facto que torna agora inexplicável a sua exclusão do G7), atingiu a França e prepara-se para alcançar a Alemanha. Todavia, a medição do PIB monetário é enganadora: na China, a moeda encontra-se subvalorizada e o custo de vida constitui uma fracção do nosso na verdade, o poder de aquisição de um euro em Pequim é muito mais elevado do que em Milão. Por conseguinte, os economistas calculam um outro PIB – ajustado de acordo com a paridade dos poderes de compra – e esta avaliação eleva a China ao segundo lugar mundial, atrás dos Estados Unidos.
(…)
O consumidor é o primeiro a saber o que significa “made in China”. Significa um leitor de DVD nos armazéns de Wal-Mart, por 99 dólares (nota: significa também um computador portátil de ultíssima geração – que em Portugal custa 1.300 a 1.500€, fica lá por menos de 500€). Não existe motor mais potente para a contenção da inflação e a defesa do poder de compra.
(...)
I’ll be back.
...
I’ll be back.
...
6 comentários:
I can't understand your language,A Portuguese or Spaniard?Um...Whatever,welcome~~
A Chinese visitor.
Hi, Polaris Lee!
I'm a Portuguese man, who has visited your country (Beijing, Xi'ian, Shanghai, Guilin and other places) last November and was very impressed by China and chinese people.
In 1999, I've already visited Macao, Hong Kong and Zouhai. In 2005, Tibet.
I'm a chinese culture fan , in spite of my little kowledge about it.
Well, it's true, I write in Portuguese. Yet, if you want to understand something about, you may use the Google fast/quick translation
Come often to my blog. You'll be welcome.
If you wish email me, use the ruvasa@netcabo.pt or ruvasa@gmail.com, right?
Best regards
Ruben
Pois é...um dia eles ainda vão derrubar outros impérios...como os EUA...Eheheheh...mas como não há Bela sem senão, como dizes:
«Há uma coisa em todo o processo que não me deixa muito descansado: são muito afáveis, extremamente trabalhadores e prestativos, mas a vida humana não tem para eles o valor que tem para alguns de nós»
...Beijinho
Viva MJoão!
Como tu própria afirmas, concordando com o que escrevi:
Não há Bela sem Senão!
(Isto mesmo sem contar com o facto de as chinesas... caramba!... não desfazendo... coisa e tal)
Beijinho grande
Ruben
Ainda me lembro de quando comecaram a aprecer os primeiros carros japoneses, todos tinham duvida da sua qualidade, o mesmo vai passar com a China brevemente, quando os productos chineses poderam competir nao so em preco como em qualidade.
Aqueles que conseguirem inovar poderam seguir em frente, os outros infelizmente ficaram pelo caminho! A globalizacao tras destas coisas e o capital nao tem nacionalidade.
Um abraco fornense.
Viva, Albino!
É verdade, isso que diz.
Confesso que ainda ando estupefacto com o que vi.
Não há hipótese. Os tipos vão dominar o planeta. Com as qualidades de trabalho que têm, com a paciência tremenda, com a capacidade de inovar, com o saber esperar a sua vez, pacientemente, estão "condenados" a tomar conta disto tudo.
Pode demorar mais ou menos tempo, mas vai ser fatal como o destino.
Pelo que vi - e garanto que vi muito e o livro de que tenho vindo a transcrever extractos tem vindo a corroborar - 20 a 25 anos bastarão para que se torne na 1ª potência económica do Mundo.
Repare: para um país que saíu da Idade Média económica depois de 1976, é obra! Trinta anos apenas, é obra mesmo!!!
A todos vocês que vivem por aí, USA, New Jersey, não é verdade, aconselho que dêem um salto até Pequim e Shanghai. Vale a pena o esforço e será uma viagem para ficar para a História.
O tempo está a ficar curto. Em 2008, por ocasião das Olimpíadas, ninguém reconhecerá Pequim.
Abraço grande, Amigo fornense.
Ruben
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