Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 9 de maio de 2011

2794. Como apanhar um mentiroso em flagrante

Como apanhar um mentiroso em flagrante

A frequência de um piscar de olhos normal e descontraído é de seis a oito piscadelas por minuto, sendo os olhos fechados durante um período de cerca de 1/10 de segundo. Pessoas sob pressão, por exemplo quando estão a mentir, apresentam uma grande probabilidade de aumentarem sensivelmente a sua frequência de piscadelas de olhos

E sabe o porquê do aumento das piscadelas? Trata-se de uma reacção instintiva e inconsciente, na tentativa de evitar que alguém descubra, através dos olhos, a mentira que se está a dizer. Porque os olhos não mentem. Por muito que se queira, os olhos são verdadeiros. Dou-lhe um exemplo concreto. Se V. reparar nos olhos do seu interlocutor que está na sua frente a olhar para si que a íris se contrai, pode ter a certeza de que isso significa que você está a desagradar-lhe; se, pelo contrário, a íris de alargar, pode ficar descansado porque o efeito que causa nele é bom. E será tanto melhor quanto maior for o alargamento da íris.

O texto que acima deixo no primeiro parágrafo é uma pequena transcrição do capítulo 8, “Sinais dos olhos”, da tradução portuguesa do livro de Allan e Barbara Pease intitulado “Linguagem Corporal”, editado pela Bizâncio e que aconselho vivamente a que compre e tenha sempre à mão, porque lhe vai ser muito útil pela vida fora, na avaliação do que lhe está a ser transmitido pelo seu interlocutor ou da reacção que nele causa o que V. lhe diz. Eu já não dispenso a sua consulta, porque os ensinamentos ali colhidos me fizeram ver e compreender coisas que para mim sempre tinham sido um mistério.

Claro que a série televisiva “Lie to me” também ajuda um pouco a perceber a coisa. No entanto, como as situações são rápidas, não é possível apreender bem a coisa. O livro, porém, é precioso para profissional de relações humanas ou mesmo para simples curiosos.

Devo, porém, prevenir de algo que pode bem constituir um inconveniente. É que pode tornar-se uma obsessão e V. já não conseguir falar com alguém descontraidamente, sem tentar analisá-lo para saber se mente ou diz a verdade, se está confortável consigo ou intimidado, se V. lhe é agradável ou desagradável. É que é injusto para as pessoas das nossas relações e uma tirania para nós próprios. Se as nossas relações do dia-a-dia não passarem em crivo que pode ser muitíssimo apertado, conviver saudavelmente em sociedade pode facilmente tornar-se singularmente difícil.

Todos nós, uns mais do que outros, temos necessidade de mentir. Já nem falo das mentiras, mentiras, mas das mentiras sociais, até das mentiras piedosas, porque, admitamos ou não, elas ajudam-nos a conviver. Posto isto, imagine-se agora metido no papel de avaliador das reacções alheias, a analisar um amigo ou um familiar em conversa consigo e descobre que ele lhe mente, com frequência maior ou menor. Acha sinceramente que as suas relações não sofrerão fortíssimo abalo? Que podem chegar mesmo a um rompimento irreversível? E experimente imaginar a multiplicação desse fenómeno por todos os seus familiares ou todos os seus amigos. Está a ver, não?

* * *

Bem, mas não vim aqui escrever isto por causa dos seus familiares ou dos seus amigos, mas sim de José Sócrates, o conhecido vilarista.

Se não reparou em toda a sua postura durante o debate de há pouco com Paulo Portas, foi pena. Mas se não atentou em pormenor na sua postura durante a declaração final, então perdeu uma excelente ocasião de provar, com factos palpáveis, que a criatura estava a mentir com quantos dentes tem na boca.

Deixe-me que repita aqui um dos par+agrafos com que iniciei esta prosa:

“Pessoas sob pressão, por exemplo quando estão a mentir, apresentam uma grande probabilidade de aumentarem sensivelmente a sua frequência de piscadelas de olhos”

Ora muito bem. Quando mentem aumentam sensivelmente a frequência das piscadelas de olho, não é? E qual é o número de piscadelas em condições normais? Seis a oito por minuto, não é?

Pois José Sócrates, o tal vilarista, piscou muito mais do que isso sempre que intervinha no debate. E, durante a intervenção final, as piscadelas não andaram nunca abaixo de – ora sente-se para não cair de costas! – quatro piscadelas a cada 10 segundos, o que dá a média de 40 piscadelas por minuto!

Isto, para ficarmos apenas pelas piscadelas. Porque há outras formas, descritas no livro, de apanharmos um mentiroso compulsivo em plena actividade. E, pelo que tenho podido constatar, ele preenche todos os requisitos, por abundância.

Experimente estar atento ao próximo debate e faça o exercício. Garanto-lhe que vai ficar fascinado.

Em resumo: a melhor forma de o destronarmos de forma permanente e por números concludentes é dar aos portugueses em geral um curso de linguagem corporal.

Estavas lixado, ó vilarista!

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sábado, 7 de maio de 2011

2793. Aldeia Global Portuguesa (13) - O mistério "Colombo”

A Lousiana entrou na posse da Espanha por direito de descoberta no ano 1492. Mais tarde foi conquistada pela França e posteriormente vendida aos Estados Unidos, em 1803.

Foi Cristóvão Colombo que, ao serviço dos Reis Católicos, Isabel e Fernando de Espanha, lá chegou primeiro.

Colombo casou em 1479 com Filipa Moniz, residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago desde a morte do pai, o também navegador Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante D. Henrique. Este Perestrelo, sim, era presumivelmente de ascendência italiana, de Placência, e um dos povoadores e primeiro capitão do donatário da ilha de Porto Santo.

Cristóvão Colombo consta oficialmente ter nascido em 1451, em Génova. A cidade, que se situa na região italiana da Ligúria, golfo de Génova, Mar da Ligúria, no Mediterrâneo, era, á data, uma república governada por mercadores e banqueiros.

Ao navegador foi concedido o privilégio de procurar uma nova rota para a Índia pela rainha Isabel, a Católica, de Espanha.

Até aqui, a história oficializada.

Existem, porém, inúmeros historiadores e investigadores que, baseados em documentação variada, concluíram que Cristóvão Colombo, nasceu em Cuba (Portugal) e não em Génova (Itália).

Christovam Colon foi o nome que Salvador Gonçalves Zarco, escolheu para, escondendo a sua verdadeira identidade, persuadir os Reis Católicos a financiarem-lhe a viagem às Índias, pela rota do Ocidente.

O pseudónimo não aparece por acaso, porque Cristóvão está associado a São Cristóvão, protector dos viajantes. Existe mesmo uma ilha baptizada de São Cristóvão.

Por outro lado, Cristóvão deriva de Cristo, que significa que propaga a fé. Acresce que Cristo está associado a Salvador (1º nome verdadeiro do navegador).

Colon, porque é abreviatura de colono e derivado do símbolo das suas assinaturas "." (duas aspas, com dois pontos no meio).

Salvador Gonçalves Zarco, está comprovado sem dúvidas, nasceu em Cuba (Baixo Alentejo, Portugal), sendo filho ilegítimo do Duque de Beja e de Isabel Gonçalves Zarco.

À época, era prática os navegadores darem às primeiras terras descobertas nomes religiosos. Além disso, no caso de Salvador Gonçalves Zarco o nome escolhido para o território a que aportou foi mesmo São Salvador (Bahamas). A seguir baptizou Cuba usando o nome da sua terra natal e finalmente Hispaniola (Haiti e S. Domingos, hoje República Dominicana) porque estava ao serviço da Coroa Espanhola.

A "paixão" pelos mares, estava no sangue da família Zarco, nomeadamente em João Gonçalves Zarco, descobridor de Porto Santo (1418) com Tristão Vaz Teixeira e da Ilha da Madeira (1419), com o sogro de "Christovam Colon", Bartolomeu Perestrelo.

Por fim, existem ilhas nas Caraíbas, com referência a Cuba. Além da própria Cuba, São Vicente. Na época existia a Capela de São Vicente, da então aldeia de Cuba, Alentejo, Portugal. Posteriormente, já no século XVI, foi edificada a actual Igreja Matriz de São Vicente.

São coincidências (pseudónimo, nome das ilhas, família nobre e ligada ao mar, habitou e casamento em Porto Santo, ilha que fica na Rota das Índias pelo Ocidente), mais do que suficientes, para estarmos em presença de Salvador Gonçalves Zarco e consequentemente do português Cristóvão Colombo, à época chamado de Christovam Colon.

Morreu em Valladolid (Espanha) em 1506, tendo os seus ossos sido trasladados para Sevilha, em 1509. Contudo, em 1544, foram para a Catedral de São Domingos, então colónia espanhola, satisfazendo a pretensão testamentária sua.

A odisseia das ossadas não ficaria por aqui, porque em 1795, os espanhóis tiveram de deixar São Domingos, tendo os ossos sido transferidos para Cuba (Havana), para em 1898, depois da independência daquela ilha, serem depositados na Catedral de Sevilha.

Em 1877, porém, ao reconstruírem a Catedral de São Domingos, os dominicanos, encontraram um pequeno túmulo, com ossos e intitulado “Almirante Christovam Colon".

Existem na Ilha da Madeira e nos Açores, pessoas da família Zarco, descendentes directos de João Gonçalves Zarco e, consequentemente da mãe (Isabel Gonçalves Zarco) de Christovam Colon, dispostos a oferecerem uma amostra do próprio cabelo aos cientistas, para análise do respectivo DNA, a fim de que possa ser comparado com o encontrado nas ossadas do navegador.

(Dados colhidos de várias fontes, entre as quais a Wikipedia e principalmente uma carta de Barack Hussein Obama II, de 1995, dirigida a um banco norte-americano, na tentativa, finalmente com êxito, de que cliente do seu escritório de advocacia, obtivesse empréstimo que lhe permitisse reconstruir a casa, destruída por um temporal e perante a exigência do banco de que fizesse prova, desde tempos imemoriais, da propriedade do terreno, situado no Estado da Lousiana, USA).

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

2792. Então, quem falava verdade?

Quem tenha estado com um mínimo de atenção ao que se tem vindo a passar, decerto já notou um facto singular.

Pedro Passos Coelho tem vindo a diagnosticar várias incongruências (isto para ser moderado) na governação de Portugal e afirmar uma série de propostas que têm de ser levadas à prática, para que o País possa sair da situação desesperada em que se encontra.

E mais:

Tem-no feito de forma desassombrada, mas sem alarmismos e gritarias. Em tom sereno e muito paciente - mesmo quando nas entrevistas é interrompido, de modo a não lhe ser permitido dar resposta ao que se lhe pergunta... O que é bem sintomático.

E aquilo a que temos assistido é a um coro orquestrado pelo Primeiro Mentiroso do País que dá o tom que, depois, os amestrados seguidores, seguem religiosamente e chegam mesmo a aumentar de forma desmesurada. Chamam-lhe tudo e tentam ridicularizar as suas afirmações.

Curiosamente, desde ontem que se verifica uma certa inflexão. Começou mansamente mas hoje, depois da conferência de imprensa da troika está a acentuar-se.

Claro que ninguém reconhece explicitamente que Passos Coelho tinha razão, mas o que é certo é que quase tudo o que ele disse saiu acertado, como veio agora a constatar-se, pelo que foi dito na conferência da troika.

Desde logo porque foi afirmado, sem margem para dúvidas, que há no acordo várias medidas que foram suavizadas por influência do PSD. O que prova que Eduardo Catroga não mentiu quando, logo a seguir à onírica declaração do vilarista, veio dizer isso mesmo e que o governo sofrera uma derrota muito grande na discussão do acordo.

E as restantes declarações dos mesmos representantes da troika provaram claramente que o governo sofreu grave derrota. Quase tudo o que vilarista e amigos diziam foi desmentido e muitas coisas que Passos Coelho afirmava foram por eles confirmadas.

Basta pensar - e são apenas 2 exemplos de tantos que podiam ser aqui apontados, mas exemplos extraordinariamente significativos pela influência que terão no desenrolar da governação após 5 de Junho - que Passos Coelho assegurava que

* o acordo não esgotava todas as possibilidades e iria permitir ajustamentos.
- quase toda a gente se riu da afirmação de PC
- agora, a troika confirmou;

* A CGD terá que ser privatizada, em parte
- quase toda a gente veio clamar por sacrilégio
- agora, a troika confirmou

E se a conferência de imprensa desmentiu formal e frontalmente todas as afirmações anteriores do Primeiro Mentiroso, isso é efectivamente uma derrota do governo e, ao mesmo tempo, o reconhecimento do que o que Pedro passos Coelho afirmou e afirma está correcto.

Os comentadores habituais estão a mudar de rumo a uma velocidade muito significativa. Preste, pois, muita atenção.

E falo apenas do conteúdo, esquecendo a forma. É que o vilarista e Pedro Passos Coelho são diametralmente opostos. Enquanto aquele fala com embustes, teatralidade e arrogância assombrosos, Passos Coelho fala serenidade, comedimento e seriedade notáveis.

Ruben Valle Santos
5 Maio 2011
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quarta-feira, 4 de maio de 2011

2791. Mas que grande...

Depois daquela extraordinária declaração de ontem,
durante a qual esteve acompanhado por TS

- que estava com uma cara, o infeliz!... -
só posso dizer o seguinte:

click, para ampliar
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terça-feira, 3 de maio de 2011

2790. Tortuosidades

... e TS está com uma cara, o infeliz!


Tortuosidades

Deu-se ao trabalho de ouvir a declaração do Amado Líder acerca das negociações com a troika?

E, se se deu a esse trabalho, notou, como foi realçado pelos partidos da Oposição, que a criatura se limitou a dizer o que NÃO ESTAVA no acordo, esquecendo-se de dizer o que ESTAVA que é o que interessa saber?

Isto referiram os partidos da Oposição.

Agora, se me é permitido, digo eu:

Pois, mas tendo dito o que NÃO ESTAVA no acordo (e sabe-se lá se não estará, pois que afirmações dele não merecem crédito...) fê-lo de forma capciosa, de logro, de embuste. Como sempre, aliás.

É que, ao dizer o que NÃO ESTÁ no acordo, não faz uma declaração oficial, declaração de um governante.

Está, isso sim, como qualquer passante apenas a DESMENTIR a Comunicação Social. Porque o que ele disse que não estava foi apenas e somente o que a Comunicação Social vinha a noticiar que PODERIA ESTAR.

Chegámos, pois, ao ponto de o chefe do governo mais não ser do que um desmentidor de notícias dos jornais, rádios e TVs. Ridículo! E, mais do que ridículo, indignificante!

MAS... com ele não chega, porque tem mesmo de ir sempre mais longe!

Repare:

Mesmo isso que a Comunicação Social noticiava que poderia vir no acordo foi-lhe feito chegar pelos spin doctors do homem, pela propaganda do homem, ao longo dos dias.

E para quê?

Para que ele hoje estivesse em condições de aparecer como o grande triunfador, o salvador da pátria e dos mais desvalidos. Porque, afinal, lutara estrenuamente por que aquelas malfeitorias anunciadas (cortes nos subsídios de férias e de Natal) não tivessem vingado.

A este ponto chega a rebuscada e tortuosa mente!...

Quer a prova provada de que tudo não passou do engodo criado por ele e seus malfeitores de que é mesmo como digo?

Pois bem. Então, aí vai:

A que propósito é que durante meses e meses a fio se falou na necessidade de um empréstimo de 80 mil milhões de euros e, dias atrás, já com a troika por cá, subitamente e sem qualquer a propósito, começou a circular por todos os órgãos de CS a "notícia" de que o empréstimo teria de ser não dos tais 80 mil milhões, mas de 100 mil milhões de euros? Como é que, numa questão de poucos dias, havia um acréscimo de 20 mil milhões de euros?

E em que fonte teria a Com. Social obtido tal "cacha", se nem sequer conseguia saber onde se reuniam os homens da troika?

E hoje mesmo fez-se circular que nem os 100 mil milhões chegariam, porque, na realidade, teria que se ir até aos 105 mil milhões.

O que é que acha? Qual teria sido a fonte? É evidente que tais "notícias" fora,m chutadas para os jornalistas pelos homens da propaganda vilarista.

Para quê?! Para ele agora vir dizer que era APENAS de 78 mil milhões!

Deste modo, "saiu" como o Grande e Amado Líder que nos safou de termos de alancar com mais 25 mil milhões de euros.

Que grande herói é o nosso Incomparável Líder de uma cana!!!

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

2789. Uma pequena e elucidativa história


Uma pequena e elucidativa história


Afonso VI, que chegou a ser rei de Portugal, não foi preparado para essa difícil incumbência, uma vez que era apenas o terceiro na sucessão. Mas aconteceu que houve mesmo de entronizá-lo.

Ainda criança sofreu de febre maligna que lhe afectou o corpo, deixando-o fisicamente incapaz. Uma outra doença do sistema nervoso incapacitou-o ainda de forma mais notória.

Após a morte do pai, João IV, o reino passou a ser regido pela mãe, Luísa de Gusmão.

Em 1663, com vinte anos de idade, assumiu o reino.

A decadência do País era inevitável, já que o rei era fraco, incapaz e tudo sacrificava aos seus desígnios pessoais e de amigos de lamentável estroina.


Constatada a sua incapacidade e por imposição do Senado, acabou por ser obrigado a abdicar do trono em 1667, cedendo-o ao irmão, Pedro, tendo sido banido da Corte.


Faleceu aos quarenta anos de idade, num quarto do palácio da Vila, em Sintra, em 1683, onde permaneceu preso, por 9 anos.


* * *


Como se vê, uma vez mais aqui os Portugueses souberam resolver os seus graves problemas. Tratou-se de uma solução radical, na verdade. Mas se não tivesse sido tomada, o Reino teria caído na mais vil das condições.


O passado tem destas coisas. Serve-nos de ensinamento, para que não nos deixemos cair em situações que a todo o custo devemos evitar. A bem da comunidade que como povo constituímos.


Mostra-nos que para todos os males há sempre uma solução que aguarda por que a adoptemos em defesa do bem comum.


Só temos que estar atentos e colhermos esses ensinamentos. Até para que, de forma adulta e responsável, consigamos resolver os nossos problemas sem que seja necessário que alguém nos venha dizer o que e como fazer, por não necessitarmos de tutela estrangeira.


RVS

2 Maio 2011

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2788. As três maiores crises portuguesas


As crises que puseram a independência, a soberania, a integridade do País e a dignidade individual do seu povo em grave perigo

Esta é, de longe, a pior crise que uma nação de mais de oito séculos e meio sofre nos nervos e, principalmente, no espírito!

É que esta é, além do mais, uma crise de valores, de postura perante a vida, de dignidade de carácter individual e de integridade nacional.

Refiro-me apenas às crises mais graves, evidentemente.

Vamos por partes:

* A primeira crise de que há registo é a de 1383-1385.

É certo que ela constituiu período de guerra civil e anarquia. E deu-se porque não havia rei. O poder estava na rua. Começou com a morte do rei Fernando, sem herdeiros masculinos.

Não foi, portanto, causada por qualquer português. Nem causada voluntariamente. Foi, pois uma crise normal. Das que acontecem a qualquer país, por muito prevenido que esteja.

Os portugueses, contudo, souberam como pôr-lhe termo. Com coragem, determinação e, acima de tudo, com gente capaz de os orientar. João das Regras, João, Mestre da Ordem de Avis e filho bastardo de Pedro I, e Nuno Álvares Pereira foram os homens que serviram a causa portuguesa como só verdadeiros portugueses são capazes.

E dois de nós, então, foram homens suficientes para cortar o mal pela raiz, ferindo de morte Juan Hernandez Andeiro, o galego que nos queria subjugar a Castela.

* A segunda, foi a crise de sucessão no trono português surgida com a morte súbita do rei Sebastião, em Alcácer-Quibir.

Claro que esta foi causada pela imprevidência de um jovem rei, inexperiente, assomadiço, com a desculpa de não se encontrar de posse de todas as faculdades necessárias ao exercício do cargo, por força de doença de origem sexual grave de que padecia e que, à época, era dificilmente curável.

Não se tratou, pois, igualmente de acto premeditado e friamente consumado.

Os Portugueses, contudo, souberam como pôr-lhe termo. Com coragem, determinação e, acima de tudo, com gente capaz de os orientar. Henrique, Prior do Crato, João de Bragança e sua mulher, Filipa de Vilhena, foram os homens e a mulher que serviram a causa portuguesa como só verdadeiros portugueses são capazes.

E quarenta de nós, então, foram homens suficientes para cortar o mal pela raiz e, de caminho, oferecerem ao traidor Miguel o prémio merecido.

* A terceira é a actual.

Foi, esta sim, causada por portugueses. Deliberada e voluntariamente. Não é, pois, uma crise normal.

E o que se impõe que se questione é o seguinte:

Não saberão os Portugueses como pôr-lhe termo? Faltar-lhes-ão a coragem – e nem é precisa muita… – a determinação, a determinação e, acima de tudo, gente capaz de os orientar?

A avaliar pelo que se viu no último 25 de Abril, falta-nos mesmo gente com o tal rasgo, com o tal golpe de asa que tudo leve à frente, de escantilhão, e tudo modifique, levando-nos a recuperarmos a dignidade de carácter individual e a integridade nacional perdidas!

Mas será que ninguém de entre nós será homem ou mulher suficiente para cortar o mal pela raiz e, de caminho, oferecerem o “prémio” a quem o merece?

Com urbanidade, com democraticidade, mas com firmeza, sem deixar lugar a quaisquer dúvidas?

Será que ainda teremos de passar pela ignomínia de constatarmos que efectivamente não há?

Ruben Valle Santos

2 Maio 2011

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