Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

terça-feira, 31 de julho de 2007

1201. Hoje estou satisfeito...

... e um pouco mais descansado.

Desde miúdo que, sob o ponto de vista profissional - que socialmente não há problemas, tendo-me dado sempre muito bem com todos os que fui conhecendo e até sou amigo de alguns e viajo anualmente com uma - tenho uma fobia (pior do que isso, é terror mesmo!) aos médicos. Acho que é paranóia. Da mais amachucante.

Com o avançar da idade, a coisa foi piorando de uma forma inconcebível.

Encurtando razões, direi que, mesmo à beira da 3ª Idade - o que vale é que elas agora são 5, pelo que estou somente a meio do percurso... - mesmo não querendo exagerar e descontando dentista e ofalmologista, desde os meus 15 anos, não fui a uma consulta médica mais do que 4 ou 5 vezes. Creio que isto diz tudo. Ou talvez não diga...

Em 1999, meu pai, de 81 anos e antigo fumador inveterado (vicio que abandonara 14 anos antes, por graves problemas respiratórios), foi diagnosticado como padecendo de carcinoma pulmonar não operável, pela idade e pela localização. Durante os dois anos da doença - faleceu com 83 anos e, felizmente, teve excelente qualidade de vida até um mês antes, pois fazia a vida normal e até conduzia diariamente - acompanhei-o sempre nos imensos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, tanto no Pulido Valente como no IPO.

Imagina, você que me lê, o que a um tipo como eu, cheio de coragem para enfrentar consultas médicas, tais andanças causaram, não?!...

Se lhe disser que, a determinada altura, por puro terror, continuando sempre a acompanhar meu pai, quase diariamente entre Setúbal e Lisboa e vice-versa (felizmente com a companhia constante e suavizante da minha mulher), passei verdadeiros tormentos de aflição interior, que lá ia disfarçando como podia para não causar maior angústia ao "velhote", certamente que não estarei a "inventar"!...

A coisa chegou a tal ponto que, a determinada altura deixei de conseguir ir com ele para o consultório, ficando cá fora, no corredor, à espera. E porquê? Então não é que se me meteu na cabeça que, se lá fosse, o médico um dia, só de olhar para mim, descobriria que eu também estava com o mesmo problema?!?! Tinha noites de verdadeiro pavor, acordando pela madrugada, num estado de agitação e de suores que ninguém imagina.

Para complicar tudo, em Maio de 2000, com 60 anos, fui comprar um medidor de tensão arterial, porque o que tínhamos se estragara. Ao experimentá-lo na farmácia, constato, para enorme alarme, eu que sempre tivera tensão arterial normal, que estava com uns valores que nem me atrevo a dizer aqui.

Completamente "borrado" de "miúfa", fui dali direitinho para as urgências do Hospital de S. Bernardo, o cá da terra.

Trataram a emergência e mandaram-me para o médico que me atendeu de forma calma e profissional, medicando-me. Porém, como, enquanto tomava anti-hipertensivo, comecei a medir a tensão diariamente, para ver se a coisa estava bem, fui-me enervando e de tal modo que, pouco tempo depois, deixei de poder ouvir o aparelho electrónico e só os gestos de preparar a medição, punham-me num estado tal que desisti, pura e simplesmente!

De então até há 15 dias atrás - mais de seis anos depois!!!... - nunca mais medi a tensão ou fui a qualquer consulta. A única coisa que nunca deixei de fazer, foi a toma do comprimido hipotensor. Com isso ia alarmando a Isabel, minha mulher, e o resto da família, pois que, sempre que me falavam no assunto, era um problema. De tal forma que, a partir de certa altura, deixaram de o fazer, para não agravar a situação.

(Estou a contar tudo isto e a expor-me, na esperança de que esta história ajude alguém. Se tal acontecer, ficarei satisfeito e sentir-me-ei recompensado por esta exposição pública).

Pois muito bem, aqui há 15 dias atrás, depois de vários meses (mais de 6 seguramente) de auto-convencimento e de busca de reservas de coragem interior, lá me decidi.

Com uma paciência de Job e uma calma que me deixa assombrado, o meu médico recebeu-me e falou-me como se eu tivesse saído do consultório pela última vez na véspera e lá me convenceu a fazer uma bateria de análises e exames.

Soube ontem à tardinha os resultados e parece que está tudo bem, dentro dos valores considerados bons e, com o novo hipotensor, a pressão sanguínea baixou para valores óptimos. Pulmões, coração e outros órgãos estão a portar-se à altura das circunstâncias.

Eu sou crente e considero que existe uma mão cuidadosa e caridosa que me tem amparado por toda a vida. E julgo que não me irá faltar com esse imprescindível apoio. Mas, para tal, preciso de fazer - eu também - algo por que tudo corra bem...

Farei? Não farei? Espero bem que faça.

* * *

Nota final, que é uma mera sugestão, mas que julgo de interesse, principalmente num país em que os problemas cardiovasculares são percentualmente muito elevados.

Como é sabido, o colesterol elevado é uma tremendíssimo problema. Pois bem, embora não tenha qualquer comissão no "negócio", deixe-me que lhe diga que os yoggies da Becel para baixar o colesterol - os que eles dizem que contêm esteróis - são mesmo eficazes. Com eles - um por dia - consegui baixar de um nivel de colesterol de 240 para 195 em 4 a 5 meses e, com a continuação, vim para um nível de 140. Não sei se sabe, mas máximo admitido sem preocupações é de 200.


* * *.
Nota anda mais final:
Estou tão satisfeito, como disse a princípio que, para que o dia fosse realmente perfeito, apenas me está a faltar a notícia de que
Pinto de Sousa foi dar uma volta ao bilhar grande e não voltará para chatear-nos a moleirinha. Mas, está visto, não vou ter essa sorte. Não há mesmo dias perfeitos...
..

16 comentários:

carneiro disse...

parabéns, Ruben.

Sinceramente.

Agora só falta uma bicicleta para dar umas voltinhas para o transformar num furioso amante...Vá por mim (modéstia á parte).

Voltando ao sério: boas férias.

Agnelo Figueiredo disse...

Que bom!
É sempre um alívio, não?

Mas há aí uma coisa que...
É certo que os yogurtezinhos (eu bebo o benecol) baixam mesmo o colesterol. Mas de 240 para 140!!!
Ná! Tem de haver aí muito cuidado com a boca à mistura com o yog, não?

O meu cunhado, que é das cardiologias, diz uma coisa curiosa:
"É muito mais barato tomar o comprimido com a estatina que o yogurte! E nem tens de fazer dieta!"
eheheheheh

Mas o que interessa é estar tudo bem.
Abraço.

Ruvasa disse...

Viva, Carneiro!

Obrigado pelos votos de boas férias e pelas congratulações...

Só não me convence com a questão da bicicleta. Não é por nada, mas "vocês" (salvo seja!) abuso das drogas e eu não quero meter-me por aí...

É precioso cuidado com o vaso em qu se faz o xixi...

;-)))

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Agnelo!

É verdade que é sempre um alívio!!!

Não. Eu expliquei-me mal, talvez. De 240 para 195 foi com o Becel. Depois, como queria baixar mais, ataquei com a Sivastatina e, então, veio dos 195 para os 136.

Agora vou parar, ficando apenas com o Becel, para manutenção.

O meu médico apenas me diz:
- "Ouça cá, meu caro! O colesterol não existe no organismo. O que lá aparece, somos nós que para lá o mandamos. Portanto, é fácil de evitá-lo, tendo o cuidado de não o enviar."

E tem razão. A juntar ao Becel e à Sivastatina ou ao Zocor, tomei cuidado com os alimentos e respectivas quantidades. Tudo junto, em descer a coisa,em cerca de um ano, de 252(!!!) para 136(!!!).

Agora é so manter...

Só discordo do seu cunhado numa coisa: o yoggy da Becel é muito mais agradpavel que a Sivastatina...

Mas estou eu para aqui com conversa de doença... conversa de velho...

Também não admira. No dia 13 entro na Third Age. É mesmo de velho, careca e desdentado, gaita! Ah! Mas cheio de força, entende? Nada de confusões...

;-))))))))))))))))))))))))))))

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Meu querido amigo

Como dizem os nossos HERMANOS: "ME ALLEGRO".

É com grande satisfação que fiquei a saber que a tua saúde vai pelo
melhor e que se recomenda.

Que Deus te continui a acompanhar e que a tua saúde se mantenha boa, mesmo que alguma "via química" tenhas de engolir, receitado por alguma bata branca.

Muitos dias felizes é o que te desejo.

Um abraço
AAlves

Ruvasa disse...

Viva, Alves!

Obrigado.

Preciso é de perder a "miúfa do médico".

Abraço

Ruben

Nuno Raimundo disse...

O MEU aMIGO, ainda vai durar bastantes e bons anos...

abr...prof...

Ruvasa disse...

Viva, Profano!

Aliás, nem quero assim muitos; apenas outros tantos...

;-)))))

Abraço

Ruben

Camilo disse...

Ainda bem que escreveu este texto, porque eu estava convencido de ser o único "medricas" (ou desleixado)... de ter a "fobia-de-não-ir-ao-médico".
E passo a contar "a minha história"...
Aqui há uns 3 anos... como andava com uma dor não sei aonde... a minha mulher "obrigou-me" a ir ao Médico de Família.
Como (o médico) não tinha -nem tem-nenhuma referência a meu repeito, tratou logo de me receitar análises, radiografias,exames, eu sei lá que mais!...
E, com grande sacrifício (!) lá fui de madrugada fazer todos aqueles exames.
Quando me deram os relatórios, dirigi-me ao médico, mas em vez de ir para a porta do consultório, fiquei no exterior do SAP.
A certa altura, sai de lá um indivíduo que era médico e perguntei-lhe se me podia ler o que estava naqueles relatórios.
Ele, embora desconfiado, acedeu, (pois consegui convencê-lo) e perguntou-me:
-Que idade você tem?
-58, respondi!
-Então você não tem nada, estes resultados estão todos normais. O colesterol é que podia estar melhor, mas não tem grande importância!...
Meti os exames no bolso do casaco e fui para casa com eles, até hoje.
Por acaso, já me disseram:
-Se calhar o gajo que viu isso podia até nem ser médico!
-Caguei... mas seja como for, até hoje, acertou!!!

Unknown disse...

Querido amigo, é sempre bom que se cuide da saúde! Adorei o estilo como descreves o fato! E realmente ajudas alguém com teu relato! Parabéns!


Beijos!!!

Ruvasa disse...

Viva, Leila!

Espero poder ajudar, pois que tem sido, toda a minha vida, o meu grande problema e gostaria de ajudar a que outros se libertassem desta amarra!...

O que nem cheguei a dizer foi o seguinte e que agrava a situação:

Não sou dado a dores, de cabeça ou outras, nem a gripes ou constipações (a última de que me recordo aconteceu em 1988, ou seja, há quase 20 anos...) se por acaso me surge uma dorzita começo logo a magicar patetices.

Mas, se me desse essa paranóia e eu corresse para o médico, o pior que podia acontecer era ele olhar-me desconfiado, imaginando-me um palerma e fracote e isso ainda vá que não vá.

O pior é que, nessas circunstâncias, é que eu nem sequer posso pensar em ir pedir que alguem veja do que se trata. Prefiro a ignorância! Enquanto ignorante estou sossegado!... Ora, se estou sossegado assim, para quê ir ao médico e ele me desassossegar, descobrindo o que não tem nada que descobrir, não é? Ora essa!

Devo dizer-te, querida Leila, que, no resto das coisas da vida, até julgo que sou um tipo/cara normal. Nestas, porém, não passo de alguém a necessitar - talvez - de tratamento psiquiátrico! E só não digo urgente, porque isto se arrasta há dezenas de anos, desde os meus 15!...

E não me considero hipocondríaco, pelo menos na mais corrente acepção da palavra, dado que não tenho a mania das doenças. Pelo contrário, nem quero saber delas. Longe... Nem quero que mas descubram...

Sou pirado, é?

Beijos

Ruben

Ruvasa disse...

Vivam, todos!

Um pequeno esclarecimento:

Quando, no final do post, falo no "Pinto de Sousa", não estou a referir-me ao antigo presidente da comissão de arbitragem da federação portuguesa de futebol, aquela que está judicialmente acusado da prática de 144 crimes diversos, de falsificação de documentos e outros.

Não!...

Estou a falar de outro "Pinto de Sousa", ou seja, o que ocupa o cargo de primeiro-ministro de Portugal e que, tanto quanto sei, ninguém acusou de qualquer crime, designadamente de falsificação de documentos.

Beijos e abraços para todas e todos.

Ruben

Isabel Filipe disse...

... bom eu tb odeio médicos e visitas a eles tb...

eu sei que é uma estupidez... mas tb não vou ....

como tive um acidente há um ano ... tenho as análises em dia e estavam óptimas ....

fico muito feliz por saber que está tudo bem contigo ....

bjs

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Obrigado. Mas fazer as análises foi um tormento!...

Já agora mais outra:

Aqui há uns anos, nem digo quantos, por questão de pudor, o meu médico prescreveu-me aquela análise que os homens devem fazer a partir dos 45-50, mas com maior incidência a partir dos 55, a PSA. Pois bem, queres saber que fui ao laboratório, deixei que me fizessem a colheita do sangue e, quando devia ter ido levantar o relatório, pura e simplesmente acobardei-me e não fui. Ainda por lá deve andar aos tombos. Isto foi há uns bons anos... É o cúmulo, não?

Bem, desta vez não escapei e lá tive que fazer essa também. Sabe Deus como ia!...

Já prometi ao médico que o irei ver com muito mais regularidade. Veremos se conseguirei cumprir. Eu quero, palavra que quero, mas... chegada a hora...

E, no fim de contas, tanto o meu médico como outros com quem tenho conversado e bem assim uma das companheiras de viagem anual, directora clínica de um hospital açoriano, são peremptórios em afirmar que hoje em dia já só se morre de duas/três doenças, desde que não tratadas a tempo, a saber, carcinomas pulmonar e mamário e melanoma da pele, sendo que este último é, de longe, o mais letal, por ser de tratamento muito problemático.

Também gostei de saber que está tudo bem contigo.

Sabes, até agora nem queria falar nestas coisas. Estou a fazê-lo, violentando-me mesmo, para ver se esconjuro os fantasma que me assolam o espírito.

Beijinhos

Ruben

Anónimo disse...

Olá Ruben

Ainda bem que acabou tudo em bem atão!! :-)
Ná te sabia assim pró estilo hipocandríaco...ehehehehe!

Fico contente saber que tá tudo fino contigo ;-)

Beijinho Grande

Boas férias...ando por aí, cá e lá...uns dias aqui, outros dias ali ;-)

Ruvasa disse...

Viva, MJoão!

Bem, pior do que hipocondríaco. É que eu nem quero saber como estou, mesmo estando bem; e menos ainda se, estando bem, penso que estou mal... Só quando estou mal é que não tenho dúvidas... médico com ele. Tudo isto é certamente mito confuso para vocês... se o é para mim!!!

Como desde os 15 anos, muito raramente tenho estado menos bem - apenas em 1993 tive que fugir (fugir mesmo!) de uma operação, marcada por outro médico, à vesícula biliar (pedra), que tratei por métodos ancestrais e, na altura, apenas espanhóis, e ela ainda cá anda, jamais tendo dado qualquer espécie de problema (já lá vão 14 anos...) - imagina o que não tem sido.

E não conto mais nada a partir daqui, para não me desacreditar de todo perante quem me lê. Há "esqueletos de família" que nunca devem ser tirados do sótão.

Beijinhos

Ruben