Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

1800. Estónia - 3





A um canto da principal praça de Tallinn, à porta de uma modesta loja, um pequeno placard, anunciando permissões.

Pelos vistos bem elucidativo. Para nós, portugueses. Desconhece-se, contudo, se igualmente para os estonianos.









A um canto mais recatado da estação ferroviária de Tallinn, um pequeno placard, anunciando proibições.

Este, bem claro para toda a gente, sem dúvida.




Fotos: Isabel e Ruben Valle Santos

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8 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Óptima reportagem. Nunca fui para estes lados e o pilim está mesmo difícil... Já agora, Tertúlia Virtual dia 15. Tema VOAR.

Ruvasa disse...

Viva, Jorge!

Eu vou-me desforrando, com uma bizarria por ano. Evitam-se algumas coisas durante mais de 11 meses, para uma desforra de duas semanas anuais.

Mas que está cada vez mais difícil, lá isso...

Mesmo partindo do pressuposto - real - de que, de modo geral, lá por fora, a vida é mais barata do que por cá.

Bastará que se diga que de entre Argentina, Chile, China, Rússia, Lituânia, Letónia, Estónia, México, Turquia, Nepal, Tibete, Vietname, Camboja, Índia, Tailândia... o salário mínimo "anda" pelos 40/50/60€ e o médio mais alto pelos 175€. Como tive já oportunidade de referir, uma professora universitária de 50 anos de idade, ganha, em Moscovo, 300€ e só sobrevive porque tem mais um emprego, como guia turística.

Mas é normal as pessoas terem um ou dois "bicos" para reforço do rendimento mensal.

Frequentemente tenho dito a minha sogra, de 85 anos, que tem uma pensão de cerca de 220€ e que se lamenta de não conseguir viver sem a ajuda das filhas, que, se quer viver sem problemas só tem uma solução: emigrar para um destes países e todos os meses transferir a pensão daqui para lá. Ela responde-me que s+o se for para o Brasil, ao que lhe respondo que também serve.

Eu próprio já o teria feito, se minha mulher fosse nisso. Não faria, aliás, mais do que os alemães e outros nórdicos que, ao chegarem à reforma, vieram viver para cá, com as pensões que tinham lá. Pois que julga? Era só o sol que os trazia até cá? Só que esse desafogo não é já o que foi.

Abraço

Ruben

Maria Augusta disse...

Ruben, como é interessante ver estes pormenores de cada cultura, como as permissões e as proibições, né?
Quanto ao poder aquisitivo, varia realmente com o poder da moeda, tenho uma amiga aqui da França,que com uma aposentadoria "normal" de uma técnica de informática leva uma vida de rainha no Marrocos. Meu marido (ele é francês) e eu pretendemos viver no Brasil depois de aposentados...tomara que o real não suba muito até lá (rs).
Abraços e parabéns pelas fotos.

Ruvasa disse...

Viva, Maria Augusta!

Obrigado.

Sim, é verdade o que diz quanto ao poder aquisitivo.

Bem, oxalá (ou, como dirá a sua amiga a viver em Marrocos, "inch'allah!") que o real não lhe estrague os planos... Mas nºao há-de estragar!

Abraço

Ruben

Ana disse...

Apreciei devidamente os sinais de "Permitido"-"Proibido", hehehe.

Foi coisa que nunca me passou pela cabeça, nos últimos anos, poder ir viver para outro país.
Só não sei o que este mundo de loucos nos reserva, ainda.

Abraço

Ruvasa disse...

Viva, Ana!

Assim como assim, Portugal é melhor para viver.

A nossa guia polaca (nos países bálticos) e as de Moscovo e de S. Petersburg, que conhecem bem Portugal, afirmam a pés juntos que nós é que sabemos viver a vida e o resto são cantigas (dito assim mesmo!).

A polaca - uma guia fora de série, ficámos amigos - esteve dois anos em Lisboa, em 1992 e 1993, onde tirou a licenciatura em Filologia Ibérica, na Clássica.

Sempre muito curta de massas, ao segundo mês lá conseguiu topar que a malta punha o polegar em cima do selo do passe da Carris, quando o mostrava ao motorista. Então, repito, sempre muito aflita de massas, aprendeu a fazer o mesmo, razão por que nunca mais comprou qualquer selo. Andou assim dois anos... Sempre que aparecia um revisor, ela saltava do autocarro. Até que um dia, já perto do final da estadia em Portugal, apareceram dois revisores e ela não teve tempo de se escapulir. Vendo que ia ser apanhada, guardou o passe e, quando eles chegaram junto dela, fingiu que não percebia o Português, pois era polaca. Pediram-lhe então o passaporte, que ela mostrou. Tendo verificado o passaporte, diz um para o outro:

- Eh, pá! A gaja é da terra do Papa. Como o gajo é porreiro, ela também é. Deixa-a lá passar.

Diz ela: - Só em Portugal era possível uma coisa destas! A humanidade, o bom relacionamento assim nunca vi em mais lado mnenhum e tenho andado muito por aí.

Bem, esse aí, além de Portugal, é toda a zona à volta da Polónia, ou seja Báltico, Rússia, Áustria, Esclováquia, Hungria, Rep Checa, Alemanha, Suiça, Espanha, Portugal e Canadá. Fala seis línguas (polaco, alemão, francês, inglês, espanhol e português - esta como muitos de nós não falamos...). É a Monika Hanusiak, de Cracóvia. Se algum dia for para aqueles lados (qualquer daqueles países, peça-a como guia que vai ver que não se arrepende).

Mas ela disse mais: que ainda um dia há-de compensar o Estado Português pelo dinheiro dos passes que ficou a dever... ;-)

Este foi um dos episódios. O outro passou-se com a guia de S. Petersburg, a Natalya.

Veio fazer um estágio de seis meses para Braga, na Un. do Minho. No primeiro dia de aulas, que começavam às 10 da manhã, pelas 9,30h já ela lá estava, como era hábito na Rússia.

Às 10 menos 10m, apareceram alguns colegas nórdicos, suecos e dinamarqueses. Conversando entre todos acharam que não ia haver aulas, pois que àquela hora só estavamn eles.

Às 10 horas, vieram os primeiros portugueses, filhos de emigrantes. Ná, não há mesmo aula!...

Às 10 e 1/4 lá apareceu o professor, nas calmas, acennando-lhes de passagem, dizendo que não se denorava nada, pois ia só tomar café.

- Mas... é possível?!?!

A estupefacção foi geral...

Claro que a boa da Natália não demorou muito a aprender o nosso way of life e, uma semana depois, já sabia que à sexta-feira se falta às aulas ou sai-se mais cedo para o fim de semana. Bem, por este sistema e outros semelhantes, a partir de Braga, em seis meses, conheceu o país todo, excepção feita ao Alentejo e Algarve.

Tal como a Monika e a Irina (professora universitária de Moscovo e ali também nossa guia), a Natalya diz que Portugal é o melhor país do mundo, que o melhor tempo da sua vida foi passado em Portugal.

A Irina disse mesmo mais. Mas fica para outra oportunidade.

Abraço

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

Esse último placard faz muita falta por cá... em vários locais. ;)

Bj

I.

NB - Sobre os reformados estrangeiros que escolhem Portugal - não só pelo sol mas tb - qq estrangeiro com a reforma mínima nativa faz aqui uma vidinha da boa, embora a tradição já não seja a que era! :)

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Pois faz... Se faz...

Bj

Ruben