PolémicaBandeira ao contrário pode ofender símboloEVA CABRAL Osvaldo de Castro, deputado do PS, considera que o anúncio da SIC-Radical ao programa 'Esplendor de Portugal' pode levar o Ministério Público a actuar. Autor assume haver provocação, mas recusa falta de respeito. |
O deputado socialista lembra que a bandeira é um símbolo nacional com tutela penal, considerando que "se é legítimo utilizar a frase "Um país de pernas para o ar" não se deveria ilustrar a mesma com uma bandeira nacional invertida, como se vê no anúncio a uma série de nove documentários sobre o que significa ser português hoje, e que vai estrear no dia 13 de Maio.
Refira-se que o próprio site da Presidência da República lembra que "a bandeira nacional é símbolo da soberania da República, da independência, da unidade e integridade de Portugal é a adoptada pela República instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910".
O site lembra expressamente que o artigo 332.º do Código Penal pune com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias "quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa".
Face a este dispositivo de defesa penal da bandeira, Osvaldo de Castro considera que qualquer "juiz sensato considerará que a utilização dada pela SIC-Radical não se justifica".
Já Hugo Gonçalves, jornalista da SIC-Radical e autor dos programas garantiu ao DN " que não existe qualquer intenção de faltar ao respeito à bandeira nacional".
Em seu entender, trata-se de um anúncio assumidamente "provocatório" mas que apenas tem a intenção de chamar a atenção do público para um conjunto de documentários que vão abordar temas tão variados como a religião, a política, o sexo ou as celebridades".
Segundo Hugo Gonçalves, os nove programas vão dar a óptica de quem tem menos de trinta anos de idade e "está agora, em muitos casos, a regressar a Portugal com outra visão do país."
DN 2009.04.25
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Só num país de parvos, idiotas e cretinos hipócritas é que poderia ter surgido uma tal polémica.
Já alguém deu conta de que em Inglaterra e nos Estados Unidos, para citar apenas estes, meninas e meninos (felizmente mais elas do que eles, haja Deus!) vestem calções feitos com trapos que representam as respectivas bandeiras nacionais, símbolos eles também dos povos inglês e americano?
E, note-se, esses trapos, representando as bandeiras, passeiam-se colados aos cus e outras pudicícias, (provavelmente com odores pouco agradáveis) das meninas e dos meninos, sem que alguém se incomode com isso, porque, como é bem de ver, não existe qualquer ofensa no assunto. A ofensa está no animus furandi ou animus laedendi. E não parece que seja o caso.
A bandeira, embora símbolo respeitável, mais não é do que isso mesmo, símbolo, representado por um trapo. Ofensa grave há, isso sim, quando é voluntariamente espezinhada no chão perante uma multidão atónita, no estrangeiro, por um nacional. Uma vez mais, não parece ser o caso. Já o foi, noutra oportunidade, mas não o é nesta de que trata a polémica.
Ofensa ainda mais grave acontece quando não são respeitados valores que são valores e princípios reais, não meros tecidos em que se desenha uma bandeira.
A título de exemplo, se nesses dois países, um qualquer político vê recaírem sobre a sua pessoa fundadas suspeitas de reiterada prática de ilícitos graves, que fazem eles, que fazem? Ou se retiram, se em consciência se sabem culpados, ou se explicam cabalmente, de modo a que não subsista a mínima dúvida acerca da sua idoneidade pessoal, moral, política e social.
Quem é que já viu alguém do PS preocupado com aquela afronta, acontecida há bons anos, como é conhecido, ou com as últimas, estas, sim, bem graves por atingirem não apenas símbolos mas directamente a própria dignidade intrínseca do País?
Que raio de porra de moralidade e falta de noção de respeito pátrio é esta, alguém me diz?
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