Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 22 de junho de 2009

2351. A agudeza de visão...

... que faz descobrir o argueiro no olho do próximo é quase a mesma que esconde a tranca em olho próprio.

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Benfica abre guerra entre juízes


Eurico Reis, juiz desembargador e membro da Associação de Juízes pela Cidadania, quer afastar Rui Rangel da presidência desta associação devido ao seu envolvimento na campanha "Benfica, vencer, vencer".

Eurico Reis disse ao i considerar "inaceitável" o "papel visível e preponderante na campanha" devido à "conduta que um juiz deve ter, ainda mais estando num órgão superior [Rui Rangel é membro do Tribunal da Relação de Lisboa]." Por isso, pediu a marcação de uma reunião onde se decidisse o afastamento de Rangel. O encontro está marcado para dia 29 deste mês. Eurico Reis baseia-se num comunicado do Conselho Superior de Magistratura de 2008 em que se lê: "É desaconselhável a participação de magistrados judiciais em órgãos estatutários de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais por considerar que essa participação é susceptível de se repercutir negativamente sobre a imagem e o prestígio do conjunto da magistratura."
i 2009.06.22

Segue aqui.

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Para encurtar razões, que o assunto vale menos do que meia dúzia de peanuts, direi que Eurico Reis tem razão.

E tanta como a que teria tido se tivesse considerado "inaceitável" o "papel visível e preponderante" devido à "conduta que um juiz deve ter, ainda mais estando num órgão superior", quando ele próprio, desembargador Eurico Reis, andou por aí, insistentemente, a perorar, sem contenção, por tudo quanto era televisão, pondo mesmo em cheque e dúvida, embora sem frontalidade, sabe-se lá por quê, decisões judiciais alheias.
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3 comentários:

effetus disse...

Um pouco à socapa, dir-lhe-ei, caro amigo, que tem toda a razão!
Como já aliás sabe, eu sou juiz.
E não me revejo nas atitudes de alguns colegas, que gostam de aparecer...
A judicatura exige recato e reserva. De todas as formas.
Um abraço.

Ruvasa disse...

Viva, Tony!

Não sabia, mas desconfiava e sinto-me muito honrado por tê-lo entre os meus leitores, creia.

Não sou de opinião que o juiz, à semelhança do que antigamente faziam, se meta em casa e não conviva com a sociedade envolvente. Até porque, se o fizer, perde, quanto a mim, experiência de vida e de situações as mais variadas, o que muita falta lhe faz para melhor julgar.

Convivi, no dia a dia, com muitos juízes, alguns dos quais, verdadeiros reclusos, tinham evidentes dificuldades em avaliar determinadas situações comezinhas de vida em sociedade, de que não tinham experiência, por força dessa reclusão.

Em contrapartida, pude apreciar a capacidsade de outros que, perfeitamente integrados na sociedade que circundante, se revelavam, no momento mais sublime da missão de ministrar justiça, se revelavam completamente à altura das circunstâncias, sabendo perfeitamente e o tipo que lhes estava em frente mentia ou dizia a verdade e se mentioa, quais as verdadeiras razões por que o fazia. Se eram assim tão reprováveis ou se, até certo ponto, eram compreensíveis. Porque, como sabe, bem melhor do que eu, aliás, o grau tem importância decisiva.

Abraço

Ruben

effetus disse...

Entendo a sua posição, caro amigo Ruben.
Dir-lhe-ei que não sou apologista de viver numa redoma.
O que eu advogo é mais simples: os juízes podem ter opiniões, devem viver o momento, devem ser homens e mulheres modernos; mas não devem, de forma alguma, pôr-se em bicos de pés, para aparecer nos media.
E sobretudo, devem ter a sensatez de não se imiscuir nas decisões dos outros.
De manterem, em público, uma atitude e uma postura dignas, de merecerem a confiança que o Estado, em globo, lhes deposita.
Confesso-lhe que vivemos dias conturbados.
Que é difícil exercer a profissão. Mas vejo, com muito agrado, o empenho da enorme maioria dos meus colegas, no sentido de aplicar, em nome dos cidadãos, a Justiça.
Contra ventos e marés...
Só lhe escrevi aquele meu comentário, por não concordar com as guerrilhas que refere, para mais por razões meramente... futebolísticas...
No resto, permita que lhe deixe aqui um grande abraço de amizade, que fui construindo a pouco e pouco, à medida que o fui lendo e o fui conhecendo.