Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 24 de junho de 2009

2360. As datas das eleições

Anda para aí uma polémica sem jeito, mas com algum sentido, acerca das datas das próximas eleições: legislativas e autárquicas.

Marcadas que estão as autárquicas para 11 de Outubro, há agora pressão sobre o Presidente da República, no sentido de que marque as legislativas para a mesma data; e há igualmente pressão para que marque data diversa daquela.


É evidente que ambos os lados defendem a sua dama por conveniência própria.

Argumentos defendidos por PSD para que ambas as eleições se realizem na mesma data, são, curiosamente, quase os mesmos - em alguns casos
exactissimamente os mesmos - que os dos que advogam o contrário. E, afinal, todos têm razão para agirem como agem, uma vez que defendem o que julgam melhor para si e para o interesse dos seus representados.

Vamos, então, tentar analisar alguns desses argumentos, os principais:

1. A realização das duas eleições em dias separados tem custos muito mais elevados do que se ambas se processarem num só dia, dizem uns; não senhor, o custo é igual, dizem, os outros, ou, pelo menos, com diferença desprezível, muito embora não refiram - nem sequer por estimativa - quão desprezível é tal diferença.

2. A realização de ambos os actos eleitorais no mesmo dia tem vantagens sob o ponto de vista democrático, uma vez que possibilita uma maior afluência às urnas, já que, com o desencanto que reina no país, relativamente à política, ir duas vezes a votos, no espaço de quinze dias, é coisa que uma significativa parte do eleitorado se recusará a fazer, dizem uns; pelo contrário, as duas eleições separadas constituem um estímulo para os eleitores, que assim se sentirão mais motivados, até porque com duas campanhas, ficarão muito mais esclarecidos.

Aqui ficam, pois, em traços gerais as duas posições que, repito, se compreendem, tendo em vista os interesses partidários, mas que não podem ser ambas aceites, por não estar uma delas conforme à realidade.

Não vou aqui aconselhar uma das posições em detrimento da outra. Prefiro deixar a análise da razão ou sem razão de cada qual a quem este post lê.


Limito-me, pois, a sugerir algumas perguntas, a que o leitor responderá para si mesmo:

a) acredita realmente que as duas eleições em dias separados obrigam a custos muito mais elevados, não só por parte do Estado (com a repetição de todo um processo eleitoral e respectivos custos com constituição das mesas de voto, já que os seus integrantes são pagos em todo o país, bem como o transporte em duplicado dos boletins de voto e todos os restantes procedimentos não somente de votação como de escrutínio), como por parte do conjunto dos eleitores, com as despesas de duas deslocações às assembleias de voto,
ou
a1) entende que não é verdade que os custos sejam mais elevados ou que, sendo-o, a diferença é assim tão desprezível como afirma Almeida Santos?

b) acredita que a realização das eleições num só dia favorece a comparência dos eleitores às urnas, uma vez que apenas terão que se deslocar uma vez,
ou
b1) entende que, pelo contrário, a realização das eleições em dias separados é que favorece essa comparência?

c) acredita que, com a eleição num só dia os eleitores estarão menos motivados para comparecerem à votação,

ou

c1) entende que, com a eleição em dias diferentes, os eleitores sentirão maior motivação para lá irem?

d) acredita que, com duas campanhas eleitorais em simultâneo, como aliás já aconteceu, os cidadãos ficarão menos esclarecidos,

ou
d1) entende que uma campanha eleitoral logo seguida de outra esclarece melhor os cidadãos?

Finalmente, mais uma pergunta, também com duas alternativas:


e) acredita que, ao fim de 34 anos e mais de 25 actos eleitorais de âmbito nacional, os cidadãos continuam completamente ignorantes e sem saberem o que efectivamente querem ou não querem ou

e1) entende que estão suficientemente esclarecidos acerca do que podem - ou não - esperar dos partidos e candidatos em presença?

Consoante o saldo das respostas que der a estas questões, assim estará em condições de responder também à magna questão de saber se as eleições legislativas e autárquicas devem realizar-se no mesmo dia ou em dias diferentes, com duas semanas de intervalo.


Está a ver como é simples o que os políticos teimam a complicar?

Uma última nota:


A opção será ainda mais fácil para quem tenha já decido que nenhuma das candidaturas lhe serve, pelo que VOTARÁ NULO, como fará quem - agindo em conformidade com o que durante anos e anos vem pensando e dizendo acerca da actual política portuguesa - entende que não pode, sem evidenciar incoerência de atitude por não se terem modificado os pressupostos, contrariar hoje o que há anos diz e, por outro lado, não gosta que votem por si ou porque se absteve ou porque foi às urnas e lá deixou, como bênção para os batoteiros, um lindo votinho em branco, mesmo à mão de semear...
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