Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 25 de junho de 2009

2363. Jorge Miranda queixa-se de quê?

O Rádio Clube Português - provavelmente outras rádios estejam a fazer o mesmo - tem estado toda a manhã a passar declarações muito magoadas de Jorge Miranda, nas quais dá conhecimento de que desistiu da candidatura a Provedor de Justiça indicado pelo PS e se lamenta por ter sido desconsiderado na sua pessoa, no seu saber, no seu valor, no seu estatuto, no seu etc., pelo PSD.

Para além da foleirice que é invocar o saber e o valor que se tem e bem assim o estatuto que se adquiriu e outras menoridades que tais, que em boca própria são, como é sabido, autêntico vitupério, Jorge Miranda não tem de que se queixar relativamente ao PSD.

Não porque o PSD se tenha conduzido bem em todo o processo, o que, na verdade, parece não ter acontecido.


Jorge Miranda, porém, não tem a mínima razão. E certamente que sabe não a ter.

Teria, isso sim, para vituperar-se e vituperar o PS. A este, porque, com toda a ligeireza, o meteu naquele assado, sabendo bem o que ia acontecer; a ele próprio porque, prezando assim tanto o saber próprio e mais etc. e etc. e etc., deveria cuidar mais deles e não se meter de cabeça, alegre e inconscientemente, em "cenas" de que não conhece o desfecho por antecipação.

Se tivesse tido esse cuidado indispensável, logo teria concluído que as coisas poderiam não correr bem, havendo mesmo a quase certeza de que correriam mesmo muito mal.

Porquê?


Porque teria sabido que o acordo de cavalheiros(?) existente entre PS e PSD estipulava que a indicação do Provedor de Justiça "cabia", desta vez, aos sociais-democratas.

Ora, assim sendo, se o PS, unilateralmente rasgava o compromisso e apresentava como seu um candidato que representaria uma afronta para o PSD, não por si mesmo mas pela deselegância da imposição, estava visto que ia haver mosquitos por cordas.


Mais: duvida-se muito - muito mesmo - que Jorge Miranda não estivesse ciente de tudo isso. E mais ainda: é estranho, tremendamente estranho, que não tenha desistido de candidatar-se mais cedo, ou seja, logo que os primeiros azedumes se manifestaram.

Assim, queixa-se de quê? De falta de respeito para com o seu saber, o seu valor, o seu estatuto?


Pois bem, queixe-se então. Mas do PS e, acima de tudo, de si próprio, os primeiros e maiores desrespeitadores. ...

E, acima de tudo, por ser quem é, por ter o valor que tem, por saber o que sabe, por ter direito ao estatuto que tem, "porqué no se calla?", evitando, desse modo, fazer figuras menos consentâneas com todos esses predicados de que tanto se arroga?


É que persistir em tal lamúria é certamente mais desprestigiante do que tudo o que ficou para trás.

...

Sem comentários: