Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 9 de julho de 2009

2427. A lusa inveja

Opinião

Blog

Dar um passeio pelas caixas de comentários dos jornais e dos blogues a propósito de C. Ronaldo pode ser uma aventura penosa. A euforia da sua chegada a Madrid foi uma espécie de gota de água que fez transbordar o copo do mau caráter nacional.

Nunca se viu tamanha indignação pelo sucesso de um rapaz nascido pobre na Madeira e que ficou rico e célebre sem ter roubado um cêntimo aos contribuintes portugueses. Se se compreende o protesto pelo abuso alarve das transmissões televisivas, há a notar, no entanto, esse fenómeno lusitano: a inveja pela sorte de um dos seus. Pelas suas namoradas, pelo seu dinheiro, pela sua fama. Os portugueses não têm apenas dificuldade em admirar os outros; têm também um ódio visceral aos seus. Passam da admiração à abjeção. Desconhecem a sensatez.

Francisco José Viegas, escritor

* * *


Tem sido uma das minhas grandes lutas, de há vários anos para cá, esta de denunciar e tentar combater a malfadada inveja portuguesa.

Nós, ou pelo menos muitos de nós, a quase totalidade, não pode ver que o vizinho tenha comprado e vestido uma camisa nova que não o abocanhemos de imediato numa descabelada e destruidora inveja de morte.

Dou, inclusivamente, como exemplo o seguinte:

Enquanto que um americano, posto perante a constatação de que, na garagem do vizinho apareceu um carro espampanante, todo reluzente, o último grito da moda automobilística, exclama, vexado mas com espírito positivo:

- O tipo comprou um carro daqueles?! Pois bem, nem que eu me esfarrape todo, a trabalhar mais horas em cada dia da semana e até ao fins de semana, hei-de comprar um melhor do que o dele! O gajo vai ver!...,

o português, posto perante a mesma situação, de imediato rosna:

- Onde é que o filho da mãe, que não tem onde cair morto, foi arranjar o espada? Aquilo só pode ter sido roubado ou então a mulher do gajo andou a fazer uns biscates. Ora, com que então, a gozar comigo, hã? Pois goza, goza que ainda hás-de gozar mais quando eu te furar os quatro pneus e te riscar a pintura do brinquedo com um prego. Tal não está o palerma!

E venha de lá quem quiser garantir que não é assim!...
...

4 comentários:

Teresa Diniz disse...

Infelizmente, é mesmo assim!

Ruvasa disse...

Viva, Teresa!

É também esta uma das grandes razões do nosso enorme atraso.

Ruben

Marta disse...

A inveja é o que se sabe;

uma praga!

E quando o sucesso de alguém atinge escalas planetárias, pior ainda!

Partilho do ponto de vista de FJV.
E do seu! Quando o sucesso é lícito, meritório só temos de o aplaudir! é tão simples!

abraço

Ruvasa disse...

Viva, Marta!

Simples é, sem dúvida! O pior, todavia, é a dor de cotovelo! "Se eu não tenho, também não podes ter".

Abraço

Ruben