A prova física da ongoing strategy
Faltava a prova física, digamos assim. Ela aí está.
No PS desenvolve-se uma guerra de morte entre o actual secretário-geral, António José Seguro, e o anterior, refugiado em Paris, mas com diligentes apaniguados por aí.
Até agora, havia apenas uns zunzuns de que algo não corria bem lá para o Rato, por força da constante interferência do vilarista (de Vilar de Maçada, bem entendido), através das suas tropas que dominam o grupo parlamentar, uma vez que os actuais deputados foram por ele escolhidos.
As constantes intervenções dos conhecidos pontas de lança da criatura no hemiciclo e nas comissões parlamentares foram o começo. Depois, subitamente, todos se calaram. Era a calmaria que precede a tempestade. A táctica necessária para o adversário descuidar a guarda. E, subitamente, o ataque cerrado, sem piedade.
A partir de hoje não há já apenas zunzuns. Chegou-se à prova insofismável.
Há dois dias a criatura esteve cá, como é sabido. Reuniu com Alberto Costa, o coordenador da sua guerrilha. E ontem, foi desferido o ataque que intenta ser o mortal para a liderança do partido.
O avanço para o Tribunal Constitucional, com o pedido de fiscalização sucessiva do Orçamento de Estado para 2012, é a primeira arma da ongoing strategy para reconquista do Poder. No PS.
Alguns observadores mais inadvertidos serão levados a crer que é brandida contra o Governo. Puro engano. Os estrategas da desestabilização têm a noção clara de que, além de não disporem ainda da força necessária para tal, o Tribunal Constitucional não pode satisfazer-lhes o anseio.
Na situação em que o País está, há valores que falam mais alto do que os pseudo-limites constitucionais que capciosamente são invocados pelos agora seus tão pressurosos zeladores que há bem poucos meses atrás, então sim, diariamente os feriam de morte. É que o texto constitucional foi redigido para servir os Portugueses; não os Portugueses autorizados a viver para servir a Constituição. Há que não inverter alegre e descuidadamente o valor facial das coisas.
Ora, assim sendo, o seu objectivo real não é o que apregoam. Antes se conforma na tentativa de deposição do “poder que está” no PS. Porque o caminho mais garantido para o sucesso que almejam passa inexoravelmente por aí.
O terrível embaraço do líder parlamentar socialista, Carlos Zorrinho, hoje perante as câmaras de TV, ao referir-se ao assunto, e o súbito desaparecimento da ribalta do líder partidário, Seguro, antes tão omnipresente em tido quanto era sítio, festa, aglomeração de gente, são deveras elucidativos do que realmente está em jogo.
A criatura e a sua equipa tinham mesmo que actuar. Com urgência. A situação entrara em clara deterioração e mesmo apodrecimento, com evidente risco de males bem maiores para as respectivas cores e “entourages” do que o arredar do Poder que sofreram há poucos meses.
Começam a estar em jogo outros interesses, decorrentes dessa perda, mas com efeitos muito mais graves do que os que ela por si só causa. Interesses de toda a gama, com relevo muito especial para os de ordem a determinar responsabilidades diversas nos foros civil e criminal. E isso eles não podem deixar que aconteça, pelo que tudo farão para torpedearem os esforços de sanitização do partido.
Assim, uma forma privilegiada de se mostrarem os verdadeiros guardiões da “honra constitucional”, em contraponto aos que, entendem, eles, agora nada fazem nesse sentido, é essa, para militante socialista ver.
Alguns indícios e uma frase posta aqui um cheirinho posto ali, principalmente por gente com pouca experiência política de bastidores, foram deixando, já de algum tempo a esta parte, sinais evidentes do que se estava a passar. O dia de ontem, porém, tudo descobriu. A ninguém é já lícito invocar desconhecimento. Como diria o outro:
- Eles “andem” aí!
Em força.
È purè…
Não obstante os cuidados postos no desenvolvimento do actos que consubstanciam a estratégia de cindir o Partido Socialista, duvida-se muito que levem a banca à glória. Mesmo no partido, porque fora dele muito dificilmente terão qualquer hipótese. É certo que a memória dos povos é curta, mas não tão curta assim. Com toda a certeza.
Ruben Valle Santos
2012 Janeiro 19
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