Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

2878. "Berticalidade" e "Ónestidade"

T enho vindo a referir que, desde Junho passado, não há uma única semana em que não apareçam relatos de mais duas ou três provas da maravilha de pântano em que estamos mergulhados.

As pessoas que leram esses meus escritos tiveram a gentileza de não me chamarem nomes, mas estou seguro de que pensaram coisas horripilantes a meu respeito. No mínimo:

– Lá está este cretino a insultar os portugueses, raça de gente cumpridora, incapaz de um deslize e que só está nesta desgraçada situação por causa dos chefes, já que eles são todos uns santinhos.

Claro que eu apenas apostrofo os maus portugueses, aqueles que não querendo trabalhar porque obriga a vergar a mola e cansa que se farta, não se esquecem de reivindicar direitos a que decididamente não têm o mínimo direito.

E desses está o país cheio. E saturado até aos gorgomilos! Tão cheio… tão cheio… com uma multidão tão grande que se chega mesmo a duvidar que, para lá deles, ainda exista espaço para caber mais alguém ou haja mesmo mais alguém para meter em qualquer espaço.

* * *


Exagerado? Pois…

Então, com licença de vocências, que isto é um ver se te avias!

Aí vai mais uma pérola da “berticalidade de prinssípios" e "ónestidade de caráqueter” que por aí campeiam como lobos uivantes à solta:

Descobriu-se agora que até nas compras do Estado, para as suas necessidades de artigos de expediente e consumo corrente e mesmo de bens duradouros (através do que antigamente se chamava a Central de Compras do Estado e agora nem sei…), que devem obedecer a um concurso anual, cujos resultados tem de ser respeitados, há marosca grossa.

Antes de avançarmos, tenha em consideração que os impressos, clips, agrafes, borrachas, lápis, marcadores, tudo bens de consumo corrente são de extraordinária dificuldade de controlo uma vez que se gastam e, portanto, desaparecem. “Gastaram-se!...”, está a ver?

Para encurtar razões e para não maçar demasiado, aqui deixo apenas dois exemplos bem elucidativos, dos muitos apresentados hoje nos noticiários.

No primeiro, foram destapadas compras em que os artigos requisitados, por exemplo marcadores coloridos, o foram em grande quantidade por preço unitário cerca de mais de 50 vezes mais alto do que o constante da tabela do concurso. Um marcador, cujo custo unitário era de 80 cêntimos, adquirido ao preço, unitário também, de 41€. Numa operação de “ónestidade” de muitos milhares de peças.

No segundo, veio ao de cima a habilidade e sentido de criatividade verdadeiramente “portugas”,

Quando o preço era de, por exemplo, 3,32€, a mãozinha marota apenas desviava a vírgula uma casa para a direita, ficando o preço a 33,2€. Era como que um ligeiro lapso de que ninguém – ninguém! – se apercebia!

Pois… Venham-me para cá todos abespinhados comigo, porque insulto os portugueses que são o cúmulo da “ónestidade”! Que os ladrões são apenas os políticos e “eles”, sejam lá “eles” quem forem, que nós não somos certamente!

O que – para além da situação a que chegámos – borra a pintura de quadro tão idílico e estraga o conceito, é que os políticos são “nós” na função investidos e “eles” são nós também, só que nunca o circunstancial orador.

Click, para ampliar

2 comentários:

António Lopes disse...

Clickar para ampliar?! E a vírgula não muda mais para a direita?!

Ruvasa disse...

Confesso que essa não entendi, caro António.