Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 1 de março de 2012

2895. O estatuário

Ora então, aprendamos um pouco mais, porque somos demasiados a não saber e apenas sabendo se compreende com conhecimento de causa e se ama.

E seremos cada vez menos a falar do que não sabemos, porque não há atrevimento como o da ignorância...


O estatuário

Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro, membro a membro, e depois feição por feição, até à mais miúda; ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos; aqui desprega, ali arruga, acolá recama; e fica um homem perfeito, e talvez um santo que se pode pôr no altar.

Pe António Vieira, “Sermão do Espírito Santo”

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