Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 14 de maio de 2012

2946. As bichas de racionamento


D epois da aventura do 1º de Maio, em que dezenas de milhares de desgraçados “raparam” de cem euros cada um e foram para as bichas do Pingo Doce, mostrar como dinheiro é escasso, depois de ter sido amealhado, mais do que nunca, de há 20 anos para cá, nos cofres das contas bancárias das várias classe médias que por aí pululam à míngua, agora calhou a vez de Armação de Pêra.

Mais um exemplo impressionante de como a crise está a afectar os portugas foi dado este fim-de-semana, naquela, praia algarvia.

A crise é tão grande, tão violenta, tão desmedida, tamanha, que a oferta de produtos de primeiríssima necessidade se mostra incapaz de satisfazer todos os necessitados que buscam um pequeno conforto – por mais ínfimo que seja – que lhes amenize as agruras do dia-a-dia.

Foi então que tiveram de recorrer a meios drásticos, para tentar, numa fila interminável, conseguir um lugar que lhes permitisse obter o produto de que tanto estavam a necessitar para o sustento no dia que aí vinha.

E a solução qual foi? Começarem a formar “bicha” às onze da noite da véspera, esperando pelo manhã seguinte em que, de permeio com uns quantos empurrões, certamente imensos palavrões e outros gestos de delicadeza extrema, que isto de boa educação e civismo é apenas com os pobrezinhos todos muito bem educadinhos, arrancarem para si e para os seus o produto tão desejado e tão necessário à respectiva subsistência.

E, como a crise é geral, a todos contemplando, era “malta” de todos os recantos do país, do Minho ao Algarve e só não até Timor, porque entretanto o Império… fora-se, oh, fora-se!

Mas que produto de primeiríssima necessidade é esse, que obrigou as pessoas a passarem uma noite inteirinha sentadas em cadeiras de plástico ou deitadas em soleiras de portas, na esperança de não perderem a oportunidade de matarem a fome que os atormentava?

Se é fome, só pode ser de pão, arroz? Ou batatas, cuja falta tanto os tem feito sofrer!

Não, que ideia. Trata-se de produto de muito maior carência e necessidade, que satisfaz as mais primárias necessidades de qualquer ser humano que se preze, ainda que sem dinheiro para o adquirir:

O toldo de praia !!!

Portugal está assim, que se lhe há-de fazer?

Nota:
Eu não estive lá porque, como bom capitalista, fiquei em casa, aqui na margem do Sado, a comer roer cartilagens de camarão do fino e cascas de lagosta da grossa, que é com o que diariamente mato a desgraçada da fominha.

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