Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sábado, 15 de setembro de 2012

2980. A hipocrisia dos cobardes



A s críticas aceradas que se ouvem de grande parte dos economistas da nossa praça e aparentados revestem carácter mais hipócrita do que as do cidadão comum.

No fim de contas eles sabem – estão fartos de saber!... – que, para as soluções que o governo está a tomar, pressionado pelas exigências dos representantes dos nossos credores internacionais, ou seja, os membros da troika, não há alternativa.

E sabem igualmente – estão mais do que fartos de saber!... – que, aconteça o que acontecer, nada  poderá impedir este caminho, sob pena de cairmos na maior tragédia de sempre da nação portuguesa após a perda da independência em 1580.

Se não tivessem a consciência destas duas realidades amargas, nenhum deles se atreveria a fazer declarações completamente insólitas que temos ouvido nos últimos dias.

Imagine-se qualquer um deles a ter que explicar como aplicaria a receita que está implícita (apenas implícita, por falta de coragem de a dizer claramente) no que afirma – ou mesmo a governar segundo tal receita. Alguém com dois dedos de testa, de capacidade de inteligir, acredita que fariam diferente se estivessem nas condições do governo?

O resultado não seria melhor do que a palermice da proposta “alternativa” que Tozé Seguro – a quem diariamente a máquina de propaganda que continua em funções no Largo do Rato incute dois ou três soundbytes bem sonoros e completamente abstrusos, proferidos em pose balofa – proposta essa que teve parto extremamente complicado e, logo à chegada, se viu ser completamente inexequível e tola. Tanto esforço de meninges, tanto tempo de parto, para logo ser deitado para o caixote das coisas imprestáveis!

A atitude que têm vindo a tomar, explica-se, pois, nesta frase que no silêncio do segredo do seu íntimo, para si próprios proferem:

- Deixa-me cá retocar a imagem perante o "respeitável público", dizendo coisas que lhe agradam, embora saiba que não passam de demagogia irresponsável, porque, no fim de contas, eu não decido nada. Falo apenas, como “a irmã do Solnado”, pelo vício de dizer coisas, de aparecer cinco minutos na TV, e, na disputa com os meus iguais, não ficar com o ferrete de não ter alinhado com a insanidade geral. Como não sou eu que tenho de que decidir, posso dizer tudo o que me venha à cabeça.

Na verdade, se eles não tivessem a certeza de que, digam o que disserem, nada pode ser alterado, jamais se atreveriam a tanto, porque a alternativa é sermos largados completamente desamparados, no mundo da realidade.

É a bem conhecida hipocrisia dos cobardes.

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