Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal
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domingo, 4 de novembro de 2012

3033. Comparar o incomparável




Há quem seja levado a comparar casos incomparáveis, como sejam o da Islândia e o nosso. Puro engano.

A Islândia não pode ser comparada aos restantes casos, porque não é desta história. O caso islandês foi uma questão de especulação financeira, com vigarices à mistura. Nada, pois, tem que ver com o nosso caso.

E uma coisa é governar um povo de pouco mais de 300 mil habitantes, ou seja, cerca de 40 mil habitantes mais do que a Madeira ou a lotação de 5 estádios do Benfica e outro, muito diverso, um país de 10 milhões.

Relativamente à Irlanda, tem menos de metade da nossa população (c. 4.500 milhões) e entrou em crise aguda – e, como tal, reconhecida – em 2008

Quanto ao caso da Irlanda, há que argumente que está já a levantar-se, enquanto nós continuamos de rastos. Ora, tal afirmação revela um menor cuidado de análise dos factos.

Vejamos: a Irlanda era um Estado com fortes políticas sociais, algumas de cunho extremamente duvidoso, com os moradores de Dublin a não pagarem água, artistas a não pagarem IRS e mais uma panóplia de medidas demagógicas injustificáveis, em face das possibilidades do País. Até aqui tal como nós. Na questão de produtividade, se bem que embora nada de espantar, é que a Irlanda nos batia e à Grécia. Também não precisava de grande esforço para tal, já que nós e os gregos somos de longe os verdadeiros campeões da ausência de produtividade que se veja.

A crise da Irlanda teve o seu auge e começou a ser combatida a partir de 2008, há portanto quatro anos, enquanto que entre nós a crise só foi reconhecida, e mesmo assim à força, em Abril de 2011 e o combate teve início em Junho do mesmo ano, ou seja há ano e meio.

A Irlanda leva-nos, pois, mais de três anos de avanço. E só agora está a começar a levantar a cabeça. Entretanto, não houve por lá as convulsões sociais da Grécia e que alguns almejam que haja por cá também. Se elas tivessem acontecido, certamente que a Irlanda não estaria a recuperar como está.


A Grécia, por sua vez, está em crise e sem minimamente a combater a sério vai para seis anos.


Sermos como a Irlanda ou como a Grécia está apenas nas nossas mãos, na nossa vontade.


É isto que todos devemos perceber e, em consciência, decidir. E não embarcar em aventuras, por mais loas envenenadas que os que nos puseram nesta lamentável situação cantem por aí, sejam eles socialistas, social-democratas ou centristas, que todos têm – embora uns mais do que outros – culpas no cartório.


Quem não é para esta triste história chamado são os actuais governantes, que em nada contribuíram para a situação.


Mas foram chamados, isso sim, para tentarem dela nos tirar, pelo que mereceriam algum benefício de dúvida e mesmo consideração.


A prova de que assim é está – iniludível – nos ataques descabelados que sofrem diariamente, sem dó nem piedade, por parte não apenas de socialistas revanchistas, como de social-democratas despeitados por se verem metidos no mesmo saco, embora com responsabilidades bem menores do que as do PS.


2012 Nov 04


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

2876. Os gregos estão a começar a perceber...

Finalmente, quase dois anos depois, o bom senso, ou tão somente o senso comum, está a regressar às ruas e consciências gregas.

A agitação social, as greves sucessivas e desenfreadas, os tumultos diários, os saques infindáveis, a destruição imparável, o caos arrasador, a completa insanidade estão, por força das circunstâncias – que sempre tiveram muita força – a aproximar-se do necessário termo, para que possa haver lugar à indispensável reconstrução.

É, porém, caso para perguntar: será que os gregos ainda se vão a tempo?

Tenho por mim que sim, embora com bem maiores dificuldades e com uma crise de duração infinitivamente superior à que seria se se tivessem consciencializado da necessidade de actuar com calma, serenidade e trabalho conjunto, prescindindo de direitos e regalias não conformes com as possibilidades do país há ano e meio atrás,

Mesmo que não a tempo de recuperarem por inteiro o seu lugar na Europa comum, pelo menos teriam o ganho de terem aprendido, com a lição recebida, a não correrem atrás de miragens de vida fácil e despreocupada, sem trabalho e sem canseiras.

Sim, os gregos demoraram dois anos, mas estão a começar a perceber com quantos paus se faz uma canoa!

A demora parece não abonar muito a capacidade de apreensão grega, mas antes tarde do que nunca!