Aqui vão sendo deixados pensamentos e comentários, impressões e sensações, alegrias e tristezas, desânimos e esperanças, vida enfim!
Assim se vai confirmando que o Homem é, a jusante da circunstância que o envolve, produto de si próprio. 2004Jul23
Tenho corrido meio mundo e por todo o lado tenho visto que todas as terras, por mais pequenas que sejam, se se apanham com um espelhito de água, aproveitam-no ao máximo, para conforto espiritual dos aborígenes e exploração dos bolsos dos adventícios, no turismo.
Pois imagine que, tendo Setúbal uma baía de uma gradiosidade e de uma beleza como tenho visto muito poucas, estas gentes têm a cidade virada de costas para a sua baía.
Quer acreditar que a frente da cidade para o rio, tem total de uns bons 7 a 10 quilómetros. Pois, disso tudo, apenas uns míseros 400 metros dão acesso à baía! O resto está atulhado de barracões e o diabo a sete!
Imagine que, aqui há uns 15 anos, quando livraram as docas de Lisboa de entulho, para oferecerem aos lisboetas acesso ao mar, na hoje chamada zona de recreio das "Docas", aqui em Setúbal, EM PLENA CIDADE, tiveram o atrevimento de construir um porto de exportação de carros, no único espaço que estava livre!
E quer saber mais? Não houve um só autarca que levantasse a voz contra a Administração do Porto! E não houve sequer um grito audível na Comunicação Social, nem movimento de massas. Nada!
Mais: agora, depois de dezenas de anos a esburacar a Serra da Arrábida, destruindo um inestimável património de flora, do tipo jurássico, a concessão da cimenteira Secil estava a acabar. Íamo-nos ver livres daquele atentado!
Pois bem: o sr. José Sócrates, enquanto ministro do Ambiente do governo Guterres quis trazer os resíduos industriais para a Secil, para aqui serem queimados. Não conseguiu, na altura. Mas avisou que, na primeira oportunidade o faria.
Quer saber? Quando das últimas eleições legislativas, em Fevereiro de 2005, sendo ele candidato a primeiro-ministro, toda a gente sabia que uma das primeiras medidas que tomaria, seria a de avançar com a co-incineração. E reafirmou-o na campanha eleitoral!
Quer saber mais? Tendo conhecimento disto, então não é que esta cambada de "xarrocos" foi votar em massa no tipo, dando-lhe, também aqui, maioria absolutíssima? Isto é malta masoquista ou palerma, ou não?
Nos anos 20, esta terra à beira Sado era considerada a 3ª. cidade do País em importância e a porta do Alentejo, pois Setúbal fica para além do Tejo e nada tem a ver com Lisboa, que é, também, uma linda cidade à beira Tejo e respeitável capital de Portugal.
Mais, esta cidade de Setúbal, capital de um Distrito de excepciomais potencialidades, nunca teve um plano estratégico de cidade, onde o turismo deveria aparecer como grande âncora de desenvolvimento. Mas pelo sim pelo não, resolveram enfiar-lhe, sem quaisquer contrapartidas com as indústrias mais poluentes e com toda a qualidade de lixos que outros fazem e que nós temos de "gramar".
Quanto àquilo que se chama uma das mais Belas Baías do Mundo, lembro o que disse um pescador quando a televisão lhe perguntou o que ele pensava dessa atribuição:
"Isto faz-me lembrar aquelas mulheres muito bonitas, mas que andam com as cuecas todas cagadas..."
Depois, foi-se degradando inexoravelmente. E, depois das parvoíces políticas aqui feitas pelo Antigo Regime, veio o 25 de Abril e o pior é que nada melhorou de imediato e, pelo contrário, tudo piorou e... muito.
Depois de muito esforço, lá se começou a erguer algo. Até que, por incapacidade de autarcas e outros monarcas, a cidade começou a andar para trás, como a sapateira e, de há 10, 12 anos para cá, tem sido um marcar passo assustador, de tal modo que não há vilória (quase diria, aldeola) aí à volta que não esteja mais desenvolvida.
Setúbal, a bela, histórica e milenar Setúbal, foi, por via da muita incompetência que por aqui grassou e grassa, altamente lesada, tendo parado no tempo.
E não vemos jeitos de isto mudar de rumo.
Se não vajemos:
Só no distrito, temos Almada bem melhor e mais desenvolvida que Setúbal - que é a capital. Isto para não falar do Montijo que vai crescendo a olhos vistos, do Seixal, do Barreiro, do próprio Pinhal Novo. Não já de Palmela, pelas adversas condições orográficas.
E ninguém deita mão à cidade, ao concelho, que está vazio de estruturas e vida, limitando-se a meia dúzia de fábricas "ranhosas" e poluentes, de três ou quatro equipamentos dos que já não se usam em outros locais mais avançados, como, por exemplo, a porcaria do "Jumbo", Pão de Açúcar.
Basta dizer que em Setúbal existe apenas um "centro comercial" tão mísero, tão mísero, que não terá mais do que 15 a 20 lojecas.
Quando se quer comprar algo de jeito, tem-se que ir a Lisboa, a Almada, a Alcochete ou ao Montijo.
Maior miséria, é difícil de encontrar. E quem, como eu, tem por hábito correr o país, de Norte a Sul, com alguma frequência, sente um enorme vazio sempre que regressa a casa e depara com uma vilória provinciana, tosca mesmo, com monumentos idiotas a enfeitar rotundas e jardins e toda a gente recolhida em casa, a partir das 19 horas, pois que não há - positivamente não há!... - para onde ir, onde se conviver.
Páro por aqui, porque, sempre que começo a falar nestas coisas irrito-me e a vontade que me dá é de um dia ir a uma sessão pública da Câmara ou da Assembleia Municipal e perguntar aos políticos que nos desgovernam se o resultado do seu insano trabnalho é esta tristeza que vemos e em que vivemos e que só revela a incompetência de quem tem tido os destinos da cidade e do concelho a seu inteiro (des)cuidado.
E fazer-lhes, também, em conjunto, uma segunda lergunta: se não têm vergonha na cara pela porcaria de serviço que têm prestado ao concelho e à cidade. Serviço que considero criminoso, por lesivo dos interesses da região e dos setubalenses, qunado menos por omissão culposa.
Eu entendo perfeitamente as suas preocupações e tudo o que pensa desta e para esta linda cidade e dos "atentados ao pudor" de que foi alvo ao longo da sua existência.
Mas verdade, verdadinha, que continuo a pensar que ainda era tempo de se elaborar um plano estratégico para a cidae, onde se compatibilize o Turismo, a Indústria e a cultura, mudando todo o panorama actual da urbe.
Mais encontre-se um motivo, uma obra, três ou quatro eventos certos, enfim qualquer coisa que seja apelativa (ex: Bilbao), que chame a atenção do grande público, dêem-lhe um bom porto de abrigo para barcos de recreio e as necessárias infraestruturas em terra para o efeito e verão esta Cidade e esta Bela Baía ser conhecidas do mundo inteiro.
E mais haveria para dizer, mas ninguém é profeta na sua terra e a "partidarite aguda" não deixa funcionar a cidadania e a democracia participativa.
Estar-se a tempo de remediar as coisas e algo se fazer que jeito tenha, está-se sempre. O que é preciso é vontade e competência. Que é precisamente o que não tem havido. E o resultado é este que vemos:
Uma cidade completamente ultrapassada, parada no tempo, em que os habitantes têm que se deslocar a Lisboa, ao Montijo, a Alcochete ou a Almada para fazer compras decentes;
Uma cidade que não tem um único ponto de encontro para os suas gentes (na verdade, onde é que os setubalenses podem passear e encontrar-se para conviver);
Uma cidade que tem uma frente de água absolutamente fenomenal e é como se vivesse no interior;
Uma cidade que não merece os incompetentes governantes que tem tido.
Apenas mais um exemplo. Pequeno, mas elucidativo:
Toda a baixa pedonal poderia constituir, com facilidade e gastos não muito elevados, um local de eleição - e original - para compras e convívio dos cidadãos.
Para tal bastaria que nas ruas e no Largo da Misericórdia se construísse um tecto de armação de ferro e vidro que abrigasse - durante todo o ano - de chuvas e de outras tempestades.
Quem já passou por Milão e Nápoles, por exemplo, certamente que conhece as galerias Victor Emanuelle. Uma solução nesse género, mas a custar muito menos do que aquelas.
Mas qual quê? Alguém faz alguma coisa? Alguém pensa sequer em fazer alguma coisa?
No entanto, os célebres comerciantes sadinos - os tais que nada fazem nem nada deixam fazer, que foram sempre, ao longo de décadas os fautores do atraso endémico da cidade - nunca tiveram quem os metesse na ordem e os obrigasse a tomar as opções de que, afinal, seriam eles os primeiros beneficiados.
Sinceramente, depois de quase 30 anos a viver por aqui, acho difícil que Setúbal saia deste marasmo, desta pasmaceira.
No distrito, Setúbal é que é agora - e já de há bons anos a esta parte - a verdadeira "aldeia galega".
6 comentários:
Essa cidade e linda tanto de noite como de dia!
Um abraco serrano.
Viva, Albino!
Só tem dois defeitos:
Tem tido uns autarcas que são uma desgraça.
Os setubalenses não merecem a região que têm.
Tenho corrido meio mundo e por todo o lado tenho visto que todas as terras, por mais pequenas que sejam, se se apanham com um espelhito de água, aproveitam-no ao máximo, para conforto espiritual dos aborígenes e exploração dos bolsos dos adventícios, no turismo.
Pois imagine que, tendo Setúbal uma baía de uma gradiosidade e de uma beleza como tenho visto muito poucas, estas gentes têm a cidade virada de costas para a sua baía.
Quer acreditar que a frente da cidade para o rio, tem total de uns bons 7 a 10 quilómetros. Pois, disso tudo, apenas uns míseros 400 metros dão acesso à baía! O resto está atulhado de barracões e o diabo a sete!
Imagine que, aqui há uns 15 anos, quando livraram as docas de Lisboa de entulho, para oferecerem aos lisboetas acesso ao mar, na hoje chamada zona de recreio das "Docas", aqui em Setúbal, EM PLENA CIDADE, tiveram o atrevimento de construir um porto de exportação de carros, no único espaço que estava livre!
E quer saber mais? Não houve um só autarca que levantasse a voz contra a Administração do Porto! E não houve sequer um grito audível na Comunicação Social, nem movimento de massas. Nada!
Mais: agora, depois de dezenas de anos a esburacar a Serra da Arrábida, destruindo um inestimável património de flora, do tipo jurássico, a concessão da cimenteira Secil estava a acabar. Íamo-nos ver livres daquele atentado!
Pois bem: o sr. José Sócrates, enquanto ministro do Ambiente do governo Guterres quis trazer os resíduos industriais para a Secil, para aqui serem queimados. Não conseguiu, na altura. Mas avisou que, na primeira oportunidade o faria.
Quer saber? Quando das últimas eleições legislativas, em Fevereiro de 2005, sendo ele candidato a primeiro-ministro, toda a gente sabia que uma das primeiras medidas que tomaria, seria a de avançar com a co-incineração. E reafirmou-o na campanha eleitoral!
Quer saber mais? Tendo conhecimento disto, então não é que esta cambada de "xarrocos" foi votar em massa no tipo, dando-lhe, também aqui, maioria absolutíssima? Isto é malta masoquista ou palerma, ou não?
Agora andam por aí a choramingar, feitos idiotas!
Abraço
Ruben
Amigo Ruben
Nos anos 20, esta terra à beira Sado era considerada a 3ª. cidade do País em importância e a porta do Alentejo, pois Setúbal fica para além do Tejo e nada tem a ver com Lisboa, que é, também, uma linda cidade à beira Tejo e
respeitável capital de Portugal.
Mais, esta cidade de Setúbal, capital de um Distrito de excepciomais potencialidades, nunca teve um plano estratégico de cidade, onde o turismo deveria aparecer como grande âncora de desenvolvimento. Mas pelo sim pelo não, resolveram enfiar-lhe, sem quaisquer contrapartidas com as indústrias mais poluentes e com toda a qualidade de lixos que outros fazem e que nós temos de
"gramar".
Quanto àquilo que se chama uma das mais Belas Baías do Mundo, lembro o que disse um pescador quando a televisão lhe perguntou o que ele pensava dessa atribuição:
"Isto faz-me lembrar aquelas mulheres muito bonitas, mas que andam com as cuecas todas cagadas..."
Voltaremos a falar do assunto.
Um Abraço
AAlves
Viva, AA!
Pois, Amigo, mas isso era então.
Depois, foi-se degradando inexoravelmente. E, depois das parvoíces políticas aqui feitas pelo Antigo Regime, veio o 25 de Abril e o pior é que nada melhorou de imediato e, pelo contrário, tudo piorou e... muito.
Depois de muito esforço, lá se começou a erguer algo. Até que, por incapacidade de autarcas e outros monarcas, a cidade começou a andar para trás, como a sapateira e, de há 10, 12 anos para cá, tem sido um marcar passo assustador, de tal modo que não há vilória (quase diria, aldeola) aí à volta que não esteja mais desenvolvida.
Setúbal, a bela, histórica e milenar Setúbal, foi, por via da muita incompetência que por aqui grassou e grassa, altamente lesada, tendo parado no tempo.
E não vemos jeitos de isto mudar de rumo.
Se não vajemos:
Só no distrito, temos Almada bem melhor e mais desenvolvida que Setúbal - que é a capital. Isto para não falar do Montijo que vai crescendo a olhos vistos, do Seixal, do Barreiro, do próprio Pinhal Novo. Não já de Palmela, pelas adversas condições orográficas.
E ninguém deita mão à cidade, ao concelho, que está vazio de estruturas e vida, limitando-se a meia dúzia de fábricas "ranhosas" e poluentes, de três ou quatro equipamentos dos que já não se usam em outros locais mais avançados, como, por exemplo, a porcaria do "Jumbo", Pão de Açúcar.
Basta dizer que em Setúbal existe apenas um "centro comercial" tão mísero, tão mísero, que não terá mais do que 15 a 20 lojecas.
Quando se quer comprar algo de jeito, tem-se que ir a Lisboa, a Almada, a Alcochete ou ao Montijo.
Maior miséria, é difícil de encontrar. E quem, como eu, tem por hábito correr o país, de Norte a Sul, com alguma frequência, sente um enorme vazio sempre que regressa a casa e depara com uma vilória provinciana, tosca mesmo, com monumentos idiotas a enfeitar rotundas e jardins e toda a gente recolhida em casa, a partir das 19 horas, pois que não há - positivamente não há!... - para onde ir, onde se conviver.
Páro por aqui, porque, sempre que começo a falar nestas coisas irrito-me e a vontade que me dá é de um dia ir a uma sessão pública da Câmara ou da Assembleia Municipal e perguntar aos políticos que nos desgovernam se o resultado do seu insano trabnalho é esta tristeza que vemos e em que vivemos e que só revela a incompetência de quem tem tido os destinos da cidade e do concelho a seu inteiro (des)cuidado.
E fazer-lhes, também, em conjunto, uma segunda lergunta: se não têm vergonha na cara pela porcaria de serviço que têm prestado ao concelho e à cidade. Serviço que considero criminoso, por lesivo dos interesses da região e dos setubalenses, qunado menos por omissão culposa.
Abraço
Ruben
Olá amigo Ruben
Eu entendo perfeitamente as suas preocupações e tudo o que pensa desta e para esta linda cidade e dos "atentados ao pudor" de que foi alvo ao longo da sua existência.
Mas verdade, verdadinha, que continuo a pensar que ainda era tempo de se elaborar um plano estratégico para a cidae, onde se compatibilize o Turismo, a
Indústria e a cultura, mudando todo o panorama actual da urbe.
Mais encontre-se um motivo, uma obra, três ou quatro eventos certos, enfim qualquer coisa que seja apelativa (ex: Bilbao), que chame a atenção do grande público, dêem-lhe um bom porto de abrigo para barcos de recreio e as necessárias infraestruturas em terra para o efeito e verão esta Cidade e esta Bela Baía ser conhecidas do mundo inteiro.
E mais haveria para dizer, mas ninguém é profeta na sua terra e a "partidarite aguda" não deixa funcionar a cidadania e a democracia participativa.
Um abraço
AAlves
Viva, AAlves!
Estar-se a tempo de remediar as coisas e algo se fazer que jeito tenha, está-se sempre. O que é preciso é vontade e competência. Que é precisamente o que não tem havido. E o resultado é este que vemos:
Uma cidade completamente ultrapassada, parada no tempo, em que os habitantes têm que se deslocar a Lisboa, ao Montijo, a Alcochete ou a Almada para fazer compras decentes;
Uma cidade que não tem um único ponto de encontro para os suas gentes (na verdade, onde é que os setubalenses podem passear e encontrar-se para conviver);
Uma cidade que tem uma frente de água absolutamente fenomenal e é como se vivesse no interior;
Uma cidade que não merece os incompetentes governantes que tem tido.
Apenas mais um exemplo. Pequeno, mas elucidativo:
Toda a baixa pedonal poderia constituir, com facilidade e gastos não muito elevados, um local de eleição - e original - para compras e convívio dos cidadãos.
Para tal bastaria que nas ruas e no Largo da Misericórdia se construísse um tecto de armação de ferro e vidro que abrigasse - durante todo o ano - de chuvas e de outras tempestades.
Quem já passou por Milão e Nápoles, por exemplo, certamente que conhece as galerias Victor Emanuelle. Uma solução nesse género, mas a custar muito menos do que aquelas.
Mas qual quê? Alguém faz alguma coisa? Alguém pensa sequer em fazer alguma coisa?
No entanto, os célebres comerciantes sadinos - os tais que nada fazem nem nada deixam fazer, que foram sempre, ao longo de décadas os fautores do atraso endémico da cidade - nunca tiveram quem os metesse na ordem e os obrigasse a tomar as opções de que, afinal, seriam eles os primeiros beneficiados.
Sinceramente, depois de quase 30 anos a viver por aqui, acho difícil que Setúbal saia deste marasmo, desta pasmaceira.
No distrito, Setúbal é que é agora - e já de há bons anos a esta parte - a verdadeira "aldeia galega".
Abraço
Ruben
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