1133. O estado do governo!
Nesta questão do estudo do aeroporto alternativo ao da Ota, as coisas assumiram aspectos realmente preocupantes.
Preocupante é constatar-se que aparece um estudo que é entregue ao presidente da república, com a aparência de coisa independente e séria, acabando-se por se saber que, afinal, no mínimo, só foi apresentado ao presidente e ao “estimável público” depois de combinada a autorização do chefe do governo – governo esse que já afiormara que só a Ota contava... – , circunstância que se escondera, o que não é respeitável;
Preocupante é constatar-se, ao que parece e se intui do que se lê e ouve, enquanto, pela boca do seu indescritível ministro Lino, propalava urbi et orbe que margem sul “jamais, jamais”, o governo preparava também outras “experiências” que servissem para que, aparentando maior abertura de espírito, mais se reforçasse na sua posição fechada e autoritária e que, no caso vertente, muito prejudica o país;
Preocupante é constatar-se, por enquanto pelo menos, que há em todo o processo algo com um indisfarçável travo de dolo que deveria ser absolutamente arredado de qualquer actividade levada a efeito por uma entidade como deve ser um governo português, qualquer que ele seja;
Preocupante é constatar-se que existe neste governo um ministro – o tal que é impossível descrever – que, no dia imediato a ter, em plena Assembleia da República, afirmado solenemente (em discurso lido, portanto premeditado!) que Alcochete era um assunto a estudar também – recebe no ministério uma delegação de autarcas e outras gentes, defensores da Ota, a quem – pelo que o porta-voz destes afirmou à saída, sem que o ministro até hoje o contradissesse – “descansou” quanto à possibilidade de o aeroporto ali não ser construído;
Preocupante é constatar-se que tal ministro das duas uma: mentiu na Assembleia, perante uma plateia de gente séria e preocupada ou mentiu no ministério perante uma Assembleia de gente séria e preocupada. Em qualquer dos casos mentiu a plateias de gente séria. E mentiu porque ou Alcochete ainda vai ser estudado em conjunto com a Ota e, então, nada está definitivamente decidido e, por isso, não pode ter descansado os defensores da Ota, ou, então, tudo está já decidido e a hipótese Alcochete nem sequer vale a pena ser considerada;
Preocupante é constatar-se que, perante tudo isto, há cada vez mais cidadãos portugueses a entenderem – e com todo fundamento - que não é possível acreditar no que o governo no seu todo ou através de membros seus individualmente considerados, ou, pior ainda, do seu chefe que, não só não mete ordem no convento, como vai ajudando à “farra”, com manifesta falta de aptidão para controlar um governo minimamente credível e aceitável;
Preocupante é constatar-se que o governo, para lá de não servir, por incompetência e falta de credibilidade, é sinuoso nas intenções e mais ainda na forma como se apresenta perante os portugueses e, finalmente, vem num crescendo imparável de falta de consideração pelos cidadãos que é suposto proteger, respeitar e bem governar dentro de parâmetros da mais estrita democracia;
Preocupante é constatar-se que cada vez mais – e por extensão – é-se levado a considerar que, contrariamente ao que sempre se supôs, o Estado, se foi pessoa de bem, tudo leva a crer que terá deixado de o ser, por acção de agentes seus que têm como estrito dever preservar essa sua putativa condição.
É que – como toda a gente bem sabe – pessoa de bem não mente, nem deixa que se minta, não é sinuosa nas palavras e menos ainda nas intenções, não promete a uns algo que contraria o já a outros assegurado, não faz bluff como qualquer canhestro aprendiz de poker manhoso.
Pessoa de bem diz e faz amanhã o que ontem disse e fez e, se tiver que alterar o discurso e a prática, justifica por meios sérios e jamais evasivos essa sua nova opção. Mesmo em política e talvez mais em política. Porque a política é, como se sabe, a arte de gerir o possível, não a arte de ludibriar o mais possível....
10 comentários:
Nem mais! :)))
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I.
Viva, Isabel!
Isto está a pôr-se mesmo feio. Não restam já dúvidas de que o governo tem orientação autoritária e feição de duvidosa democraticidade.
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Ruben
O tabuleiro está assente numa mesa rotativa. E socrates vai jogando, à vez, de um e do outro lado.
Abraço
Viva, Carneiro!
Se fosse apenas isso, até nem haveria grandes razões de queixa. Ninguém é ingénuo nem quer que o governo o seja.
No entanto, é muito pior do que isso e já ultrapassa tudo o que é admissível - e até o inadmissível - em Estado democrático.
Abraço
Ruben
Estamos perante um DITADOR em potência, e como diria a Senhora minha Avó 'isto não me cheira nada bem'! :)))
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I.
Pois ...tudo isto é verdade ... mas qts dos q agora criticam não foram os q votaram democráticamente para estes seguidores do estilo "Guterrista" estejam no governo??!!! Os "tugas" tem mesmo memória curta ... Votaram ... agora aturem-nos.
Pedro Magalhães
Viva, Isabel!
Mas a Senhora sua Avó tinha certamente a sabedoria dos anciãos.
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Ruben
Viva, Pedro!
Concordo em absoluto consigo.
Ninguém pode alegar que não sabia... ou, pelo menos, desconfiava.
Assim sendo, têm o que procuraram.
Abraço
Ruben
Meu Bom Amigo
Já há dias disse que o Governo em exercício é liberal o que, do ponto de vista filosófico, é um contra-senso, e na ordem política é uma mentira.
O governo do PS que tem vindo a abusar do poder que julga lhe foi conferido pelo voto popular, é um poder dominado pelo liberalismo individualista e socialista e, também, pelo espírito de partido.
A crise por que estamos a passar, sufoca a força criadora de toda a iniciativa e daí só podem resultar inconvenientes. E o governo, em vez de tentar resolver os problemas do momento (desemprego), anda a enganar os portugueses com histórias menos sérias, enganando-nos e enganando-se a si próprio.
Um abraço
AAlves
Viva, Alves!
Realmente...
Abraço
Ruben
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