Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sábado, 1 de setembro de 2007

1229. Os porquês da pausa e do regresso

A pausa que fiz nos comentários e zurzimentos políticos, embora possa parece resultar dos langores da época estival, num país que consegue o verdadeiro milagre de ainda parar mais neste tempo do que já faz durante o resto do ano, não se ficou a dever a tal circunstância.

Pelo contrário, alicerçou-se no continuado vómito que as andanças políticas cá do burgo me vêm causando em acelerado crescendo
- basta constatar a faltas de capacidade, as falhas de carácter, os rios de chico-espertismo saloio que por aí campeiam e os sucessivos atropelos à legalidade e, pior do que isso, à legitimidade democrática, como, a título de exemplo, a questão da não averiguação e democrática punição, sendo caso disso (obrigatória em qualquer país regido por mínimos aceitáveis de decência), da autoria da ilicitude criminal de fazer inserir, em documentos oficiais da República Portuguesa, ao nível dos mais altos órgãos de soberania do país, de falsidades mais do que publicamente verificadas - mas igualmente pela constatação de que, tendo-se chegado ao último dos limites, já nada pára ninguém (talvez com receio de que, fazendo-o, parado venha a ser também) , pelo que nada há a fazer, a menos que se funde uma nova república, um novo país, um novo povo, o raio que os parta, enfim!

Por isso me dediquei a outros temas menos frustrantes, menos desgastantes para o coração.

Mas, dia vem - e há sempre um dia que vem... - em que a gente não aguenta mais e tem que desabafar, mesmo que corra o risco de ser chamado a "prestar contas" apenas por dizer o que lhe vai na alma - nada falsificando nem mandando falsificar, nada inventando nem mandando inventar - insurgindo-se contra verdadeiras barbaridades.

É o caso.


Há dias, todos assistimos nas TVs - e rádios e jornais - a uma peripécia verdadeiramente cómica e aterradora. Cómica, pelo nonsense que a motivou; aterradora pelo que revela do estado de espírito a que se chegou neste desgraçado país e pelo que antecipa do que nos espera.

Andei dias a tentar não vir aqui falar no assunto, mas chegado a este momento, tenho que dizer algo - não muito - para não rebentar. Até porque quem consente não é filho de boa e decente gente. E para filhos de gente de duvidosa moralidade e ética, gente bem rasca, sim, já há por aí em demasia...


Certamente que ouviu, leu, viu que o governo que nos desgoverna (e que Deus em Sua infinita sabedoria nunca mais se decide a levar daqui para fora, ilhas Caimão, por exemplo!), andou por aí a propalar, todo ufano (como se de um feito ilustre se tratasse), que uma grande parte dos hospitais portugueses já DÃO LUCRO e a lamentar que alguns ainda o não dêem, mas esperando que em breve o venham a fazer.


Então, que me diz?

Por mim, arranco cá das entranhas rasgadas de furor e sufocação:

- Porra, que é demais! Isto raia o inconcebível!!!

Mas, então, não há ninguém que deite mão a esta gente e acabe de vez com tais desmandos? Não bastava já o que bastava, para que agora também os hospitais públicos tenham virado empresas com fins lucrativos?
Mas a que estado de falta de pudor chegámos, para que um governo venha publicamente gabar-se de tal enormidade, que só o devia envergonhar?

E a todos nós, claro, porque consentimos barbaridades destas!

...

17 comentários:

Anónimo disse...

1ª Muito folgo em ver que o Ruben que eu conheço, voltou ao 'ataque'!...julgava que era silêncio das férias ;-)



«agora também os hospitais públicos tenham virado empresas com fins lucrativos?»

Mas...esta agora não percebi...Não são Vós, a 'malta de Direita', a favor de que tudo dê lucro?!...que é uma perda de tempo e dinheiro tudo o que não der lucro e melhore a economia do país?que se deve privatizar tudo para dar
lucro?etc...??!que os pobrezinhos estão sempre protegidos por subsídios/comparticipações do Estado??! ...Atão...o PS-Sócretino só está a fazer a política de Direita...



Beijinhos
**qd apareces por lá?tenho desenhos novos... ;-)

Agnelo Figueiredo disse...

É mesmo Fantástico!!!
Por acaso tem um link desta coisa?

Abraço

Ruvasa disse...

Viva, MJoão!

A malta de Direita não sei o que pensa; a malta de Esquerda não sei o que pensa. Nem quero saber. Estou-me borrifando para ambas. Basta-me saber o que eu penso. E o que eu penso é o pior possível destes trastes. E fundamentado.

Tenho lá ido. Não tens notado?

Beijinhos

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Agnelo!

Não, não tenho. Mas não deu por isso? Foi tão propalado!...

Abraço

Ruben

Anónimo disse...

Sobre o assunto, continuo a dizer que "só" estão a fazer a política de Direita...privatizar...Lucros...

Links:

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=849432&div_id=291


http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/XTItKgFYAKtMnlMnEq98zg.html



Beijinhos

H. Sousa disse...

Viva, Ruben!
Tenho verificado que os actuais "tios" não passam de merceeiros. Trabalhei numa mercearia na minha juventude e todos os produtos tinham que dar lucro, o pão, o leite, o bacalhau, o vinho, etc.. Competia ao Estado taxar de forma diferente para que o pão e o leite fossem mais acessíveis que o bacalhau e o vinho. Mas quando o Estado vira mercearia, tudo tem que dar lucro também. Rua com os merceeiros.
Abraços

Ruvasa disse...

Viva, Henrique!

De acordo, apenas com uma nuance que considero fazer todo o sentido: a actividade dos merceeiros é digna, legítima e, portanto, muito estimável. Outrotanto...

Abraço

Ruben

SILÊNCIO CULPADO disse...

As verdades têm que ser ditas e...exigidas.Ainda estamos num estado de direito embora às vezes eu já duvide.
Relativamente ao Serviço Nacional de Saúde toda a indignação é pouca. Há doentes cancerosos há um ano em lista de espera quando se sabe que cada dia que passa diminuem drasticamente as possibilidades de remissão da doença.
O marketing do poder não resolve tudo. Tal como não resolveu contratando crianças através de uma agência para uma exibição que pretendia demonstrar que a escola do futuro é um sucesso em Portugal.

Ruvasa disse...

Viva, Silêncio!

O Estado de Direito em que vivemos é apenas formal. E o mal está todo aí. Porque, se o não fosse, ou seja, se o conjunto dos cidadãos, devidamente instruídos, educados, informados e plenamente conscientes dos seus deveres, mas igualmente dos direitos que lhes assistem, certamente que seriam muito mais exigentes, obrigando a que os poderes que fossem sendo constituídos, se capacitassem de que há limites que não podem ser ultrapassados, invoque-se o que se invocar.

Como esse Estado certamente demorará muito ainda a chegar - isto se chegar... - pelo menos que alguns de nós tentemos ir modificando as coisas, porque como está - como tem vindo a estar - não pode continuar.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

ah não sabia ?

E a seguir são os tribunais ...
já se mede a produtividade e outros mimos assim.

(a) Tira Nódoas

Ruvasa disse...

Viva, Tira Nódoas!

E nos tribunais como será? O que será mais valioso? Maior número de condenações ou de absolvições?

Isto está a levar um caminho!...

Ruben

SILÊNCIO CULPADO disse...

Percebo o seu pensamento em relação à esquerda e à direita. A formatação partidária dá-nos uma visão muito redutora da realidade. Tudo o que uns fazem está bem e tudo o que os outros fazem está mal. Penso que devemos dar a nossa visão dos factos com algum distanciamento se queremos partilhar e ajudar a construir uma verdadeira consciência colectiva.

Ruvasa disse...

Viva, Silêncio!

Nem mais.

É o que pessoalmente tenho vindo a fazer - pelo menos a tentar - desde 1989, portanto de há 17 anos a esta parte, eu que estou inscrito no Partido Social Democrata desde 1978.

Abraço

Ruben

Al Cardoso disse...

Isto e que competencia, este (des)governo no seu melhor, e isto e entregar computadores!!!

Um abraco do d'Algodres.

Anónimo disse...

Só agora é que vi...as cartas-testamentos de MAria MAr...chiça!...sai cada um na rifa hein, Ruben?!
;-)
Beijinho

Ruvasa disse...

Viva, Maria João!

Sim, há pessoas que são menos concisas do que outras. Talvez por terem maior necessidade de se exprimir.

Beijinhos

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Al!

Ando desconfiado de que ainda não está no seu melhor, para mal dos nossos pecados.

Abraço

Ruben