Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

1303. O Tratado Reformador e o sofisma

A autoria da foto é da jugoslava Tanja Ostojic,
em alusão-réplica à obra de Gustave Courbet, "A origem do mundo".


Se é verdade o que dizem os canhenhos e a prática corrente, queira-se ou não, verdade indestrutível é a de que o Tratado Reformador da União Europeia que hoje, com toda a pompa e circunstância, é assinado com o subtítulo ou cognome ou aposto (à força) ou continuado (à socapa) ou lá o que for, de “Tratado de Lisboa”, nesta parte para satisfazer os egos (sim, o homem tem vários) de um PM que vamos tendo que sofrer na carne, nos ossos, na carteira e nos nervos à flor da pele, não passa de um sofisma.


Primeiro, porque a ideia de lhe chamarem “de Lisboa” é lisonjeira, mas não corresponde à verdade. É folclore puro e simples. E actua como actuava o saudoso Melhoral, ou seja, não faz bem, mas também não faz mal…

Todos sabemos, pelo menos os que ainda não estamos totalmente alienados pelas torrentes de propaganda – não à la Joseph Göebbels, de uma ditadura feroz e destruidora, mas que teve que ser levada a sério, mas sim à la Tarik el Aziz, igualmente de ditadura feroz e destruidora, porém de um ridículo atroz – que o acordo foi obtido na recta final da presidência alemã, tendo ficado para o sôr Sócrates, mailo sôr Amado, o mero encargo de dar redacção minimamente legível, arrumada e vertida para vários idiomas pelos serviços competentes da União, o que outros haviam decidido. À pressa, sim, mas decidido.

Depois, porque de reformador na verdadeira e bem intencionada acepção do termo, ou seja, que muda para melhor, portanto que melhora, que conserta, que repara, nada tem. Poderá ficar ao jeito de uns quatro ou cinco, mas evidentemente que não dos restantes 22. E o espírito inicial des messieurs Jean Monet e Robert Schumann, de 18 Abril 1951 (CECAM) e 25 Março 1957 (CEE), lá leva mais uma machadada rija, mesmo de alto a baixo. Razão terão os itralianos na sua asserção traduttore, tradittore

Finalmente, porque no processo tem surgido, cada vez com mais força e espaventoso espalhafato, o argumento de que não precisa de ser referendado, dado que também a adesão à então CEE o não foi. Bastará, pois, que os Parlamentos o façam, como legítimos representantes da vontade popular, em devido tempo suficientemente sufragada. Argumento que, como bem se vê, é característico de quem adere à democracia… mas pouco e só na medida das conveniências de passagem.

Ora, tudo isto constitui argumentação ou falso raciocínio formulados com o fim de induzir em erro, ou seja, a definição académica de sofisma.

O que a nós, portuguesitos de ginja, toca, pouco tal afectará. Afinal, também ninguém nos perguntou que opinião tínhamos acerca da Constituição da República que vamos tendo e tentamos cumprir, uns mais do que outros – curiosamente nesses “uns”, praticamente nenhuns dos que sucessivamente a tem vindo a alterar e redigir a seu bel-prazer – é certo, mas isso pouca importância terá porque, como é bem sabido, as leis fazem-se para encher o Diário da República e dar trabalho a umas quantas pessoas e rotativas, o que é mais do que suficiente, até porque provoca uma cansêra dos diachos.

Portanto, estamos entendidos.

Deixemo-los, pois, fazer a festa e estrelejar todos os foguetes, que nós cá estamos para pagar as despesas daquela e correr para destes apanharmos as canas, mandadas ao ar por meia dúzia de sacanas – os pirotécnicos, está visto!

4 comentários:

Isabel Magalhães disse...

ahahah! ahahah!

Boa! Boa!


Gostei de ter passado por cá! :)))




bj

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

E eu gostei de que por cá tivesse passado.

bj

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

Apareça no Oeiras Local. A sua opinião é importante.

bj
I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Tenho lá passado. Estive lá pela última vez há 3 ou 4 horas.

Vou voltar, agora.

Bj

Ruben