Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

1337. The Lisbon Summit

A propósito da Cimeira de Lisboa, escreveu no Jornal Público, de 9 do corrente, António Barreto um artigo que intitulou "O circo desceu à cidade".

Pelo interesse, transcrevo alguns trechos.

Depois de falar em trapezistas andróginos, papagaios alfabetos e outros palhaços, bem como de tigre amestrados e contorcionistas, entra no sumo da questão:


SERÁ NECESSÁRIO, para obter segurança, dialogar com criminosos, apertar a mão a torturadores, tratar quaisquer déspotas de democratas, esquecer guerras e fomes, deixar entre parêntesis a corrupção, alimentar a cleptocracia e debitar, com ar confiante, longos discursos de lugares-comuns optimistas congratulatórios? Será que o preço que tem de se pagar pela paz inclui a criação e a manutenção de uma Nomenclatura internacional imune, impune e "off shore"? Será que o próprio desta casta é o hotel de cinco estrelas, o caviar, os vintages caríssimos, a trufa branca e os aviões transformados em lupanares de luxo?

Prossegue:

A CIDADE DE LISBOA, como qualquer outra nas mesmas circunstâncias, ficou em estado de sítio. Em qualquer canto da cidade, de repente, uns nervosos polícias mandam parar carros e desviar transeuntes, ou atiram para as bermas tudo o que vive, a fim de dar lugar a luzidias
comitivas de topos de gama barulhentos e sirenes emproadas de importância. Estivéssemos nós sob ameaça nuclear e a diferença não seria grande: perímetros proibidos, áreas de segurança máxima, locais protegidos pela Armada e pela Força Aérea, centenas de gorilas mais ou
menos disfarçados e milhares de soldados e polícias nas esquinas ou pendurados nos telhados. Dezenas de carros blindados transportam estes senhores do pavilhão para o hotel, do centro de congressos para a sala de jantar. A distância que os separa de pessoas normais mede-se em
centenas ou milhares de metros. Têm medo de tudo, dos colegas, dos terroristas, dos opositores, dos criminosos, dos acidentes e das pessoas em geral. É cada vez mais o retrato da vida política actual: longe de todos, com receio de tudo. Mas com infinita arrogância.


E carrega nas cores:

É TRISTE O ESTADO a que chegou o mundo! Triste e irreversível. Se mudança houver, será para ainda pior. Os políticos vivem, deslocam-se, governam, reúnem e decidem como se fossem perseguidos, como se estivessem permanentemente cercados. Políticos, estrelas de cinema, bilionários e chefes da Máfia vivem assim. Rodeados de guarda-costas e protegidos por exércitos, são acompanhados por enormes comitivas a que não faltam médicos, enfermeiros, ambulâncias, cozinheiros, provadores, jornalistas e "escort services". Alguns não dispensam astrólogos, feiticeiros, psicólogos e "personal trainers". Os que, a exemplo de Sócrates, exigem correr ou fazer exercício mandaram reservar partes da cidade para poderem queimar toxinas e ser filmados em privado. Os políticos e seus poderosos equiparados vivem num mundo à parte, têm a sua própria geografia e governam-se pelas suas leis. De vez em quando, para serem filmados, esbulham o espaço público. A democracia trocou o Fórum e a Assembleia pela Nomenclatura e pela reserva de privilegiados. Os políticos olham para os povos como se estes fossem incómodos para as suas encenações. Mas os povos olham cada vez mais para os políticos como usurpadores e parasitas.

António Barrero dixit.
...

sábado, 15 de dezembro de 2007

1308. ... mas o compromisso...



... muito anterior,
para com os portugueses,
não vale os dois incisivos superiores,
muito separadinhos,
através dos quais foi proferido,
não é assim?



Ponha lá mais uma no rol...

1307. E quem é que quer...




... ser representado
e governado por um traidor?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

1303. O Tratado Reformador e o sofisma

A autoria da foto é da jugoslava Tanja Ostojic,
em alusão-réplica à obra de Gustave Courbet, "A origem do mundo".


Se é verdade o que dizem os canhenhos e a prática corrente, queira-se ou não, verdade indestrutível é a de que o Tratado Reformador da União Europeia que hoje, com toda a pompa e circunstância, é assinado com o subtítulo ou cognome ou aposto (à força) ou continuado (à socapa) ou lá o que for, de “Tratado de Lisboa”, nesta parte para satisfazer os egos (sim, o homem tem vários) de um PM que vamos tendo que sofrer na carne, nos ossos, na carteira e nos nervos à flor da pele, não passa de um sofisma.


Primeiro, porque a ideia de lhe chamarem “de Lisboa” é lisonjeira, mas não corresponde à verdade. É folclore puro e simples. E actua como actuava o saudoso Melhoral, ou seja, não faz bem, mas também não faz mal…

Todos sabemos, pelo menos os que ainda não estamos totalmente alienados pelas torrentes de propaganda – não à la Joseph Göebbels, de uma ditadura feroz e destruidora, mas que teve que ser levada a sério, mas sim à la Tarik el Aziz, igualmente de ditadura feroz e destruidora, porém de um ridículo atroz – que o acordo foi obtido na recta final da presidência alemã, tendo ficado para o sôr Sócrates, mailo sôr Amado, o mero encargo de dar redacção minimamente legível, arrumada e vertida para vários idiomas pelos serviços competentes da União, o que outros haviam decidido. À pressa, sim, mas decidido.

Depois, porque de reformador na verdadeira e bem intencionada acepção do termo, ou seja, que muda para melhor, portanto que melhora, que conserta, que repara, nada tem. Poderá ficar ao jeito de uns quatro ou cinco, mas evidentemente que não dos restantes 22. E o espírito inicial des messieurs Jean Monet e Robert Schumann, de 18 Abril 1951 (CECAM) e 25 Março 1957 (CEE), lá leva mais uma machadada rija, mesmo de alto a baixo. Razão terão os itralianos na sua asserção traduttore, tradittore

Finalmente, porque no processo tem surgido, cada vez com mais força e espaventoso espalhafato, o argumento de que não precisa de ser referendado, dado que também a adesão à então CEE o não foi. Bastará, pois, que os Parlamentos o façam, como legítimos representantes da vontade popular, em devido tempo suficientemente sufragada. Argumento que, como bem se vê, é característico de quem adere à democracia… mas pouco e só na medida das conveniências de passagem.

Ora, tudo isto constitui argumentação ou falso raciocínio formulados com o fim de induzir em erro, ou seja, a definição académica de sofisma.

O que a nós, portuguesitos de ginja, toca, pouco tal afectará. Afinal, também ninguém nos perguntou que opinião tínhamos acerca da Constituição da República que vamos tendo e tentamos cumprir, uns mais do que outros – curiosamente nesses “uns”, praticamente nenhuns dos que sucessivamente a tem vindo a alterar e redigir a seu bel-prazer – é certo, mas isso pouca importância terá porque, como é bem sabido, as leis fazem-se para encher o Diário da República e dar trabalho a umas quantas pessoas e rotativas, o que é mais do que suficiente, até porque provoca uma cansêra dos diachos.

Portanto, estamos entendidos.

Deixemo-los, pois, fazer a festa e estrelejar todos os foguetes, que nós cá estamos para pagar as despesas daquela e correr para destes apanharmos as canas, mandadas ao ar por meia dúzia de sacanas – os pirotécnicos, está visto!