Tive o prazer de conhecer o actual Juiz Desembargador António Martins, Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, há cerca de 25 anos.
Desde os primeiros contactos, constituiu-se, juntamente com os agora também Desembargadores Sérgio Abrantes Mendes e Cid Geraldo, num dos juízes - sem qualquer tipo de menosprezo pelos restantes - por quem, pela ponderação, firmeza de carácter, capacidade de julgamento e coragem para apontar os bois e dar-lhes nomes, sempre tive e continuo a ter uma enorme consideração, isto independentemente de há já longos anos não manter quaisquer contactos pessoais com dois deles e poucos e muito espaçados com o terceiro.
Pois bem, António Martins acaba de, em entrevista longa a Mário Crespo, no Jornal das 9 da Sic Notícias, pôr o dedo em quase todas as feridas que levaram à presente situação de alarme e justificado temor em que vivemos, com o surto violência criminal armada com que actualmente nos defrontamos.
E digo "quase" apenas porque há, quanto a mim, ainda uma outra, que não apontou nem caracterizou, porque nitidamente saía do âmbito das suas competências, pelo que andou avisadamente não o fazendo.
No mais, actuou como não podia deixar de actuar, escalpelizou tudo o que havia para escalpelizar, não fugindo às questões e esclarecendo algo que de há muito deveria ter sido esclarecido, mas que tem andado escapado do conhecimento do cidadão comum, por camuflagem talvez mesmo criminosa.
Desassombradamente, mas sem quaisquer laivos de sensacionalismo, esclareceu as razões por que se chegou a este estado de coisas - ia a escrever "estado de sítio", que, afinal, é bem do que se trata já - sem se "esquecer" de nomear os verdadeiros responsáveis. E quem são os responsáveis? Os políticos, claro! E porquê? Não, não porque sejam eles quem, em última instância, apanham sempre com as culpas. Não, senhor. Simplesmente porque a eles - e apenas a eles - as responsabilidades são mesmo atribuíveis.
Levianamente e com arrogância e pesporrência de que apenas os irresponsáveis e ignorantes são capazes, fecham-se nos seus casulos e, sem consultarem ninguém, estupidamente convictos da suficiência balofa de que estão prenhes até à raiz da... proeminente cabeça, bolsam e defecam leis e mais leis abstrusas, imbecis, mentalmente incapazes, impróprias de uma qualquer sociedade que se preze de civilizada que, ao fim de todos estes anos de anomalia psíquica, a outro fim não poderiam conduzir do que a este em que triste e ameaçadamente fomos trazidos.
Ao dr. António Martins, é, por isso, pela lucidez da análise, mas, principalmente pela coragem demonstrada, devida esta palavra de reconhecimento, de compreensão e de apoio incondicional. E como a ele, a todos os restantes profissionais do foro e aos polícias que, no dia a dia e a despeito das tremendíssimas dificuldades com que se debatem e do labéu a que injustamente estão submetidos, lutam e sofrem para que a Justiça em Portugal não faleça por completo... e de morte macaca. Como tantos parecem querer que aconteça...
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2 comentários:
Ruben;
Gostei muito de ler o seu artigo.
(Não vi a entrevista.) :(
Bj
I.
Viva, Isabel!
Gostaria de dizer umas coisas, mas talvez seja melhor ficar por aqui, neste momento.
Bj
Ruben
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