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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

1906. A saga não pára

DN online – 2009 Jan 30

Dados bancários suspeitos na mira da PJ

CARLOS RODRIGUES LIMA E NUNO SARAIVA
RODRIGO CABRITA


Caso Freeport. O conteúdo da carta rogatória da investigação inglesa lança novas pistas sobre este caso. O primeiro-ministro é um dos dez suspeitos e é envolvido em alegados subornos. Sócrates nega qualquer envolvimento e diz-se vítima de calúnias. PGR afirma não haver indícios relevantes


Dados bancários suspeitos na mira da PJ


O que para os ingleses são 'provas', em Portugal podem não passar de 'indícios'. E estes ainda podem ser fracos ou fortes. O que, em Inglaterra são suspeitas, em Portugal precisam de ser 'fundadas suspeitas'. Desde o ano passado, quando a polícia inglesa começou a ter contactos mais regulares com a portuguesa, é sobre estas pequenas diferenças que tem decorrido o caso Freeport. Agora, o DN revela o conteúdo do pedido feito pelas autoridades inglesas que solicitam dados às portuguesas.

Nesta carta há dados novos - uma reunião a que alegadamente se terá referido Charles Smith em interrogatórios e no vídeo que foi gravado por um ex-funcionário da Freeport em Portugal e na qual Sócrates teria, segundo a sua versão, feito pedidos de suborno. O facto mais relevante é a apresentação de dados novos - a PJ terá tido conhecimento através de emails apanhados nos computadores da Smith&Pedro de alegados subornos pagos por esta empresa. Além disso a PJ terá dado à polícia inglesa dados bancários relevantes sobre as contas desta empresa.

Em tudo isto, falta esclarecer o que aconteceu ao processo durante três anos na comarca do Montijo. Ao contrário do que aconteceu com a Noite do Porto, Apito Dourado e Operação Furacão - processos em que foram constituídas equipas exclusivamente dedicadas a cada um deles - no Freeport, os autos andaram entre o Tribunal do Montijo e a Polícia Judiciária de Setúbal. Ontem, em entrevista à SIC, Cândida Almeida disse: "Desde 2005 até agora a PJ fez o seu trabalho com grande sacrifício. A PJ de Setúbal tem pouca gente e um dos elementos, o principal elemento, adoeceu gravemente. Por outro lado, no Montijo houve uma sucessão de magistrados e quando o processo voltava ao tribunal já era visto por outro colega".

No dia em que José Sócrates falou pela segunda vez ao país sobre o caso, o procurador-geral da República emitiu um comunicado conjunto com a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP. Sublinhando que "a carta rogatória inglesa não contém nenhum facto juridicamente relevante" que "acresça aos factos conhecidos e investigados pelas autoridades portuguesas, nem contém nenhum elemento probatório considerado válido", Pinto Monteiro deu o pretexto a José Sócrates para que este reafirmasse o que já havia dito sábado passado, no Porto. Esta é uma "campanha negra".

Mas a nota da PGR diz mais: "Os alegados factos que a polícia inglesa utiliza para colocar sob investigação cidadãos portugueses são aqueles que lhe foram transmitidos em 2005 com base numa denúncia anónima, numa fase embrionária da investigação, contendo hipóteses que até hoje não foi possível confirmar".

Numa tarde em que o dramatismo foi crescendo e os rumores de uma possível crise política provocada por uma eventual demissão do primeiro-ministro - um cenário que ao que apurou o DN nunca esteve em cima da mesa -, a oposição à direita optou pelo silêncio quase total enquanto que à esquerda as palavras foram, medidas quase ao milimetro. O PSD não falou - embora tivesse prestado algumas delcarações Fernando Negrão, que já esteve envolvido num processo de segredo de justiça, quando era director da PJ. Já o CDS preferiu a fórmula do "não comentamos processos judiciais em curso".

Os comunistas e o Bloco de Esquerda fizeram votos de que este processo não desencadeie uma "estratégia de vitímização" do Governo e pediram que as investigações estejam concluídas "antes do julgamento político".

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2 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Pois... mas o sr sousa entendeu ir por aí, pela vitimização, tadinho do senhor, tão perseguido, tão injustiçado por este povo ingrato. Ele que só quer o bem de 'todos nós' e a prosperidade e modernidade do país para a qual já contribuiu com alguns projectos catitas de 'embelezamento' da paisagem lá pelas bandas da Covilhã, a saber: apartamentos sobre vacarias, projectos de casas com janelas laterais para a propriedade do vizinho, prédios com o conhecido estilo 'azulejo de casa de banho a revestir o exterior' muito típico dos anos 70, e mais uns quantos detalhes de 'bom gosto', daquele que deveria ser taxado com um imposto chorudo e dar direito a uns dias de cadeia porque não há país na europa, por muito mau que seja, que mereça que lhe estraguem a paisagem.

Fico por aqui, estou a entrar na tal situação de não saber se hei-de rir ou chorar!


Abraço

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Sabe que eu tenho uma teoria acerca de tudo isto, que julgo que não deve andar muito longe da verdade.

Não vou aqui dizer qual é, fá-lo-ei em privado, mas não resisto apenas a dar um lamiré, que consiste no seguinte:

- A quase totalidade (exceptuados os interrtogatórios que foram feitos em Inglaterra) das conclusões e suspeições do Serious Fraud Office resultam da análise dos dados que lhe foram fornecidos pelas authorities (não consigo chamar-lhes autoridades, que quer?...) portuguesas, quando da remessa da carta rogatória para Londres, em 2005.

Meditemos um pouco acerca desta circunstância:

Ahah... ahah... o que qu'isto sugere, o quéqué, hã?

;-)

Abraço

Ruben