DVD: Diligências das autoridades portuguesas vistas com expectativa
Investigadores em LondresA equipa de investigadores portugueses que tem a seu cargo o processo Freeport deverá partir hoje para Londres, para a sede do Serious Fraud Office, para trocar elementos com as autoridades daquele país.
A polícia britânica tinha pedido diversas informações, algumas delas visando directamente o primeiro-ministro José Sócrates, e as autoridades aguardavam também a recepção de elementos probatórios, designadamente a documentação relativa ao eventual fluxo de dinheiro que terá sido usado para consumar o crime de corrupção.
A diligência das autoridades está a ser vista com grande expectativa. O Ministério Público quer terminar o processo rapidamente e, anteontem, Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), admitiu ao CM que o ideal seria o fim das investigações antes das eleições legislativas. "Seria bom para o País", afirmou, reconhecendo no entanto que tal poderia ser impossível, dada a complexidade do processo.
A verdade, porém, é que, nos últimos meses, a investigação sofreu um avanço considerável. As autoridades inglesas enviaram uma carta rogatória em Janeiro pedindo elementos sobre o primeiro-ministro e depois disso as diligências aumentaram. Foram inquiridas diversas testemunhas e constituídos arguidos dois dos envolvidos: Charles Smith e Manuel Pedro.
A colaboração com as autoridades inglesas é no entanto fundamental, já que foi naquele país que foi recolhido o DVD que incrimina directamente o primeiro--ministro português. As autoridades aguardam também pelas perícias financeiras às contas bancárias, bem como o detalhe das transferências bancárias em zonas offshores. Há ainda pormenores da inquirição a Charles Smith, feita em Londres, que os investigadores quererão aprofundar.
JOSÉ SÓCRATES PERDE 381 MIL ESPECTADORES
A entrevista de José Sócrates, exibida terça-feira na RTP 1, foi a segunda mais vista desde que é primeiro-ministro. Teve uma audiência de 1 245 200 telespectadores (13,2%), menos 381 mil do que em 2007. A 11 de Abril do ano passado, também na RTP 1, Sócrates captou 1 627 000 telespectadores (17,2%), tendo sido a sua entrevista mais vista. A terceira aconteceu em Janeiro, à SIC. No ranking de terça--feira, a entrevista ficou em 3º lugar, atrás das novelas da TVI.
"AQUILO SÓ PODIA TER SIDO FEITO NA RTP": Manuela Moura Guedes, Subdirectora de Informação da TVI
Correio da Manhã – 0 primeiro--ministro [PM] acusou, na entrevista à RTP 1, o ‘Jornal Nacional de sexta-feira’, que a Manuela apresenta, de ser um "jornal travestido", "uma caça ao homem", feito de "ódio e perseguição"...
Manuela Moura Guedes – E eu vou avançar com um processo-crime por difamação. É um ataque a uma equipa de pessoas que trabalha apenas pela verdade e que faz investigação. Parece que sempre que isso acontece incomoda o poder. Se um jornal vive da sua credibilidade e seriedade, tudo o que ele [PM] disse foi para tentar descredibilizar.
– Ficou chocada com aquelas afirmações feitas em directo?
– Nunca vi semelhante coisa numa pessoa que tem o cargo que tem. No ‘Jornal Nacional de 6.ª’ trabalhamos para levar às pessoas a versão dos acontecimentos com verdade e rigor. E vem uma pessoa, com o cargo que ele [PM] tem, dizer aquilo numa entrevista à RTP.
– Acha que este foi o momento oportuno para aquela entrevista?
– Era preciso. E, por alguma razão, foi feita na RTP e feita como foi... Aquilo foi um monólogo gigante. Ele [PM] pôs os jornalistas na ordem, principalmente a Judite de Sousa, porque o José Alberto [Carvalho] a gente já sabe como é... Mesmo quando havia uma tentativa para fazer uma pergunta mais oportuna ele [PM] pô-los na ordem. E aquilo só podia ter sido feito na RTP, ou então naquele jornal reverendo....
– Acredita que, em Portugal, é possível ganhar um processo contra o primeiro-ministro?
– Mal seria... A base de uma democracia é a Justiça, ou melhor, a confiança na Justiça. Se tal não acontecer não estamos numa democracia. Apesar de, segundo as últimas sondagens, 80 por cento dos portugueses não acreditarem na justiça portuguesa, eu acredito que isso é o pilar da democracia .
– Acha que o primeiro-ministro está a fazer um ataque aos jornalistas?
– Ele [PM] convive mal com a liberdade de Informação. Principalmente, quando esta chega à verdade que o incomoda.
(...)
CM
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