Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 11 de maio de 2009

2175. "The Economist" e a economia portuguesa

A economia portuguesa

Diálogo socrático

30 abril 2009 | Lisboa


Uma péssima economia e eleitores tristes. Contudo o primeiro-ministro ainda pode ganhar em Outubro.

Os portugueses são dos mais tristes europeus. De acordo com uma sondagem Eurobarómetro, 92% considera a situação económica ruim, 95% estão totalmente deprimidos quanto às suas perspectivas de emprego, e mais de metade estão "descontentes com a vida que levam". Na União Europeia, apenas os europeus de Leste. provenientes da Hungria e da Bulgária são igualmente sombrios. Porquê o pessimismo?


José Sócrates, o primeiro-ministro socialista, até poderia oferecer motivos para se ser mais alegre. Portugal não tem experimentado tão grandes dificuldades como em Espanha e na Irlanda. As suas exportações estão a chegar a novos mercados, nomeadamente Angola e Brasil. Em Angola, onde o PIB está a crescer perto de 10% ao ano, Portugal tem agora o quarto maior mercado para exportação. (…).


Mas é difícil a animar as pessoas com este tipo de argumentos quando o desempenho económico global tem sido tão ruim. Este ano, espera-se que o (…) o desemprego suba até cerca de 8,5%. Estes números são quase bons, mas o verdadeiro problema é que chegam após uma década de crescimento abaixo da média. O PIB per capita caiu de quase 80% da média da UE, há dez anos, para apenas 75% em 2008. Longe de recuperar o atraso, Portugal tem recuado, ao contrário outros na UE (…).


Parte do problema está no facto de a adesão ao euro, em 1999, ter empurrado para cima as taxas de juro, até aí muito baixas. O português empenhou-se pesadamente para comprar casa, carro e passagens aéreas. A produtividade não conseguiu acompanhar. As facilidades de crédito e o aumento dos salários sugados pelas importações, bem como a expansão do défice conta corrente a 12% do PIB no ano passado. Em vez de compensar em um limitado mercado interno, as exportações mantiveram-se teimosamente presas em 30% do PIB, menos do que na maioria dos países da UE do mesmo nível.


Para melhorar o seu desempenho, Portugal tem de ter leis laborais mais flexíveis, menos burocracia, mão de obra mais qualificada, mais concorrência e menor Estado. Tal como afirma o FMI em um relatório recente, os problemas fundamentais do país, são de natureza nacional, não global. Mas os líderes políticos acham difícil avançar com reformas. Apesar disso, o Sr. Sócrates pode muito bem ganhar as eleições em Outubro, mesmo que os socialistas percam a maioria absoluta.


O próprio o primeiro-ministro tem razões para estar menos alegre. No que ele chama de "campanha negra de fugas seleccionadas e manipuladas" destinada a prejudicar as suas hipóteses eleitorais, os “média” têm levado meses a olhar para uma alegado escândalo de corrupção acerca da aprovação de um novo centro comercial em 2002, quando o Sr. Sócrates era ministro do Ambiente. P Sr. Sócrates nega qualquer irregularidade e as autoridades judiciais têm dito que nenhum político está envolvido. Mas o facto de uma investigação iniciada em 2005 ainda estar a decorrer mostra o atraso e a ineficiência do sistema judicial, uma outra falha que prejudica a competitividade, dissuade o investimento estrangeiro e deixa os portugueses desesperados.


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