A descoberta de um cemitério islâmico, na baixa setubalense, pode antever a existência de um núcleo, do mesmo período, “bem mais importante”. Para o arqueólogo Carlos Tavares da Silva, a descoberta da necrópole islâmica, “que pode corresponder exactamente ao período de finais do século X”, é “extremamente importante”, dado que, “até ao momento, os achados arqueológicos islâmicos na cidade eram bastante reduzidos”.
As explorações levadas a cabo pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), na rua Francisco Augusto Flamengo, deixaram a descoberto, numa primeira fase, algumas estruturas do século XVII, que “se encontravam revestidas de tijoleira”. No entanto, as escavações seguintes, que “prosseguiram em profundidade”, puseram a descoberto “indícios da existência de um cemitério, de carácter muçulmano”. “O MAEDS pressupõe isso pelo facto de os corpos estarem virados para Meca, sem quaisquer espólios, nem caixões”, adianta o arqueólogo.
Segundo as informações disponibilizadas pelo antropólogo físico, Ricardo Godinho, até ao momento foram exumados cinco indivíduos adultos, uma mulher e dois homens, uma criança e, finalmente, um adolescente. “O adolescente deveria ter entre quinze a vinte anos e a criança cerca de cinco ou seis”, adianta. A nível de patologias, Ricardo Godinho esclarece que foram “detectadas inúmeras cáries e perda de ossos”, além de “existirem inúmeros indicadores de marcas nos ossos”.
(...)Setúbal na Rede 2009.05.20
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