Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sexta-feira, 5 de junho de 2009

2275. As auto-estradas passarinheiras

Fui ontem à Figueira da Foz por uma auto-estrada deserta.
Vasco Pulido Valente citado pelo Público

* * *

Já aqui falei várias vezes no assunto. Conheço essa auto-estrada de que fala Pulido Valente. Como conheço a A15, a A13, a A23 (esta a partir de Abrantes e até Castelo Branco, com um IC ao lado, onde foram gastos milhões de euros, com um piso igual ou melhor que o da auto-estrada e completamente sem uso pelo facto de a A23 ser Scut...) e mais umas tantas. Devemos ser o país recordista das chamadas "auto-estradas dos passarinhos".

Por acaso, estou aqui a falar mal, só pelo prazer de mal falar. Porquê? Ora, ora!... De quinze em quinze dias tenho que fazer uma viagem de mais de 500km entre ida e regresso e, como boa parte do percurso, o faço em auto-estrada passarinheira, aquilo é um descanso, um entretenimento e um regalo para os olhos. Não tendo que me preocupar com trânsito, vou apreciando a paisagem ribatejana e os passarinhos. Ando até a pensar em me lançar na publicação de um belo livro, recheado de fotos estupendas, acerca da fauna voante da auto-estrada em causa (não digo qual, não vá dar-se o caso de a GNR ser "instada" a pôr-se à coca, esperando que eu passe...). Estou seguro de que o livro será um sucesso. Até já tenho um título muito sugestivo (um pouco longo, é certo, mas muito sugestivo): "A estrada do nosso contentamento (meu e dos meus que me acompanham, claro!...) Ribatejo acima e psicopatia sibilina abaixo, tornada intrinsecamente endosmática nas paragens para mudança de águas". Como subtítulo, "A passarinhada posta no mor sossego".

Claro que uma via destas não tem só prós. Que eu saiba, tem igualmente um tremendo contra: Vai a gente muito descansado, assobiando o "tiro-liro-liro" ou "a rosinha dos limões", aqui e ali acenando à passarinhada, e eis que senão quando, de 13,856 em 13,856km, lá passa um outro carrito, com a malta toda a acenar loucamente de boa convivência e até muito alívio porque já pensavam que se tinham perdido... de há tanto tempo circularem sós, com os passarinhos por testemunhas. Ora, uma coisa destas prega-nos cá um susto do camandro que até pode causar um break no coração... ou um heartbreak or whatever...

Mas ó Vasco? Atão não era você que, aqui há uns bons 20 a 25 anos, escrevia no "Espesso" (era então um jornal de referência... até isso se perdeu!) uma coluna a que deu o título de "O país das maravilhas"? Hã?! Atão é ou não é mesmo?
...

2 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

E sabe que mais? Há muitos anos que tenho o livro, já esgotadíssimo à época, mas que o meu livreiro me arranjou num alfarrabista pela módica quantia de Esc 400$00 no tempo em que a 'bica' valia Esc 12$50. ;)

De vez em quando lá vou buscá-lo à estante para não me esquecer do que aconteceu entre Fevereiro de 1974 e Setembro de 1979.

'Last but not the least' o dito exemplar está autografado pelo escritor. ;)

[]

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Sorte sua! Que o Vasco sabe bem o que diz (ou melhor, escreve, que a falar é muito atrapalhado, valha-o Deus!)

[]

Ruben