Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 17 de junho de 2009

2331. Constâncio, a amizade a abjurar

Heresias

Constâncio, o perpétuo

Mais do que defender o Banco de Portugal e a si mesmo (que bem precisa), Constâncio foi ao Parlamento desdenhar esse órgão de soberania e rebaixar os membros da Comissão que mais o têm criticado.


Estava ciente que a maioria dos comentadores económicos o secundaria e, no espírito de clube (ou de quase-seita?) que os distingue, partilhariam as suas depreciações em nome da tão badalada ‘estabilidade do sistema’.

Sejamos claros – Constâncio é apenas um político de arrimo de Sócrates e tornou-se no maior e mais aflitivo factor de desestabilização e de descrédito do sistema financeiro português. Quando afirma que foi ‘ingénuo’ ao deixar Oliveira e Costa fazer aquilo que agora se sabe, Constâncio está enganado: não foi ingenuidade, foi incompetência. E muita.

Carlos Abreu Amorim, Jurista
CM 2009.06.17

* * *

Claro que não se trata de ingenuidade! E mesmo chamar-lhe incompetência... só com muito boa vontade. De preferência rotulá-la-ia de desleixo. E já com grande benevolência!

Mas... conceda-se-lhe a ingenuidade, optando pela mais suave das três hipóteses postas por João Semedo, do BE, e a que Constâncio, em desespero de causa, logo se agarrou como náufrago a tábua de salvação, em mar de alta tormenta. Faça-se-lhe essa mercê, pois, embora a ela não tenha feito jus, por muita arrogância e muito acinte na sua postura perante a Comissão de Inquérito. E, em consequência, pergunte-se:


- É admissível que tamanha ingenuidade se mantenha à frente de uma instituição como o Banco de Portugal?

Obtida a resposta, actue-se em conformidade! É que nem o putativo beneficiário da actividade de Constâncio, Sócrates, ele mesmo, beneficia realmente seja o que for.

Pelo contrário, o ainda governador do Banco de Portugal é mais um prego no "caixão" do amigo.

Constâncio tornou-se incómodo, um espinho atravessado na garganta, um daqueles amigos que a gente, em hora de aperto, abomina que se nos cole, porque, em vez de nos ajudar a sair do buraco, apenas nos puxa mais para o fundo. Amizade a abjurar, pois. Imediatamente.

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