Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 18 de junho de 2009

2338. Sócrates e o princípio de Peter

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Estou muito satisfeito comigo
o "primeiro"

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No contexto em que é proferida, esta frase revela uma coisa de que se suspeitava, é certo, mas que agora fica completamente esclarecida, sem lugar a dúvidas, ou seja, que há certas nuances que o "primeiro" tem uma certa dificuldade em apreender.

Na verdade, significando aquela jactância que entende ter atingido os objectivos, nada mais dele se pode esperar. Isto porque, sob o ponto de vista filosófico, normal é que o Homem seja um ser em permanente insatisfação consigo próprio. Já por entender que poderia sempre fazer mais e melhor, já por, admitindo não ter isso sido possível, desejar que o tivesse sido e pretender que, numa próxima oportunidade, o venha a ser, para isso reunindo esforços e capacidades.

Trata-se da chamada insatisfação construtiva, que aproveita erros e ensinamentos do passado, para que não sejam cometidos no futuro, que se quer melhor.

Dizer-se - e certamente pensar-se - o que ele diz, é reconhecer em si incapacidade para continuar em frente, aperfeiçoando o desempenho a cada dia que passa.

A auto-satisfação é, desde logo, sinal de nada mais se ter para dar e, portanto, castradora, a morte do artista.

Ora, fazendo afirmação tão surpreendente, o "primeiro" deixa a descoberto que há certas minudências - que distinguem os grandes Homens dos simples comparsas - que lhe escapam às conjecturas, o que parece revelar um pensamento pouco estruturado, sem objectivos definidos, ao sabor da corrente dos acontecimentos, e que, por tal motivo, não está à altura de resposta adequada às exigências do cargo que ocupa.

Mas revela ainda outra coisa muito sintomática:

Que o "primeiro" reconhece ter atingido o auge das suas capacidades, pelo que, seguindo as linhas mestras do pensamento que levou Laurence John Peter a formular o célebre princípio a que deu o nome, princípio que teoriza que, atingido o seu nível de incompetência, não mais pode ser "promovido", não podendo, pois continuar a ser o chefe do governo.

Se deu tudo o que tinha a dar e, portanto, nada mais podendo ser-lhe exigido, por estar esgotado o seu arcevo de competência, não mais lhe pode ser conferida a possibilidade de continuar a dar cabo disto tudo.


É, o "primeiro" fala... fala... fala... (agora até com aqueles balidos, em jeito de agnus imolado pela Páscoa...) e, como não "alcança o alcance" de algumas coisas, cai nestas...

Glossário:
- "primeiro" - o que surge em primeiro lugar, à frente de todos, isto é, o maior responsável pelo vil estado a que chegámos.

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2 comentários:

Teresa Diniz disse...

Pergunto a mim própria se ainda haverá muitos portugueses suficientemente crédulos para irem atrás dos novos "balidos" (gostei desta!)

Ruvasa disse...

Viva, Teresa!

Espero bem que não!

Aquele cordeiro já não convence ninguém, se que haja port aí muita gente que nem se apercebe do que se passa, por não prestar a mínima atenção seja a que for.

Abraço

Ruben