Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 1 de julho de 2009

2396. Nem a meia água, homem!

Dia a dia

Longe da linha de água

A vontade de ver a luz no fundo do túnel é tanta que qualquer pirilampo pode ser confundido com um holofote. É o que está a acontecer com a leitura dos dados sobre o clima económico e a confiança dos consumidores em Portugal.

O ministro Teixeira dos Santos recebeu os dados do INE como um prenúncio do fim da crise e o seu colega Vieira da Silva acrescentou que esses indicadores "são sinal de esperança". Outros dados publicados ontem pelo INE mostram uma quebra do comércio a retalho e uma diminuição da produção industrial, a um ritmo inferior ao dos meses anteriores. Se a crise fosse um oceano, talvez se pudesse dizer que, eventualmente, chegámos ao fundo. Mas ainda estamos muito longe de chegar à tona de água. E antes da retoma, a economia vai sofrer muitas convulsões, com o desemprego a passar oficialmente a barreira dos dois dígitos, facto que para a situação portuguesa representa uma panela de pressão social.

O Verão costuma ser positivo para o emprego por causas das empresas que contratam substitutos para colmatar as férias dos empregados e dos trabalhos sazonais ligados ao turismo. Setembro é a época da ressaca, sendo também a altura em que os recém-licenciados aumentam as listas de candidatos a emprego. E as eleições a 27 decorrem quando essa panela está a ferver.

Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto

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E as eleições a 27 decorrem quando essa panela está a ferver.

Claro! Por isso aqueles senhores dizem enormidades que dizem. Se as guardassem para essa altura, teria passado a fase de fazerem algum efeito. Portanto, até certo ponto, compreende-se.

Dificilmente se aceita, porém. É que há um limite para tudo. Até para o descaramento. E, pretender, a todo o custo e sem medida, ludibriar o eleitorado é absolutamente inaceitável.

A verdade, verdadinha é que, não tendo ainda batido no fundo do tal oceano, não se pode estar já de volta à superfície (se bem que a palavra começa a ser inexistente no nosso léxico), portanto nada de falar ainda de linha de água.

Nem sequer de meia água...

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