Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

2524. Sr. Sócrates!



...ao contrário do que constantemente faz transparecer, o senhor não é o administrador todo-poderoso de qualquer coutada nem os que o servem de forma escusa são espantadores de caça com algum reconhecimento social de decência.


Não é possível que alguém entenda ainda que se justificam os “rodriguinhos” e “rapapés” com que se tem mimoseado José Sócrates. Porque tais “rodriguinhos”, tais “rapapés” constituem-se verdadeiros assassinos da dignidade da alma portuguesa. Assim…

Sr. Sócrates!

Quer fazer-me – e a todos os nossos concidadãos nisso interessados – a especial fineza de esclarecer todo o país acerca da razão por que, não obstante os “jornalismos de buraco de fechadura”, as “calúnias”, as campanhas de “difamação”, as “cabalas”, as “indignidades” que tem sofrido, como diz, e mais as “covas da Beira”, as “arquitecturas ilegais”, as “licenciaturas domingueiras”, os “freeports”, as “faces ocultas”, as “almoçaradas picantes” e tudo o mais que as musas de todos os tempos cantam, o senhor ainda não teve a única atitude decente que se impõe, qual seja a de se explicar extensa e claramente perante o país ou, não o querendo fazer e em alternativa, pura e simplesmente demitir-se do cargo para o qual, ao que tudo indica, não tem o arcaboiço indispensável, indo à sua vida e afazeres para bem longe daqui, deixando que retomemos a nossa existência de nação quase milenar que, não só por isso mas também por isso, não merece os favores das suas atenções?

Gostava que tomasse boa nota do seguinte:

A legitimidade para a ocupação – digo bem, ocupação – do cargo em que está investido não provém exclusivamente do voto dos cidadãos. Se proviesse, o berrador do bigode pequenino e que conseguia, – imagine! – gritar com toda a gente mais do que o senhor e tantos outros como ele, jamais teriam sido derrubados.

Sim, a legitimidade para decidir dos destinos de um povo tem comos alicerces indispensáveis, inafastáveis, o respeito pelos concidadãos e a máxima dignidade de que se é capaz para fazer de todos os actos – não só os oficiais e principalmente os não oficiais… – momentos de elevação e exemplo de cidadania consciente e acatada para todos os efeitos legais, sociais, morais.

Em retrospectiva do seu passado, longínquo, de médio prazo ou imediato, afigura-se-lhe que a sua conduta tem sido imaculada ou, quando menos, apenas beliscada aqui e além por um ou outro percalço de somenos ou, pelo contrário, vê-se na contingência de ter que intimamente reconhecer que se tem pautado por uma sucessão de actos suficientemente condenáveis para que nem sequer se atreva a ter a veleidade de aspirar a um lugar junto do Criador ou das 7000 virgens? Sequer no panteão da História Portuguesa?

Não sei verdadeiramente o que pensa acerca do assunto, porque não se tem dignado dá-lo a conhecer, como era de sua estrita obrigação, já que, ao contrário do que constantemente faz transparecer, o senhor não é o administrador todo-poderoso de qualquer coutada nem os que o servem de forma escusa são espantadores de caça com algum reconhecimento social de decência.

Mesmo que não cuide de saber, sempre lhe dou a minha opinião: perante o que, de há cinco anos a esta parte, tem sido ex abundante trazido ao conhecimento público e nisso fazendo fé, já que não há convincente e completo desmentido de sua parte, entendo que a alternativa que se lhe aplica é a segunda das acima elencadas, ou seja, a de que a sua acção se tem pautado por uma sucessão de eventos que, não dignificando ninguém, colocam o respectivo agente indubitavelmente sob a alçada dos poderes de soberania da nação.

E estou do lado desta hipótese porque – por dificuldade minha certamente – não posso aceitar que uma tal sucessão de factos tenha provindo exclusivamente da imaginação do mais arrojado e fecundo ficcionista já conhecido.

Aqui chegados, mister é que regressemos ao início, ou seja: quer fazer-nos a fineza de esclarecer o que tem ou não tem andado a fazer de reprovável e danoso para os interesses de Portugal, enquanto supostamente governa o País na senda do progresso?

Se o não fizer, desde já lhe dou a saber que me sentirei legitimado para de si pensar o que mais me convier em face do que já se sabe e propalá-lo aos meus concidadãos. Em simultâneo, tudo farei e a todas as acções legítimas aderirei no sentido de o derrubar, sem a mínima contemplação.

Pelo que se vai sabendo e não é por si cabalmente desmentido, o senhor não tem o direito – legal e menos ainda legítimo – de governar Portugal.

Já agora e para mero conhecimento seu, considero que a actuação dos órgãos de soberania portugueses, através dos seus titulares tem, ela também, sido deplorável, já que em sucessão arrepiante para qualquer mentalidade democrática, se têm eximido ao cumprimento das competências e deveres que juraram cumprir quando da assumpção dos cargos em que estão investidos. O que é muito humilhante para toda a nação portuguesa.

Mas isso é história que certamente será abordada noutra oportunidade.

9 Fevereiro 2010

Ruben Valle Santos

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