Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

domingo, 14 de março de 2010

2636. Pedro Santana Lopes

Desde sempre fui apoiante de Santana Lopes e continuo a ser.

Embora, como já lhe disse pessoalmente ainda há menos de um mês, algumas vezes não tenha estado em acordo com ele.


Desta vez, acho que é o grande vencedor deste Congresso, porque se bateu pela sua realização e viu-se bem que o partido precisava disso. Portanto, uma vez mais, demonstrou que sabe ler os sinais dos militantes e sabe igualmente dirigir-se-lhes ao âmago. Uma sensibilidade que muito poucos têm.

Mas PSL falhou em duas coisas, a saber, uma em que perdeu e outra em que ganhou:

1. A que perdeu foi a questão da revisão dos Estatutos na parte em que pretendia que a eleição do presidente do partido se fizesse no decurso do Congresso, incluindo uma segunda volta que houvesse que realizar-se.

Não fazia sentido e era uma barafunda dos diabos. Tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente que discordava do método. Entendo que o Congresso deve anteceder as directas mas estas realizarem-se alguns dias após e uma segunda volta uma semana depois. E a eleição do presidente do partido feita em lista da Comissão Política Nacional.

Só assim as coisas se processariam sem sobressaltos. A eleição dos restantes órgãos far-se-ia igualmente na mesma altura. A sua opção não foi esta e viu-se no que deu;


2. A que ganhou, entendo que teria sido preferível que tivesse perdido também. Compreendo a razão de ser da existência da proposta de penalização, por discordância da direcção do partido, nos 60 dias anteriores a actos eleitorais. E bastará relembrar as atitudes de José Pacheco Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e, principalmente, Aníbal Cavaco Silva, para se perceber a pertinência.

No entanto, para lá de discordar da necessidade da introdução de tal penalização, porque há já outras a debruçarem-se sobre a questão, nos Estatutos do PSD, discordo ainda mais que a iniciativa tenha surgido do próprio PSL. Tem um cheirinho a
révanche bem dispensável e constitui-se sombra numa postura impecável que Pedro Santana Lopes sempre teve em tais circunstâncias. A de superioridade às baixezas (para ser moderado) que sofreu na carne e ao seu absolutamente indesmentível cavalheirismo, mesmo político, o que o tem evidenciado como bem sucedido caso único em Portugal. Não gostei. Não gostei mesmo nada.

Este não é o PSL que sempre apoiei e continuo a apoiar.

Há momentos de manifesta infelicidade em que tudo nos sai ao contrário daquilo que sempre fomos e podem, num instante, arruinar uma imagem laboriosamente construída em anos e anos de lucidez. Há momentos em que mais valia ter-se ficado em casa. Até porque estragou bastante o efeito benéfico que conseguira com a realização do Congresso.
Espero que não demore a corrigir o tiro.

6 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

Como sabe não tenho Firefox e foi com a maior dificuldade que li o seu artigo.

Passada essa dificuldade, digo-lhe que, como sabe, Pedro Santana Lopes não está na lista das pessoas de quem não gosto e que a leitura que o Ruben faz eu subscrevo sem qualquer problema.

Como militante do concelho de Oeiras, tenho perguntas a fazer que se enquadram no âmbito da disciplina partidária e que o PSD de Oeiras, nas suas duas secções não cumpre. São os inúmeros militantes que têm um pé no PSD e outro pé no movimento independente do presidente da CMO. Alguns são vereadores, aceitaram pelouros do PCMO e votam ao lado dele garantindo a maioria do IOMAF.

Se o PSD, i.e. MFL, antes das autárquicas 2009 se tivesse PREOCUPADO com essa falta de disciplina na militância certamente não teríamos assistido ao descalabro que foi o resultado do PSD (Coligação + Oeiras) nas
referidas eleições.

Abraço

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Nessa parte, ou seja, no caso dos que estão num lado e noutro e bem assim nos que têm concorrido em listas de outros partidos, é bem feito.

No entanto, tudo isso está previsto nos Estatutos, sem ser precisa de uma norma destas que, para cúmulo, vai servir para ser atirada à cara dos sociais-democratas...

Imagine que até o Vitalino Canas, membro de um partido como o do Sócrates, que calou toda a gente lá dentro sem precisar de norma nenhuma, já veio, em declaração forrmal, "horrorizar-se" com aquilo.

Abraço

Ruben

Camilo disse...

Ó Amigo Ruben... "este" PSL é diferente do "outro"?
-Qual?... O Cavaco tirou-lhe o tapete e ele não reagiu.
Até aceitou a "medalhinha" ao pescoço (ou foi na lapela?).
PSL (para mim) continua uma incógnita.
Bem que gostaria de o entender, pois creio que o PSD está no fim da encruzilhada... que leva ao abismo.
Estarei enganado?

Ruvasa disse...

Viva, Camilo!

Sim, "este" PSL é diferente, bem diferente do outro.

O outro é aquele político que, em questão de decência, não tem igual no País.

Mais: é o político cuja vida, até à chegada de Sócrates, mais escrutinada tinha sido em Portugal. E, no entanto, nada foi descoberto que o desonrasse, ao contrário de tantos e tantos outros que por aí há.

A único "pecado" grande que se lhe aponta é o de gostar de mulheres, o que, em Portugal, nos tempos apanascados que correm, é, na verdade, altamente comprometedor.

Acredita que se algo - nem que fosse coisa sem importância - tivesse sido descoberto, não terias sido logo explorado em tudo o que jornal, rádio e estação de TV até à saturação? Ora, será alguém capaz de lhe apontar o mínimo deslize desses? Mesmo sem fundamentos já alguns tentaram, mas nada pegou por nada haver para pegar...

Abraço

Ruben

Camilo disse...

Será por isso que não se "levantam" vozes dentro do "partido" em sua defesa?!!!

Ruvasa disse...

Nºao, nºao +e por isso.

É apenas por duas razões.

1ª. o partido está anestesiado por anos de idiotia completa e ausência de valores;

2ª Neste caso em particular, como j+a referi, PSL não tem a mínima razão e, assim, não é possível defender uma coisa que é de uma infelicidade lamentável. Devia ter ficado em casa.