Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

2961. O que me leva a apoiar o actual governo


N um comentário a um post no grupo “Salvar os Portugueses de si próprios, para salvar Portugal” e a propósito de várias pessoas, num outro grupo, me “acusarem” de “defender os laranjas”, comprometi-me a esclarecer as razões por que apoio e defendo o actual governo, o que nada tem que ver com “defender os laranjas”.

Em primeiro lugar, “defender os laranjas” nem sequer é pecado. Pecado seria defender laranjas podres. Mas a verdade é que eu não os defendo. Quem me conhece sabe que, em 1989, há 23 anos, portanto, me afastei, sabendo igualmente as razões, e quem me lê na Net desde 2003 também está em condições de o confirmar.

O que apoio e defendo, isso sim, é o actual governo português, pelo menos enquanto não for merecedor da minha oposição frontal. E, até hoje, não o foi.

Vejamos a quem me refiro:

* 1º Ministro - Pedro Passos Coelho
- presidente do PSD
* Finanças - Vítor Gaspar
- independente, sem filiação partidária
* Economia, Energia, Obras Públicas e Telecomunicações - Álvaro S.Pereira
- independente, sem filiação partidária
* Assuntos Parlamentares e da Presidência - Miguel Relvas
- militante do PSD
* Saúde - Paulo Macedo
- independente, sem filiação partidária
* Justiça - Paula Teixeira da Cruz
- militante do PSD
* Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
- independente, sem filiação partidária
* Defesa – José Pedro Aguiar Branco
- militante do PSD
* Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
- presidente do CDS-PP
* Administração Interna - Miguel Macedo
- militante do PSD
* Agricultura, Território, Mar e Ambiente - Assunção Cristas
- militante do CDS-PP
* Solidariedade e da Segurança Social - Pedro Mota Soares
- militante do CDS-PP

Por aqui se constata que Pedro Passos Coelho teve, além da precaução de escolher gente de mãos limpas, o extremo cuidado de equilibrar poderes no seio do governo, resistindo à tentação de açambarcar lugares para o seu partido, oferecendo tachos aos “boys”. O mesmo fez relativamente aos secretários de estado. Mas podia nem o ter feito, porque a diferença eleitoral entre PSD e CDS-PP nas últimas legislativas tal autorizava.

Esta circunstância tem levado o primeiro-ministro a sofrer sucessivos ataques soezes de grande parte da nomenklatura de sempre dos social-democratas, que estava louca por se sentar à mesa do banquete, como era habitual, e saiu completamente frustrada.

Escuso-me a indicar nomes, pois eles estão bem identificados por toda a gente, sendo rara a semana que não vêm lançar as mais baixas de todas as farpas ao primeiro-ministro e ao governo. Sem o mínimo pingo de vergonha na cara, porque o despeito é o que os move e sabe-se bem que o despeito cega, tentando não deixar que a verdade prevaleça.

De entre os 12 governantes escolhidos por PPC, 5 são militantes do PSD, incluindo o primeiro-ministro, 3 são do CDS-PP e 4 são independentes, sem filiação partidária. Como se vê, maior equilíbrio é difícil de encontrar.

Mas, além disso, se descontarmos os casos de Aguiar Branco e de Paulo Portas, nenhum deles integrara qualquer executivo, pelo que não estava comprometido com qualquer tipo de acção governativa anterior.

Nenhum deles contribuíra, pois, para que tivéssemos sido lançados nesta situação miserável em que estamos e de onde o actual governo tenta a todo o custo tirar-nos o mais depressa possível, arrostando com milhentos escolhos criados principalmente por quem mais o deveria apoiar e pelos já falados e sempre presentes idiotas úteis.

São, pois, gente que chegou ao governo de mãos limpas e com as palmas viradas para cima, à vista de toda a gente.

Mas mesmo os casos de Aguiar Branco e Paulo Portas são facilmente explicáveis. Não quero significar, com o que deixo dito, que estes dois últimos não tivessem as mãos limpas. Não sei se ti8nham ou não. No entanto, advirto para as seguintes circunstâncias de relevo:


* Quanto a José Pedro Aguiar Branco teve uma curtíssima passagem pelo Ministério da Justiça, o que lhe tirou logo hipóteses de as sujar, mesmo que para isso tivesse predisposição. E nada algum dia alguém lhe apontou.


* No que se refere a Paulo Portas, como disse acima, ignoro igualmente se as tinha/tem limpas ou não, mas, do ponto de vista da sua nomeação por Pedro Passos Coelho, é bom que se lembre que o governo é de coligação e em governos de coligação não é apenas uma vontade que conta. Para mais, tratando-se do presidente do partido coligado.

No entanto, há que notar que não tutela qualquer ministério de execução interna, mas sim no dos Negócios Estrangeiros, onde a incumbência principal é a da representação do País perante o estrangeiro.


Para além do que fica dito, o actual governo já deu mostras de estar imbuído de recta intenção e, embora por vezes me pareça que deveria ter chegado mais longe já – não obstante as coisas não poderem ser feitas sem os cuidados devidos, sob pena de tudo se agravar em vez de remediar, como no caso das PPPs – o que é certo é que tem vindo a fazer o que toda a gente reclamava que fosse feito, ou seja, acabar com a bandalheira de décadas, mas que alguns agora (porque lhes “bateu” à porta) parecem entender que não devia ser tocado.


Podia acrescentar mais razões, mas as que aqui deixo julgo-as mais do que suficientes para que quem me lê, sem intuitos de má fé, ajuize correctamente a posição que assumi e mantenho até ao dia em que me veja forçado a revê-la, por alteração os pressupostos que a ditaram e me levam a mantê-la até ao momento. Sem hesitação. Por dever de consciência.


(texto de um post publicado hoje no Facebook)

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