Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 26 de março de 2007

956. Está assim tão desanimado com o resultado?


Se está muito desanimado com o resultado do concurso "Grandes Portugueses", não cometa suicídio já. Primeiro, páre um pouco e pense com mais vagar. Logo concluirá que:

1 - Aquilo mais não foi do que mero concurso, como tantos outros que por aí há, apenas com a virtude de dar - ainda que em muitos casos, pelos motivos errados - a conhecer a milhões (pode crer, milhões...) de portugueses actuais a História do seu país e do povo de que fazem parte, já que a escola não o faz;


2 - Quem sai derrotado e humilhado desta refrega não é você nem eu nem ninguém como nós, mas, isso sim, a classe política que nos tem governado e de que padecemos de há já bons anos para cá.


3 - Salazar jamais teria esta única vitória eleitoral e Cunhal jamais teria chegado ao lugar a que chegou se a clique que nos tem governado ao longo dos últimos anos tivesse ao menos o decoro de se mostrar - apenas mostrar, note!... - capaz e confiável.

4 - O resultado não representa, pois, uma imerecida vitória de dois tipos de ditador, de sentidos opostos, mas sim uma aviltante derrota desta democracia de pacotilha. Há que sofrê-los até que...

Mas esse sofrimento, para que seja redentor, tem de ser suportado até ao fim, sem o recurso a qualquer tipo de expediente libertador de circunstância.

...

7 comentários:

carneiro disse...

Plena razão que você tem, Ruben.

A sua leitura é bem mais completa do que aquela que aqui deixei outro dia sobre este tema.

E surpreendi-me pelos números.

Cunhal com uns espremidos 19% - porque todos os apaniguados votaram em compromisso partidário disciplinado;

E Salazar com uns descomprometidos 41 %. Não acredito que estivessem organizadas cliques para votar intencionalmente no homem...

Creio que no espírito destes votantes estiveram episódios como a história dos sofás.
Numa época em que o Ministro das Finanças autorizava pessoalmente todas as compras foi despachado sobre uma requisição de dois sofás: "Os sofás são convidativos ao descanso, por isso, inadequados ao bom funcionamento da repartição. Indefere-se." O ministro era Salazar.

Ruvasa disse...

Viva, Carneiro!

E eram meros sofás!

Imagine o que não seria agora...

Abraço

Ruben

Ricardo disse...

Viva Ruvasa,

Concordo na globalidade com o que está aqui escrito com algumas nuances, que acabam por ser acessórias. Não quero dar muita importância ao programa e, por isso, vou contornar o tema e comentar o ponto 2 noutra perspectiva.

Este ponto é algo que nos separa invariavelmente. Não vejo, e olha que tento, aperceber-me de grandes diferenças entre o nós e os nossos representantes, diga-se a classe política. Vês os nossos empresários como uma classe dinâmica, motor da economia? Vês a mentalidade do cidadão em geral próximo dos valores cívicos que eu sei que defendes? Achas que há uma pro-actividade na maioria dos trabalhadores? Achas que a chico-espertice e a cumplicidade é menor no sector privado?

Fala-se muito da classe política em Portugal mas, confesso, não vejo grandes diferenças entre esta e a generalidade dos cidadãos. Afinal somos ou não produto de nós próprios a montante (e diria também a jusante) da circunstância que nos envolve? Não quero entrar em generalizações porque acho que há bons e maus políticos e até alguns que, bem intencionados, não conseguem atravessar as teias do nosso sistema. E também não quero fazer as mesmas generalizações para empresários, trabalhadores e cidadãos mas, sinceramente, entre estes e os políticos que temos a média é, na minha percepção, igual, com as devidas excepções. Temos o que merecemos e o que construímos e não podemos entrar no facilitismo de culpar os políticos pelo país que temos porque o país, com as suas virtudes e defeitos, é o que colectivamente construímos.

Por isso culpar a classe política actual pelo saudosismo a Salazar é capaz de ser uma conclusão precipitada. Mas a alternativa a esta conclusão é bem mais assustadora. Mas, enfim, a votação, felizmente, vale o que vale, ou seja, pouco ou nada.

Abraço,

Anónimo disse...

Mas os amigos não vêem que foi tudo «montado»?!
Qual concurso quais quê...logo o salazar e o cunhal??! por amor de Deus...wake up!

;-)



Beijinhos

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Tens razão quando dizes - no fundo é o que dizes - que os polítiquinhos que temos são uma emanação do povo que somos... ou em que estamos transformados.

Até aqui estamos de acordo.

O que acontece, porém, é que, muito embora me desgoste que sejamos assim - todos nós... ou quase - existe uma diferença abissal entre as responsabilidades e obrigações de um mero cidadão vulgar de Lineu e um tipo que se meteu na política.

Este tem a estrita obrigação de se comportar de modo diferente, com sentido de responsabilidade e noção do que é cumprir os deveres a que está obrigado.

Ora, não é isso a que se assiste. Muito pelo contrário, o que temos visto é que a bandalheira grassa pela clique política que nos comanda de forma avassaladora. O exemplo que é dado ao cidadão comum é vergonhoso.

E sabes o que é que o Zé Povinho observa e o que retira dessa observação? Pois observa que, assim que se apanha no poleiro, cada qual amanha-se o melhor que pode; e retira da observação que o faz em completa impunidade.

Ora, o sol quando nasce é para todos - remata logo. Ilacção lógica, não concordas?

Quando a maiores poderes em Portugal corresponderem iguais responsabilidades, inteiramente assumidas - a bem ou a mal - sem impunidades assassinas de qualquer democracia que se preze, então, caro Ricardo, verás que as coisas mudarão.

Até lá, é a miséria que se vê e que revolta, dando, depois, os resultados que agora constatamos.

Não te esqueças de que todas as ditaduras começaram com as melhores intenções e algumas até foram democraticamente investidas...

Não é precipitada, Ricardo. Dedica-te a ouvir as pessoas e o que dizem na rua, nos transportes públicos. Não precisas de fazer qualquer esforço. Basta ouvir.

Se não estamos atentos a estes desabafos e à raiva que neles se contém, arriscamo-nos a um dia destes, sermos completamente surpreendidos.

E eu seria catastrófico - mas talvez não muito desviado da verdade - se aqui vaticinasse que, sendo possível (e é sempre possível) um reviralho ao contrário, a clique que é causa desta situação, safar-se-ia para o bom recato, onde, provavelmente, tem os bens a salvo já. E quem cá ficaria serias tu e eu e outros tantos como nós. Os palermas do costume (desculpa lá o palerma, que não reveste qualquer ofensa). Sim, seríamos nós a aguentar o barco, depois dos patifes dos ratos terem fugido todos em bom tempo.

A alternativa não existe, Ricardo. Convence-te disso. Pelo contrário, anota uma coisa que, aliás, já estarás farto de saber: não é quem está na oposição que acede ao poder; é, sim, quem detém o poder que o perde. A menos que seja pela força. Mas também nesse caso, a principal culpa é de quem criou as condições para que perdesse, não quem, atónito, recebeu nos braços um poder que nem sequer esperava.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, MJoão!

Pois olha que as notícias que me chegaram foram bem outras. Que teria sido montado, cim, mas, apenas a partir de determinada altura e para tentar inverter a situação.

O concursito não era para ter terminado já há cerca de 2 meses atrás?

Beijinho

Ruben

Anónimo disse...

So waht??

Foi manipulado, montado, arranjado de propósito para estes efeitos na mesma!
Não passa duma aldrabice!!
Só cai quem quer nesta vergonha ;-)

beijinho