Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 25 de julho de 2007

1196. Se o diz talvez seja porque o sabe...

A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude
Contra
o medo, liberdade

Público - 24.07.2007

(...)
Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE.
(...)
Na campanha do penúltimo congresso socialista, em 2004, eu disse que havia medo. Medo de falar e de tomar livremente posição. Um medo resultante da dependência e de uma forma de vida partidária reduzida a seguir os vencedores (nacionais ou locais) para assim conquistar ou não perder posições (ou empregos). Medo de pensar pela própria cabeça, medo de discordar, medo de não ser completamente alinhado.
(...)
Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este que condiciona e espartilha em grande parte a acção do seu Governo.
(...)
Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, as alternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdade diz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdade de crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente.
(...)
Não se pode esquecer também a responsabilidade de um poder mediático que orienta a agenda política para o culto dos líderes, o estereótipo e o espectáculo, em detrimento do debate de ideias, da promoção do espírito crítico e da pedagogia democrática. Tenho por vezes a impressão de que certos políticos e certos jornalistas vivem num país virtual, sem povo, sem história nem memória.

(...)
Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: "Entre nós e as palavras, o nosso dever falar." Agora e sempre contra o medo, pela liberdade.

* * *


Estando Manuel Alegre tão perto do Poder - do PS como do Governo - como poderei eu, nesta oportunidade, contradizê-lo ou mesmo achar que não sabe do que está a escrever?
...

10 comentários:

Ruvasa disse...

Deveriam, outros, não ter medo de tachadas.

Um abraço

dp

Ruvasa disse...

Viva, DP!

Pois é verdade.

Mas o António Barreto já tem dito muito mais fortes.

Abraço

Ruben

Anónimo disse...

A mim, ninguÊm me cala!

:-D
Mai nada!!


Beijinhos

Ruvasa disse...

Viva. MJoão!

Sim, a ti não é qualquer marmanjo que te cala.

Toma!

Beijinho

Ruben

Ruvasa disse...

Pois claro.

O Manuel Alegre sabe muitíssimo bem do que está a falar.

Esbirros da Idade Média, sempre os houve. Antes dela, dessa média, depois dela, na moderna, e agora mesmo, na contemporânea. E também já existem agora, os esbirros de amanhã.

O Sócrates, com aquele ar melífluo, só engana quem gosta de ser enganado. Nunca sabe, nunca ouviu, mas o castigo aparece na hora própria, mesmo depois de fingir que reconhece o direito à liberdade de expressão do pensamento.

Promete mundos e cria fundos. A ditadura está aí, a deitar a cabeça de fora. Pena é que a oposição não saiba o que e o como fazer.

Vai ter que ser a Igreja a ter que fazer o que compete ao cidadão.

Grande abraço e muitos parabéns pelo seu belíssimo trabalho.

Já larguei de vez os foruns. Aquilo já não presta para nada.

Tomás Rosa

Ruvasa disse...

Viva, Tomás Rosa, Amigo!

Claro que é assim. E o pior de tudo são os mais papistas do que o próprio Papa, mesmo sabendo-se que o Para não é flor que se cheire. Os esbirros sempre foram uma raça maldita.

Sim, a ditadura - dita dura - ainda não chegou, propriamente dito. Mas apresta-se. É só darem-lhe hipótese de se alapardar...

Quanto aos "fora", na verdade aquilo não anda nem desanda. É sempre o mesmo estilo de conversa, com as mesmas frases esteriotipadas e sem nexo, sem nada dizerem de concreto. Um vazio total. Chega a ser embrutecedor.

Tem aqui um espaço sempre livre, para dizer de sua justiça. Sabe que o meu apreço por si, meu Amigo, não tem medida. Disponha.

Cumprimentos à Esposa, que espero que esteja bem, e um grande abraço para si.

Ruben

Unknown disse...

Há muito que se nota que entrámos no «Tempo de Medo! Tempo de sansões», já só falta a Polícia do Pensamento...

Ruvasa disse...

Viva, Henique!

Sim, só Polícia, porque os "bufos" já aí estão em força.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Amigo

Começo a verificar que a época está propícia ao aparecimento das
ditaduras e, em Portugal, vão-se experimentando fórmulas "democráticas" para criar um novo Secretariado da Propaganda Nacional e fazer despertar o sentimento
nefasto do "bufo" e do delator.

E fazem isto com a maior desfaçatez, dizendo que tudo está a ser feito no sentido de maior defesa das liberdades, incluindo a liberdade de expressão.

Vamos lá, não comam os malmequeres...deixem qualquer "coisinha" para o Povo...!

Um abraço
AAlves

Ruvasa disse...

Viva, Alves!

Não comam os malmequeres?!

Amigo, não tenha ilusões!

Estes são aqueles de quem o José Afonso dizia que "eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada". Só que ele se só se referia a metade dos destinatários. Faltaram-lhe estes...

Abraço

Ruben