Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

1280. O mentiroso compulsivo

Num outro país ao lado daquele a que ontem me referi, em tempos muito antigos, quando o país era ainda um reino, houve um governo, liderado por um Presidente do Conselho (de ministros, evidentemente) que, desde o primeiro dia da governação - e mesmo antes -, logo se distinguiu por uma característica simpática:

Tratava-se de um mentiroso compulsivo.

Mentia descaradamente.
Mentia sobre aspectos da sua vida política, no que tinha feito antes, sobre o que fazia no momento e até no que tencionava fazer mais tarde.


Mentia desalmadamente.
Mentia quanto às diversas facetas da sua vida pessoal, passada, presente e futura.


Mentia a torto e a "direitamente".
Mentia lá na agremiação partidária dele, mentia na casa da suposta democracia, em sessão oficial ou fora dela, mentia nas entrevistas que dava, mas somente a jornalistas de feição (os habituais comissários políticos, a quem tinha agarrados pelos tomates) e, por isso mesmo, de sua afeição
(até certo momento, porque, a partir de determinada altura, até disso se deixou).

Mentia descabeladamente.
Era mesmo um mentiroso de alto quilate, compulsivo, como já se acentuou, e nem sequer se ruborizava um nadinha, como faz qualquer mentiroso de meia tigela e umas résteasitas de decoro.


Mentia everywhere.
Mentia nos montes, nos vales, nas ruas, nos hospitais, nas escolas, nos palácios, nos palheiros, na sala do trono, na sala dos despejos intestinais... qualquer sítio e qualquer circunstância lhe servia para mentir como só mentiroso de altíssimo calibre sabe fazer...


Mentia em todos os tons.
Mentia em surdina, em tom cordato, tonitroantemente, em lamúria, em alta grita, em murmúrio, em tom ameaçador, até mesmo sem nada dizer. Um festival!


Enfim, um mentiroso de tigela inteira. Jamais se tinha visto tal aldrabão em todo o reino e arredores.

Um fenómeno indescritível!

Mas... há sempre um mas...

Havia uma situação em que não mentia.
É certo que também não caía na tentação de, por uma vez ao menos, dizer a verdade, isso não! Meia-verdade que fosse!... Mas também não mentia.


Era quando, dirigindo-se a qualquer cerimónia oficial - ou dela saindo - e tendo conhecimento de que cá fora o esperava, certamente para o cumprimentar efusivamente e lhe dizer umas quantas palavras de conforto e ânimo, meia dúzia de gatos pingados, esganiçados ou não, ele, corajosamente, entrava e saía pelas traseiras, caladito como um ratito, evitando-a e, assim, deixando umas mentirolas por dizer.

Havia até quem afirmasse a pés juntos que procedia assim, não por receio de qualquer encontro mal afortunado, não, que ele era gente de coragem, mas muito mais prosaicamente porque sempre lhe dera muito mais jeito e gozo usar as portas de serviço, que, como é sabido, invariavelmente se situam nas traseiras. O que é, como há que reconhecer, uma questão de gosto. E, quanto a gostos... bem, estamos conversados!
...

6 comentários:

JMTeles da Silva disse...

O meu caro Ruben está-se a atirar para fora de pé, hehehehehe.
Ponha as braçadeiras. Não sabe que se não pode dizer mal dos meninos?Abraço

Nuno Raimundo disse...

eheh
este post faz me lembrar de alguém eheh


abr...prof...

Ruvasa disse...

Viva JMTeles da Silva!

país a que me refiro situa-se muito longe daqui. Muito longe mesmo. E a época em que tal sucedeu, é tão recuada, que decerto nenhum dos intervenientes vive ainda. É mesmo uma impossibilidade.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Nuno_r!

Talvez le faça lembrar alguém, mas não e certamente a pessoa a quem me refiro.

Como disse no post e na resposta acima, o país fica muito longe de nós e a époa em que se deu deve andar perto da era das Trevas, ou seja, a Idade Média. Aliás, o mentiroso compulsivo era mesmo medieval. Só podia!

Abraço

Ruben

Camilo disse...

Por acaso, também concordo com o Amigo Ruvasa.
"Isto" nã tem, nã senhor, nada a ver com nós!!!
E explico porque axim penxo:
-O gajo da história do Amigo Ruvasa, é tão aldrabão,
tão aldrabão, e tão mentiroso que, por mais que o seja,
nã consegue nã senhor... ser tão aldrabão e tão mentiroso
como o "NOSSO"
(aqui ao pé)!!!

Ruvasa disse...

Viva, Camilo!

Chegou e deu os bons dias... disse o que tinha a dizer e... foi-se.

C'um caneco, amigo!

Abraço

Ruben