
Que o LNEC iria entregar um relatório inconclusivo, já cá se sabia... Tem que dar para tudo.
E certamente que tal não resulta do facto de os técnicos não saberem determinar - e explicar coerentemente - a alternativa que entendem mais razoável. Não. Certamente que não são burros chapados.
O que pode ter acontecido é que tenham recebido instruções expressas nesse sentido. E, claro, não serão autónomos. Dependerão.
Repare-se neste "mimo":
"Em termos de impacto económico para o país, a Ota é mais vantajosa. Por razões financeiras Alcochete poderá ser o preferido, porque é mais barato, embora não tanto como a determinada altura foi dito, ou do que o estudo da CIP apontava."
Só neste país de opereta em que estão a transformar-nos é que uma coisa destas se escreveria.
Por que razão em temos de impacto económico é que a Ota é mais vantajosa? Quando todos sabemos - e até os técnicos do LNEC!!! - que construir um aeroporto numa zona já suficientemente povoada e com pouco espaço para se estender, é contra todos os cânones de Economia bem ordenada e não torcida para "jeitinhos".
Alcochete poderia ser preferido porque é mais barato. Mas, anote-se!, não tanto como teria sido determinado em estudos anteriores... Muitíssimo menos, quase uma migalha...
Note os preciosismos:
Ota "é"
Alcochete "poderá ser"
Atentou na "minudência? Isto, quando toda a gente sabe já, mesmo empiricamente que a Ota "não é" e Alcochete "é que deverá ser". Por todas as razões. Até de transparência democrática e de recusa de possíveis favorecimentos indevidos e, consequentemente, corruptos, mafiosos.
Até no que respeita à questão do desenvolvimento. Qual das duas é mais desfavorecida em termos de desenvolvimento e, consequentemente, deve ser mais apoiada?
Mas, veja mais desta treta - sim, porque se trata de uma treta, já que parece não estar a ser conduzida em termos lineares e na estrita defesa do interesse geral do país, antes parecendo revestir forma altamente capciosa - aqui.
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ADENDA
(06Jan2008 - 22,10horas)
(06Jan2008 - 22,10horas)
A propósito deste assunto, acabo de tomar conhecimento de um email que me foi enviado pelo Professor jubilado do Instituto Superior Técnico, António Brotas e membro do PS, que me apresso a trazer aqui, uma vez que o referido senhor tem manifestado grande interesse em que os seus escritos sobre o assunto sejam o mais amplamente divulgados que for possível. Aí fica, para as análises indispensáveis:
SOBRE O RELATÓRIO DO LNEC
Para elaborar o estudo que lhe foi encomendado pelo Governo sobre as vantagens e inconvenientes da localização do NAL (novo aeroporto de Lisboa) na Ota e em Alcochete, o LNEC convidou para responsável pelo relatório sectorial relativo ao impacto sobre o Ordenamento do Território o Professor Jorge Gaspar, acérrimo partidário do aeroporto na Ota.
Dos 7 relatórios sectoriais que já estarão prontos, parece ser este, elaborado pelo Professor Jorge Gaspar, o mais favorável à Ota.
Assim, leio na primeira página do D.N. de hoje: “…No entanto a Ota também tem vantagens, entre as quais se contam a situação Geográfica, mais perto de uma actividade económica pujante e numa zona onde a população é mais numerosa. Razão por que a Economia a privilegia.”
Dos 7 relatórios sectoriais que já estarão prontos, parece ser este, elaborado pelo Professor Jorge Gaspar, o mais favorável à Ota.
Assim, leio na primeira página do D.N. de hoje: “…No entanto a Ota também tem vantagens, entre as quais se contam a situação Geográfica, mais perto de uma actividade económica pujante e numa zona onde a população é mais numerosa. Razão por que a Economia a privilegia.”
Faço votos para que dentro de dias, quando o LNEC entregar o seu relatório, ele seja público, para a ele poderem ser juntos comentários críticos que permitam ao Governo tomar com um melhor conhecimento do assunto, a decisão política que lhe compete.
O relatório sectorial sobre o Ordenamento do Território e o impacto sobre a Geografia Económica do país, será, provavelmente, o que dará origem a uma maior controvérsia, pois, dum modo geral, todos os outros se poderão basear em estudos mais objectivos e técnicos. Uma vez que vejo aparecerem na Imprensa as primeiras informações sobre este relatório, permito-me, desde já, fazer os seguintes comentários:
1 - Vai-se realizar em breve a Cimeira Ibérica de 2007 (atrasada dois meses devido à Presidência portuguesa da CE). É altamente provavel que, nesta Cimeira, Portugal e a Espanha se ponham de acordo em construir a breve prazo a linha de Badajoz ao Poceirão (na Península de Setubal, onde está prevista uma plataforma logística), prolongada, possivelmente, até à estação da FERTAGUS do Pinhal Novo.
2 - É inteiramente normal que a localização do NAL seja decidida depois do acordo para construir esta linha, fundamental para a nossa Economia e que será a nossa primeira ligação à rede ferroviária europeia de bitola standard,
3 - O Professor Jorge Gaspar foi um acérrimo defensor da solução ferroviária dita do T deitado de, em vez de termos duas ligações a Espanha pela Beira Alta (Vilar Formoso) e pelo Alentejo (Elvas/Badajoz) termos uma só pela Beira Baixa, na direcção de Cáceres. Com esta solução, que os espanhois nunca poderiam aceitar e que atrasou o acordo com a Espanha, a linha para Badajoz nunca seria construida.
4 - Sobre a “actividade económica pujante perto da Ota”, sem discutir agora se ela é mais importante para a Economia do país do que a actividade económica da margem Sul, afirmo que ela, a actividade perto da Ota, beneficiará muito com um aeroporto em Alcochete com grandes possibilidades de expansão e não atrofiado à partida como o da Ota, com amplas possibilidades de estacionamento e belíssimos acessos rodoviários para quem for da Margem Norte pela nova ponte do Carregado.
Terei, obviamente, o maior gosto em discutir estes assuntos com o Professor Jorge Gaspar: (7 de Janeiro de 2008)
António Brotas
(Um dos 22 co-autores do livro “O Erro da Ota “)
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António Brotas
(Um dos 22 co-autores do livro “O Erro da Ota “)