Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 19 de junho de 2008

1570. De "repentemente"


De há muitos anos a esta parte (estou mesmo em crer que desde sempre...) as notas dos nossos alunos na disciplina de Português têm sido muito más.

Tal circunstância apenas tem corroborado o que qualquer cidadão, mesmo descuidado, certamente terá notado, sempre que, à frente dos olhos, lhe cai um simples bilhetinho escrito por um desses tais alunos.


De "repentemente", porém, a senhora ao lado retratada, conseguiu um milagre. Dos tais que nem a Senhora de Fátima seria capaz.
Qual?!?! Então não é verdade que se anota por aí que, por exemplo, nas provas de aferição do 6º ano, realizadas em Maio último por mais de 230 mil alunos de 6883 escolas, relativamente à disciplina de Português, as notas positivas ascenderam a 89,9% do total? De "repentemente", portanto!...

Diz-me o
feeling que não há, em todo o mundo, experiência igual. Nem houve. Nem haverá. Estes são resultados únicos de uma política também ela única.

E a senhora ao lado retratada continua a aparecer em público, sem que tenha o cuidado de esconder a cara atrás de um biombo, de um leque, de um simples lenço de assoar.


E por que razão haveria de aparecer com tais adereços? Pela simples razão de que bastará que qualquer cidadão vulgar de Lineu peça ao respectivo filho, frequentador daquele 6º ano, que lhe escreva um bilhetinho de três linhas a pedir-lhe que lhe aumente a semanada, porque a que lhe dá não chega nem para caramelos, para logo verificar que a tal percentagem de notas positivas a Português não passa de mais uma falácia dos serviços da senhora ao lado retratada e que ela avaliza e propagandeia com todo o pundonor.


E falácia continuaria a ser se o pai o fosse de um menino de frequentador do 9º ano. E falácia permaneceria, se o pai o fosse de um magano do 12º ano. E falácia ainda seria se o pai o fosse de um senhor doutor do 5º ano universitário.

Não acredita? Ok, faça a experiência, porque nada há como sermos confrontados com as realidades da vida, destruidoras de sonhos completamente idiotas...
...

5 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Bom dia Ruben;

Olhe, tirou-me as teclas das palavras. Ontem quando durante uns 'zappings' fui assistindo à entrevista da 'sra sinistra' teci semelhantes conjecturas. Claro que há raras e honrosas excepções mas, a excepção deveria ser a outra, a dos que não dominam a Lingua pátria.

Em qq país civilizado da UE os filhos dos emigrantes recuam um ano em relação ao ano escolar que frequentavam no país de origem, ano esse que serve para fazer a aprendizagem da nova língua. Aqui, e por incúria dos vários governos, não há esse ano de adaptação.

Vi, não há muito, num dos canais nacionais, um programa sobre as dificuldades dos professores que lidam com turmas multiraciais. Um dos exemplos era 'gritante', uma professora do básico ou secundário, não me ocorre, que afirmava ter na sua aula alunos de 15 - quinze - nacionalidades diferentes e alguns nem as palavras básicas dominavam. Como é que estes alunos lêem os textos, os testes, e respondem em conformidade? Como é que pode ser avaliado em todos os parâmetros? Não pode!
Inserir alunos destes nas turmas vai nivelar por baixo a já baixa literacia dos alunos.
Mas há mais causas... :)

Um abraço.

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

É nisto que continuamos. Infelizmente disto não passamos. Que fado este, o nosso!

Abraço

Ruben

Marco Valle disse...

Não me falem dessa senhora.
Como é possível que se tenha aguentado no poleiro tanto tempo este verdadeiro ogre executor, que para mim ficará para sempre lembrada como «aquela que deu a machadada final no ensino em Portugal».
Como é possível ter completamente destruído o sentido natural das coisas em tão pouco tempo. Piorando de forma alarmante e impossivelmente inacreditável, a porcaria que se tem feito ao ensino neste País por todos os ministros da educação desde o 25 de Abril. O ónus da prova que sempre vigorou em qualquer sistema de ensino racional desde que o homem saiu da lama primordial e teve filhos. Desde sempre um aluno teve de provar que merecia passar para um novo nível de conhecimento, através do esforço e interesse pessoal demonstrado, e do conhecimento apreendido e compreendido. Agora, num par de anos, tudo isso foi invertido, o aluno está passado à partida e o professor é que tem de provar que este não merece passar. Ainda mais, sob risco pessoal, pois a ausência de êxito reflecte-se na avaliação do próprio docente. Não bastando isto, ainda por cima, o grau de exigência dos programas também decresceu de forma abismal. Tudo isto para aldrabar de forma inescrupulosa um bicho chamado estatísticas, que pelos vistos é a única coisa que interessa a essa senhora. Todos os meios justificam os fins sem olhar a quê.
Estamos a formar burros, completos ignorantes incompetentes e desconhecedores de quase todas as matérias humanas, exceptuando as mais fúteis da sociedade de consumo.
Não sabem ler nem compreender o que se lhes pede na sua língua materna, pelo que além de terem tão escassos conhecimentos, nem mesmo esses conseguem explanar e transmitir aos outros de maneira inteligível nem que a sua vida dependesse disso. A sorte destes gajos é que qualquer dia ligam um computador ao cérebro e terão todo o conhecimento do mundo (serás que o compreenderão ou nem assim os seus cérebros de amebas não utilizados servirão para alguma coisa), mas até lá este País continuará a atrasar-se em relação a toda a Europa e ao mundo. Os pais andam muito contentes porque os seus filhos passam todos os anos e tem boas notas, mesmo que não saibam quem foi D. Afonso Henriques, onde fica Portugal, que o ferro é um metal, que um golfinho não é um peixe e que uma divisão com mais de dois algarismos não é uma impossibilidade. Não esquecendo que, a descrição de qualquer um destes assuntos por escrito estará totalmente fora de questão.
Mas para falar verdade eu até compreendo a senhora. Esta política tem sido muito bem dirigida. Isto se o objectivo for criar uma sociedade alienada e alienante de qualquer mente expedita e inquisidora que questione a forma como uma elite politica gere o País.
Porque não temos político nenhum que preste e não teremos nenhum em breve?
Os actuais porque há 30 anos que são os mesmos, que fazem como o Robin dos Bosques mas ao contrário, roubam aos pobres para dar aos ricos. Num jogo das cadeiras saltam de poleiro em poleiro, pilhando quanto podem e passando à frente.
Os futuros políticos pelas suas origens. Elementos que os partidos recrutam das suas juventudes partidárias, que por sua vez os recrutam das associações académicas (pagas e eleitas pelos partidos). E é bem sabido quem normalmente vai para essas associações (os chupistas, borlistas, é melhor não continuar…) e quem eventualmente não corresponda a este perfil, rapidamente será excluído.
Assim se fecha uma transformação social iniciada há 30 anos, a transformação das massas em carneiros desprovidos de pensamento e a deusificação de uma elite escolhida. Mas não se esqueça senhora ministra e tu ó Sócrates, até os carneiros eventualmente percebem quando estão mal e aí também marram.

Ruvasa disse...

Viva, Marco!

Tens toda a razão. Infelizmente.

Só duvido de uma coisa: que os carneiros de hoje em dia e deste lugar marrem mesmo.

Serão capazes de dar umas marradinhas ternurentas, mas, marrar de verdade, com ganas de magoar a sério, de molde a dar um fortíssimo abanão no traseiro desta gente, isso...

Isto é tudo boa gente, com incolor nas veias...

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Março!

Cá estou outra vez.

O que eu queria dizer era que "... é tudo boa gente, com sangue incolor a correr nas veias..."