Hoje, para começar a firmar o regresso, decidi contar-vos uma história leve e engraçada, para variar.
* * *
Como é comummente sabido, Karl Marx foi o autor do célebre livro doutrinário que iniciou todo o movimento revolucionário que deu origem ao Comunismo. Nele se inspirou Vladimir Ilitch Lenin, o líder da revolução de 1917, que instaurou o Comunismo na Rússia e daí o difundiu pelo mundo.
O que talvez ninguém saiba é como é que surgiu o título do livro, ou seja Das Kapital. É o que me proponho dar hoje a conhecer ao mundo.
Um primeiro apontamento: Das Kapital pronuncia-se sensivelmente desta forma: Dâsse capital.
Posto isto, vamos à história dos factos:
Marx, desde sempre um homem do pensamento, vivia em sérias dificuldades económicas. Tais condições agravaram-se quando, em 1843, casou com Jenny von Westphalen, ou seja Geninha (Eugénia) da Vestefália, filha de uma família burguesa, muito abastada.
Em vez de aligeirar as provações económicas de Marx, o casamento apenas as acentuou de forma grave, uma vez que o casal teve cinco filhos, Franziska, Edgar, Eleanor, Laura e Guido, que era necessário sustentar, e os pais da Geninha recusaram-se terminantemente a financiar a família, uma vez que, segundo alegavam, Karl não queria "trabalhar a sério", apenas se dedicando a escrever, auferindo os pouquíssimos rendimentos que conseguia através da publicação ocasional de artigos em jornais alemães e americanos, a que juntava o auxílio financeiro vindo do amigo e principal colaborador Friedich Engels.
Ora, no meio de tais dificuldades provenientes da escassez de dinheiro, acontece que determinado dia, preparando-se para fazer o almoço da família, Geninha constatou uma realidade que, aliás, era já sua conhecida: em casa não havia "cheta" para comprar uma simples côdea de pão.
Então, reticente, embora, por não querer incomodar o etéreo marido, lá foi até ao escritório onde o nosso amigo se encontrava a terminar o Das Kapital e à procura de um título adequado para a obra. Disse Geninha:
- Karl, meu Karlzinho. Vê lá se consegues arranjar por aí uns trocados, que eu preciso de fazer o almoço. Os putos estão esganados e não tenho nada para lhes dar de comer.
Então, o nosso herói rebuscou os bolsos e, tendo encontrado o porta-moedas, abriu-o, olhou lá para dentro, esbugalhou os olhos e rematou, incrédulo:
- ...da-se, capital não há !!!
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Topou?
...
6 comentários:
Hehehehehe, ai se certas pessoas topam que anda alguém a brincar com uma vaca sagrada:))))
Abraço
Saúda-se o regresso
Viva, Ana!
Esta surgiu-me no decurso de uma prelecção da guia, em Moscovo.
Foi uma barraca.
A mulher a falar e eu, de repente, lembro-me desta e desato a rir sem conseguir conter-me.
O que me valeu é que me dava bem com a guia, uma professora universitária de 45 a 50 anos, de Moscovo, que, por ganhar apenas 300€ mensais, numa cidade considerada, depois de Tóquio, a mais cara do mundo, tem que, à semelhança da grande maioria dos russos, se desenvencilhar com outro emprego - este, de guia - para sobreviver.
Bem, lá expliquei a coisa e continuámos amigos. Até porque ela, comunista ferrenha até 1985, ano em que foi para Moçambique e onde passou dois anos, veio de lá completamente "curada". Isto nas palavras dela, claro.
A vida dos russos em Moçambique, não foi nada fácil, tão rejeitados se sentiram e se ouviram sempre dizer.
Mas isso é assunto para outras crónicas.
Abraço
Ruben
Você voltou de bom humor nos brindando com esta história engraçada e com os detalhes de tuas andanças.
Benvindo de volta à blogosfera!
Abraços.
Viva, Maria Augusta!
Sim, de bom humor, mas cansado. Foram três países percorridos por terra (muito comodamente, diga-se) e mais a Rússia (Moscovo e São Petersburg). É uma grande estirada. Mas valeu a pena.
Acabei de inserir um post com fotos da Lituânia. Outros se vão seguir nos próximos dias.
Abraço grande de saudade.
Ruben
E eu lendo tudo na maior seriedade! hahahahha Coitada da Geninha!
Viva, Alice!
Bem, fiz graça com o assunto por já terem passado tantos anos, mas o que é certo é que a carência foi séria mesmo.
Abraço
Ruben
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