Nesta coisa da crise que actualmente se atravessa em Portugal e por aí fora - mas aqui cuida-se apenas da que por cá temos, que não é só de há mês e meio para cá... - e como preparativo para uma análise serena e lúcida, proponho-me hoje aqui deixar motivo para reflexão.
É ele o seguinte:
Passemos ao largo das despesas vultuosas como a compra de casa ou de carro, cujos sectores estão efectivamente paralisados.
Detenhamo-nos, pois, apenas no restante que importa realmente, como sejam, os supermercados (i.e. negócios da venda de comida para consumo "em casa"), os restaurantes e pastelarias (i.e. negócios para venda de alimentos comidos "fora de casa"), as lojas e centros comerciais de venda de qualquer tipo de vestuário e calçado, mesmo de marca... talvez principalmente de marca.
E que panorama se nos depara? O de que apenas nos supermercados se nota uma enorme diminuição de clientes, ou seja, apenas nos artigos de primeira necessidade e que se destinam a fazer alimentação em casa, poupando gastos.
Nos restantes, atónitos, constatamos que os negócios continuam de vento em popa, muito embora, quando contactados pela TVs, os proprietários se queixem.
Não acredita nisto que lhe digo?
Então, faça como eu venho fazendo: visite uns quantos supermercados e aprecie; faça o mesmo em relação a uns quantos centros comerciais e lojas de roupa e de calçado - que, como bem sabemos, não são artigos de necessidade diária, nem semanal, nem sequer mensal - e olhe com olhos de ver.
E, já agora que se deu à maçada, vá a 4 ou 5 restaurantes e veja se consegue arranjar lugar, sem ter que estar meia-hora à espera de mesa.
Mas faça mais:
Vá a meia dezena de pastelarias e veja quantas famílias (marido, mulher e filho/os) encontra a tomarem o pequeno-almoço, ali mesmo, quando vivem no quarteirão seguinte, no prédio ao lado ou - surpresa das surpresas! - no segundo piso do prédio em que, no rés-do-chão, está a pastelaria.
Depois, venha aqui dizer o que encontrou.
Repare, com especial atenção, nas grandes filas que se formam nas caixas de pagamento. Sim, para constatar que as pessoas não andam lá apenas a ver, na tentativa de se distraírem das agruras da crise.
Se é pessoa de "cair de costas", de estupefacção, de incredulidade, aconselho a que se faça acompanhar por alguém robusto, capaz de o/a segurar, evitando que se magoe quando da queda.
Pois...
...
6 comentários:
E não é que eu já tinha estranhado exactamente o mesmo?
Os hipermercados até têm suprimido algumas das "caixas".
E ainda ontem o "El Corte Inglês" fervilhava de gente.
Bem sei que começam a fazer-se as costumeiras compras de Natal.
Como, provavelmente as pessoas sentem grande dificuldade em fazer marcha atrás no seu desvario consumista, acabam por cortar no mais importante que é a alimentação.
Quando se perde o tino, é o diabo.
Abraço e bom fim de semana.
Acho que a midia exagera em relação ao alcance da crise quando vemos todo o movimento nos supermercados e afins. Mas aqui na França muitas indústrias paralisaram (pelo menos durante algum tempo, dizem) suas atividades e começam a dispensar os empregados. Talvez os efeitos da crise seja visível daqui a alguns meses...
Abraços e um bom fim de semana.
Viva, Ana!
É isso que me tem chamado a atenção. Provavelmente as pessoas, por causa desse espírito consumista ou porque pretendem mostrar que não têm tantas dificuldades assim, procedem desse modo completamente fora de todo o senso. Tirar ao essencial para compensar ao acessório é sempre de má política. Talvez seja isso...
A primeira vez que deparei com essa circunstância foi em meados dos anos 80, aqui em Setúbal, onde constava haver fome.
Viam-se coisas completamente estapafúrdias. Foi algo de inacreditável. Naquela altura, claro, porque hoje já acredito em tudo.
Lembro-me até de que tanta publicidade se fez sobre o assunto da "fome em Setúbal", em que se incluia o então bispo de Setúbal, D. Manuel que, numa altura em que era eu quem dirigia a Misericórdia, foi decidido colocar à disposição de quem precisasse, alimentação diária. As pessoas fariam como entendessem para receber esse auxílio mas, dávamos especial ênfase a que viessem à Misericórdia, de forma discreta, e levassem a comida para suas casas ou para onde melhor entendessem.
Pois bem, querida Ana, em 3 meses que durou a, digamos, campanha, nem um único carenciado apareceu ou mandou recado. Nem um únicozinho!...
Todos estas coisas têm quase sempre muito que se lhe diga...
De emtão para vcá nunca mais... mas nunca mais, dei um tostão de esmola na rua.
Dou regularmente para a Ami, para o Banco Alimentar contra a Fome, para a Cruz Vermelha, para a Remar, para a Caritas, para instituições, enfim. Em dinheiro, apenas para a Ami.
Abraço
Ruben
Viva, Maria Augusta!
Claro que os "media" exageram. Aliás, exageram sempre e em tudo. Mas há duas crises distintas, em Portugal: a que quase todo o mundo sofre hoje em dia e a outra, endémica, em que Portugal está mergulhado há muito tempo e que os "governantes" teimam em ignorar, tentando que nós a ignoremos também.
Há também quem, a nível das mais altas instâncias governamentais - mas das mais altas mesmo! - tenha o sumo desplante e a estupidez de achar que Portugal, economia completamente dependente, tanto sob o ponto de vista económico propriamente dito como financeiro da UE, com especial relevo para a da vizinha Espanha, sem a produção alimentar da qual estaríamos a morrer de fome, já que por cá nada se produz, mas, dizia eu, há quem afirme a pés juntos, perante as câmaras de televisão, que o mais provpavel é conseguirmos livrar-nos da crise mundial, por efeito das excelentes medidas governamentais tomadas. E afirma-se isto com o maior dos desplantes e sem corar de vergonha, muito embora o narizinho malandreco cresça como nunca cresceu o do Pinóquio. O que me surpreende é que ainda ninguém lhes tenha ido à cara...
Abraço
Ruben
Pois
Também vi o que tu viste e vejo continuamente.
Fervilha o mexilhão na panela.
é só mentiras e mais mentiras e TVS e videos...bahhhh
Sabes qual é o País com maoir importação de Ferraris?, já para não falar que as pessoas nas maquinas de tios Belmiros e compª estão a ser substituídas por self-service...
Não sei onde para o dinheiro, mas que há muito,deve existir endividamento até ao tutano.
Mas onde , com quem e como?
Há e não há (crise)
Beijos Caro ruben
Viva, Lurdes!
É tudo muito complicado... muito complicado mesmo!... Tão complicado que a gente nem chega a perceber "bulhufas"...
Beijos
Ruben
Enviar um comentário