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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

1928. Freeport - Ingleses dizem que o conhecem

Ingleses dizem conhecer o actual primeiro-ministro
Freeport: Smith e Russel trocaram e-mails que comprometem Sócrates
06.02.2009 - 21h10 PÚBLICO

Uma troca de e-mails entre Charles Smith, da consultora Smith & Pedro, contratada para tratar do licenciamento do “outlet” de Alcochete, e Gary Russel, da Freeport, mostra que estes conheciam o actual primeiro-ministro, o que desmente a versão de José Sócrates, noticia o semanário “Sol” na sua edição de amanhã.

Os alegados e-mails foram enviados nas vésperas do congresso do PS onde José Sócrates foi eleito secretário-geral do partido – como indicavam todas as sondagens e meios de comunicação social.

Charles Smith e a administração do Freeport nas mensagens mostravam-se a par dos acontecimentos políticos do principal partido da oposição da altura. No e-mail, com data de 2004, e enviado a dois dias das directas socialistas, o sócio da consultora escreve a Russel: “Este fim-de-semana saberemos quem vai ser o líder da oposição que é alguém que nós conhecemos”. Esta mensagem põe em causa as repetidas declarações de José Sócrates, que diz nunca ter conhecido Charles Smith.

O “Sol” avança também mais pormenores sobre as alegadas “luvas” que terão levado à viabilização do “outlet”. Num outro e-mail de Charles Smith para a sede da empresa no Reino Unido, o engenheiro escocês diz: “Quanto mais cedo mostrarmos as transferências melhor, na medida que me permite pressionar no sítio certo para conseguir aquilo que precisamos logo que possível”.

Por outro lado, o semanário noticia que o Freeport não cumpriu os protocolos de minimização do impacto ambiental que assinou com a Câmara de Alcochete e com o Instituto de Conservação da Natureza, assim como alterou, em 2004, os projectos já aprovados. De acordo com o “Sol”, a autarquia emitiu ilegalmente uma licença provisória de construção para a abertura da superfície comercial.

Licenciamento

O Freeport, construído numa Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, foi viabilizado num dos últimos Conselhos de Ministros do Governo de António Guterres, durante o mês de Março de 2002. Nessa altura, de acordo com as autoridades inglesas, saíram da sede da empresa em Londres grandes quantias de dinheiro que foram transferidas para Portugal através de “offshores” na Suíça e Gibraltar, alegadamente para o pagamento de “luvas”.

O processo relativo ao espaço comercial está relacionado com suspeitas de corrupção na alteração à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPET) decidida três dias antes das eleições legislativas de 2002, através de um decreto-lei, e que terá sido mudada para possibilitar a construção da infra-estrutura que já tinha sido anteriormente chumbada por colidir com os interesses ambientais acordados entre Portugal e a União Europeia.

O caso tornou-se público em Fevereiro de 2005, quando uma notícia do jornal "O Independente", a escassos dias das eleições legislativas, divulgou um documento da Polícia Judiciária que mencionava José Sócrates, então líder da oposição, como um dos suspeitos, por ter sido um dos subscritores daquele decreto-lei quando era ministro do Ambiente. Contudo, a Polícia Judiciária e a Procuradoria-Geral da República negaram qualquer envolvimento do actual primeiro-ministro no caso Freeport, apesar de constar do processo. Em Setembro passado, o processo do Freeport passou do Tribunal do Montijo para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), liderado pela procuradora-geral adjunta Cândida Almeida.
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Quanto a mim, o facto de os ingleses dizerem, entre si, que conhecem Sócrates nada significa. Podem conhecê-lo de o verem na TV, nos jornais, ouvirem na rádio, de o terem apreciado no esplendoroso jogging por esse mundo fora, de terem apreciado alguma das magnifícicas casas que projectou lá para as Beiras ou Trás-os-Montes ou somewhere...

Afinal, todos nós o conhecemos muitíssimo bem e, a maior parte de nós nunca se cruzou com ele. E, no entanto, estamos saturados de tanto o conhecer. É que lhe sentimos os efeitos. Na carne, nos ossos, na alma, porra! Será que os ingleses também?

Coitados dos beefs!

Nós, enfim, podemos estar a pagar o pecado de ter nascido cá no rectângulo e outros de nós ainda mais, porque nele votaram (nanja eu, safa!). Mas os ingleses, meu Deus!, porque lhes dais tanta dor... porque padecem assim?...
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