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quinta-feira, 5 de março de 2009

2017. Freeport - "Smith não convence"

Explicações de Smith
não convencem investigadores


CARLOS RODRIGUES LIMA


Freeport.
Escocês já vai no terceiro interrogatório

Arguido foi confrontado com 'e-mails' para esclarecer alcunhas dadas a algumas pessoas

Charles Smith, cidadão escocês constituído arguido no caso Freeport, regressou, ontem, à Polícia Judiciária de Setúbal para novo interrogatório. A sessão foi conduzida pelos procuradores do processo, Vítor Magalhães e Paes de Faria, e por Maria Alice, directora da PJ de Setúbal. Uma das principais curiosidades dos investigadores prendeu-se com as alcunhas utilizadas por Smith em e-mails para, alegadamente, se referir a pessoas ligadas ao processo de aprovação do Freeport. Pinóquio era uma delas. Segundo uma fonte próxima da investigação, as explicações dadas pelo antigo sócio de Manuel Pedro, co-arguido, não têm sido credíveis, daí a necessidade de o ouvir várias vezes.

É como o jogo do gato e do rato, sintetizou ao DN um elemento da PJ: a investigação confronta o arguido com um do- cumento, Charles Smith tem optado por responder, só que as explicações não coincidem com outros documentos apreendidos. "Dada a quantidade enorme de papel apreendido, a necessidade de confrontar o arguido com tudo e o facto de os interrogatórios, actualmente, obedecerem a regras rígidas quanto ao tempo, as audições prolongam-se", disse ao DN a mesma fonte, adiantando que as questões colocadas a Smith podem já ter terminado. "A menos que haja dados novos", segundo o mesmo inspector da Judiciária, os interrogatórios ao cidadão escocês podem ter terminado ontem.

Quer à entrada quer à saída das instalações da PJ de Setúbal, Paula Lourenço, advogada que representa Charles Smith e Manuel Pedro, recusou prestar qualquer tipo de esclarecimentos aos jornalistas, dizendo apenas que o seu cliente não foi confrontado com "dados novos" e que o terceiro interrogatório "correu bem".

Até agora, Charles Smith e Manuel Pedro são os únicos arguidos do processo. Ambos estarão indiciados pelo crime de tráfico de influências. Os dois foram sócios da empresa Smith & Pedro, que esteve à frente da promoção do projecto Freeport de Alcochete. Esta empresa foi, em 2005, alvo de buscas da Polícia Judiciária. Foi na sequência destas buscas que os investigadores recolheram dos computadores da Smith & Pedro várias mensagens de correio electrónico enviadas e recebidas de Inglaterra nas quais há referências a pagamentos. Também no Freeport foram apreendidos computadores que continham e-mails, os quais começaram por ser comprometedores, mas que deixaram de levantar suspeitas.

O endereço jsocrates@neuroniocriativo. .com foi um dos que levantou desde logo suspeitas mas, como explicou Júlio Monteiro, tio do primeiro-ministro, a criação do tal endereço não passou de uma atitude irreflectida do filho, Hugo Monteiro, para se insinuar junto da administração da Freeport. Hugo Monteiro tentou cobrar junto da administração da Freeport o favor feito pelo pai quando, em 2002, fez um telefonema para José Sócrates (então ministro do Ambiente) denunciando uma alegada tentativa de extorsão por parte de um gabinete de advogados a Charles Smith. Júlio Monteiro já foi ouvido como testemunha e, segundo os seus advogados, não deverá ser novamente chamado ao processo.
DN - 2009.03.05
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