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quarta-feira, 18 de março de 2009

2056. Esperança(s) de vida

Relatório europeu
Esperança de vida saudável entre as mulheres portuguesas é menor do que em 1995
11.03.2009 - 23h37 Alexandra Campos, Andreia Sanches

Os portugueses vivem hoje quase dez anos mais do que há três décadas. Mas "a esperança de vida saudável tem diminuído nos últimos dez anos", sobretudo entre as mulheres, segundo o Relatório Conjunto sobre Protecção Social e Inclusão Social de 2009, da Comissão Europeia.

O documento foi debatido esta semana em Bruxelas. E, no capítulo da saúde, surgem números como este: a esperança média de vida de uma criança do sexo feminino que tenha nascido em Portugal, em 2006, era de 82,3 anos - o que supera a média da União Europeia (UE). Já o tempo que este mesmo bebé português pode esperar viver sem qualquer incapacidade ou limitação por questões de saúde é de apenas 57,6 anos, segundo os cálculos do Eurostat apresentados. Menos 5,5 anos do que em 1995.

É preciso olhar para este indicador com muito cuidado porque "tem pouca fiabilidade", defende Mário Carreira, especialista em saúde pública da Direcção-Geral de Saúde. E isto porque o indicador "esperança de vida sem incapacidade" (esta será a designação mais correcta, segundo o médico) está fortemente dependente da qualidade dos inquéritos e estudos feitos nos diversos países. Ora, este tipo de informação em Portugal é "um pouco deficiente", sublinha. Basta olhar para a periodicidade dos inquéritos nacionais de saúde (o último foi feito em 2005/2006, quando o anterior era já de 1998/1999) para perceber que há "hiatos muito grandes" entre estes estudos.

O especialista admite, contudo, que poderá haver algumas razões objectivas que expliquem um agravamento do indicador, nomeadamente o aumento da prevalência da obesidade em Portugal. Seja como for, o relatório traça uma tendência: os europeus (e os portugueses) vivem hoje mais anos. As mulheres mais do que os homens. Mas são também elas que passam mais anos com alguma incapacidade.

A tendência na UE foi para a esperança de vida saudável aumentar. Portugal, tal como a Finlândia ou a Grécia, faz parte do grupo onde se passou o inverso. Mesmo entre os homens. Se não veja-se: a esperança de vida saudável para um homem português era, em 2000, de 60,2 anos; em 2006 voltava ao nível de 1995 - 59,6.

A Comissão nota que a pobreza e desigualdade de rendimentos continuam a ser "problemas estruturais graves" do país, mas elogia várias medidas que têm sido tomadas. Por exemplo: "As reformas no sector da saúde estão a produzir efeitos positivos" Fica, contudo, um desafio: são precisas "políticas globais para melhorar o estado de saúde da população".

Público

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