Arquitecto Charters Monteiro, que projectou bairro de Setúbal, critica Governo de adiar a sua recuperação
José Charters Monteiro foi o responsável pelo projecto de arquitectura do Bairro da Bela Vista, em Setúbal. A tipologia tem sido criticada, mas o arquitecto diz que o problema está na conjuntura social e não nos edifícios.
"A Bela Vista é apenas o sinal. Com a actual crise de modelo social e económico e perante a ineficiência das medidas de governação, estaremos a caminho do alastramento de processos como os da Bela Vista que se estenderão a muitas outras áreas urbanas empobrecidas e sem futuro viável". A voz crítica, mas ao mesmo tempo preocupada, de José Charters Monteiro reflecte a sua posição quanto a uma intervenção urgente no bairro sadino, acusando, no entanto, o Governo de não lhe prestar "a merecida atenção".
"O seu plano e os seus edifícios são o cenário de um processo onde a miséria da população leva às mais graves consequências", justificou.
O arquitecto realça que a população da Bela Vista representa um "caleidoscópio de culturas e nações", mas também "todo o tipo de carências", que se vieram a acentuar, desde que o bairro foi construído, na década de 70, e enunciou a raiz dos principais problemas: "A generalizada falta de instrução e de formação profissional que abrange as diferentes gerações, o desemprego crónico e o recurso ao rendimento mínimo de subsistência. Estes factores são, por si só, capazes de provocar os maiores problemas sociais e de relacionamento, qualquer que seja a proveniência e composição da população residente e qualquer que seja a área urbana em causa", destacou, para defender uma intervenção "imaterial" que deverá abranger a "educação, a formação profissional e a oferta de emprego".
Além disto, Charters Monteiro realça a necessidade de uma aposta "material", no que respeita à requalificação das componentes construídas, como os espaços públicos e colectivos e os edifícios. "Ao longo de 35 anos e apesar da persistente acção física de destruição e demolição, tem resistido, porque não é uma arquitectura de 'pladur'", salientou.
Em consequência, considera que a conjuntura social tem vindo a criar uma população "excluída". "Vamos na terceira geração de excluídos ", afirmou. Defende a intervenção urgente no bairro, mas destaca que ela "não tem merecido da parte do Governo Central a necessária atenção nem importância".
"Enquanto isto não acontecer, não aparecerá uma primeira e diferente geração de cidadãos na Bela Vista", defendeu, para concluir que a "pobreza material e imaterial é a questão central para as populações, qualquer que seja o seu bairro".
(...)
JN 2009.05.15
* * *
Na verdade, é preciso ter lata para vir criticar seja o que for, o autor da porcaria de um projecto vergonhoso, que já na altura em que foi levado para a frente se sabia que iria dar naquilo, tendo a vista os similares americanos já há muitos anos existentes.
Afirma o "artista" que "vamos numa terceira geração de excluídos". O que é que isso tem a ver com o caso do projecto? Mesmo sem excluídos e com elites a viver nele, continuaria a ser um projecto simplesmente vergonhoso e que convida à promiscuidade mais desenfreada e à insalubridade mais doentia.
Claro que a responsabilidade maior nem é dele. É bem mais de quem lhe aceitou o aborto. Mas, tendo projectado tal aberração, ao menos que agora se calasse. Mas não, tinha que vir debitar sentenças, como se nada tivesse que ver com o assunto...
Este pobre país está cada vez pior. A cada cavadela, sua minhoca...
...
Sem comentários:
Enviar um comentário