Quando há 20 anos - em 1989, precisamente, ditavam lei no Partido Social Democrata Cavaco e ele - deixei de dar ao PSD a colaboração intensa, muito esforçada, sem nada pedir em troca, que sempre tinha dado, em 12 anos de militantismo muito activo, por causa daquele senhor e do outro, acima dele, que no partido autoritariamente punham e dispunham, disse para alguns que me acompanhavam que "a pesporrência daquele tipo vai fazê-lo acabar mal". Pode demorar mais ou menos tempo, mas é fatal como o Destino.
Como previra, acabou. Aliás, a previsão nem era difícil.
Não fico satisfeito com o que lhe está a suceder, mas o que lhe está a suceder apenas o deve a si próprio, pela arrogância que lhe está no carácter e novo-riquismo e deslumbramento que o poder súbito e desmesurado sempre confere a quem parece não ter alicerces de sustentação equilibrada para contrabalançar a tanto poder subitamente do nada surgido.
Não, não fico satisfeito. Satisfação tive-a, sim, e muita, quando, num fim de tarde de 1989, juntamente com mais cinco Companheiros, perante a pesporrência e má educação e autoritarismo do tipo, tive o prazer de o olhar com desprezo, lhe virar costas e o deixar a falar sozinho. Como nunca ninguém o havia feito, certamente e que o terá deixado surpreso pela falta de hábito.
De então para cá, esqueci o personagem. Deixou de ter importância. É a primeira vez que, desde então, lhe faço qualquer referência. Já lá vão quase 20 anos. Em Outubro próximo será.
Preferia não ter que voltar a mencioná-lo. Mas ele decidiu que assim não seria. E, deste modo, aqui vim dizer a quem ainda não sabia e relembrar a quem esteve presente, que a previsão que há 20 anos fiz está cumprida. Era impossível que não o fosse, aliás. Estava marcada nas cartas...
Não, não sou adivinho. Apenas analiso as pessoas na medida do que me é possível. E ele era tão fácil de analisar! Tão sofisticado e, contudo, tão a descoberto. Para quem sabe ler...
Não me regozijo nem o lamento. Apenas constato.
E aqui reencerro o capítulo.
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