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sexta-feira, 29 de maio de 2009

2248. Ainda a "peça" da ERC

Veja-se a peça introdutória da notícia da reprovação da ERC em relação à forma como a TVI aborda o tema Freeport e outros do desagrado dos poderes conjunturalmente em vigor.

O texto que segue é transcrição do site da própria ERC.

* * *
O Conselho Regulador da ERC deliberou "reprovar a actuação da TVI nas situações objecto de análise na presente deliberação, por desrespeito de normas ético-legais aplicáveis à actividade jornalística". Em causa estão sete peças de três edições do Jornal Nacional de sexta da TVI, que foram analisadas pelos serviços técnicos da ERC depois de terem sido apresentadas 13 queixas na ERC sobre essas edições do serviço noticioso. Todas as queixas têm como elemento comum o facto de acusarem a TVI de violar deveres ético-legais do jornalismo, designadamente de falta de rigor e de isenção, em peças jornalísticas que apresentam o Primeiro-Ministro ou outras pessoas ligadas ao Governo e ao PS como protagonistas. Na deliberação, o Conselho Regulador considerou "verificada, à luz da análise efectuada, a possibilidade de a TVI ter posto em causa o respeito pela presunção de inocência dos visados nas notícias (tal como resulta do artigo 14.º, n.º 2, alínea c) do Estatuto do Jornalista)". Afirma ainda o Conselho que a TVI se afastou de alguns princípios expostos no seu Estatuto Editorial, a cujo cumprimento se encontra vinculada, e onde se compromete "a observar, nomeadamente, nos seus programas de Informação, regras estritas de honestidade, de isenção, de imparcialidade, de pluralismo, de objectividade e de rigor".

Assim, o Conselho Regulador da ERC decidiu "instar a TVI a cumprir de forma mais rigorosa o dever de rigor e isenção jornalísticas, aqui se incluindo, nomeadamente, o dever de demarcar "claramente os factos da opinião" (artigo 14.º, n.º 1, alínea a) do Estatuto do Jornalista)".

O Conselho Regulador não deixa de "reafirmar, sem prejuízo do antes exposto, o papel desempenhado pelos órgãos de informação nas sociedades democráticas e abertas como instâncias de escrutínio dos vários poderes, designadamente políticos, sociais e económicos".
O destacado em bold e preto é da responsabilidade deste blog.

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Atente-se bem:

1. Curiosamente, ou talvez não, as queixas não indicam os factos que integram a violação dos deveres ético-legais do jornalismo, designadamente de falta de rigor e de isenção. Mas isso pouco importa também, porque as acusações podem dizer o que lhes der na real gana que daí só lhes virá mal se a acusada invocar a violação do respeito que lhe é devido, configurado em denúncia caluniosa...

2. Já quanto à actuação da ERC, organismo com responsabilidades que não pode enjeitar, repare-se bem neste mimo:

verificada, à luz da análise efectuada, a possibilidade de a TVI ter posto em causa o respeito pela presunção de inocência dos visados nas notícias

"Verificada a possibilidade de a TVI ter posto em causa o respeito pela..."

Verificada a possibilidade?! Mas trata-se de uma brincadeira?! A possibilidade? Então reprova-se oficial e publicamente a TVI com base na verificação de uma mera possibilidade?! Mas a que é que o poder acantonado fez chegar já os organismos públicos? Que é isto?!?!

3. a TVI se afastou de alguns princípios expostos no seu Estatuto Editorial
Ok! Quais? Essa coisa de se atirar foguetes para o ar, sem cuidar de apanhar as cadentes canas é coisa desculpável a ignaro fogueteiro mas inaceitável vindo da ERC.

4. o dever de demarcar "claramente os factos da opinião
Mas os factos estão bem demarcados. São vídeos e outros documentos indesmentíveis e, até agora, indesmentidos pelos "agravados", sem que qualquer deles, instados a fazê-lo, pela própria estação, que sempre se dispôs a ceder-lhes tempo de antena, o tivesse querido fazer. Por que razão? Seria bom que os próprios explicassem. Mas a ERC passa sobre isso como sobre vinha vindimada... Talvez seja melhor ignorar tal questão. E quer-se factos mais demarcados de qualquer opinião, do que vídeos, gravações audio e outros documentos autênticos?

5. reafirmar, sem prejuízo do antes exposto, o papel desempenhado pelos órgãos de informação nas sociedades democráticas...
Fraseologia sem qualquer interesse, claramente utilizada para "encher papel", dando a sensação de muito sumo onde claramente se vê não o haver.

Em substância o que é que daqui se retira? Quem isto lê que ajuíze...
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