Com toda a franqueza e serenidade, apesar de tudo, digo aqui que Portugal jamais passou por tão envergonhante crise. E temos passado por um bom punhado delas bem indignificantes.
Esta, todavia, é de todas a pior, a que mais mossa vai deixar. Porque se trata de um conjunto de várias e todas elas muito traumatizantes.
Mas o que confere maior indignidade a esta (e faz com que, para cúmulo, os portugueses, sintam a impotência que nos domina) nem sequer é a forma social e politicamente inaceitável da postura comportamental do chefe (digo bem, chefe) do executivo.
Porque ainda que esse tivesse tal postura e o seu governo tal seguidismo, era lícito aos portugueses esperar que, da parte de outros houvesse a noção de que o país não pode estar à mercê de tais desmandos e reacção necessária e adequada a tais desvarios.
Seria, pois, de exigir que o Presidente da República, soi-disant constitucional supremo garante do regime democrático, tomasse a questão em mãos e lhe desse solução o mais urgentemente possível. Para isso tem poderes. Não é, contudo, o que se tem visto.
Seria também de supor e almejar que, falhada aquela possibilidade, por titubeação (benigna interpretatio) presidencial, a Oposição estivesse em condições de o substituir nessa ingente tarefa e o quisesse. Designadamente e em último caso, com moção de censura que varresse a testada do país. Era o mínimo que se exigia. Não é, contudo, o que se tem visto.
Porquê? Será apenas por similar titubeação ou por vera incapacidade resultante de actuações, elas também pouco recomendáveis?
Assim ou de outra maneira, o que é certo é que não podem os portugueses fiar-se naqueles que é suposto terem sido eleitos para os defender, zelando, com prejuízo até de interesses próprios, pelos do País.
Esta a triste vileza a que estamos reduzidos! A de não haver quem nos possa e queira salvar da ignomínia.
Que pior crise poderá haver do que esta?
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