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segunda-feira, 18 de abril de 2011

2778. O desmentidor que se desmentiu


O desmentidor que se desmentiu

Na entrevista de ontem à noite na RTP, Fernando Nobre esclareceu que fora sondado pelo PS para integrar as suas listas.

Não quis, todavia, mencionar os nomes das pessoas do PS que o terão feito. Confesso que cheguei a pensar ter sido o sondador-mor do reino , Rui Oliveira e Costa, o paradigma da credibilidade sondática…

Imediatamente veio a terreiro o ministro da Economia, inefável Vieira da Silva, acompanhado pelo inenarrável Tiago Silveira, para desmentir que tivesse havido qualquer abordagem do assunto, não obstante a conversa tenha tido lugar.

De gagueira em gagueira, de pausa em pausa para estudar o que deveria dizer (as figuras que os chefes obrigam as pessoas a fazer…) lá justificou o que, na verdade, já não tem justificação por estar já mais do que justificado. Claro que borrou toda a pintura! E como não borrar?

Não fizera qualquer convite nem sondagem – disse – a Nobre.

Tivera uma conversa com ele, sim, mas apenas porque o homem, além de ter obtido uma excelente votação nas presidenciais, conseguira notório apoio de notáveis figuras, das mais variadas áreas, até mesmo do eleitorado socialista (uma pequena pausa para jurar, pela alminha que quem lá tenho, que não estou a inventar; foi o que ele disse e, se disse, está dito!…).

Está bem de ver que, nestas circunstâncias, haveria que falar com ele não para o tal inventado convite (Vieira teve sempre o extremo cuidado de não afirmar, preto no branco, que Nobre mentira ou sequer faltara à verdade ou mesmo fizera confusão…), mas tão somente para, com toda a certeza, efusivamente o cumprimentar, felicitando-o por tal excepcional resultado e desejando-lhe os melhores auspícios no seu regresso à AMI, após devolver ao PS os votos que lá fora pescar…. de arrasto.

Claro que só poderia ter sido isto! Acredito piamente no excelso governante e no acompanhante Tiago, ali para as curvas e pau para toda a obra.

Tanto é verdade o que o homem diz que é que o PS nem se tem agitado um só milímetro sequer, tendo vindo a manter-se impávido e sereno, desde que a notícia da inclusão de Nobre na lista do PSD foi conhecida. Em nada os socialistas se sentiram afectados, razão por que nada justificaria o seu enorme não-alarido de então para cá. Do mesmo modo, ou seja, sossegadíssimos, ficaram igualmente BE e… pasme-se!, CDS-PP e mais Paulo Portas.

Ora, assim é que é bom, Todos contentes, todos sossegados e ninguém aos “ai, Jesus, que é isto?”

* * *

As criaturas andam mesmo completamente desorientadas, o que surpreende, porque não há qualquer razão para tal.

Segundo garantem os “freteiros” dos socialistas na Comunicação Social, tanto a nível de “opinion makers” travestidos de jornalistas, como de jornalistas travestidos de “opinion makers”, Fernando Nobre perdeu já todos os apoios que teve e será, portanto, um perfeito e inofensivo “bluff”.

Temos assistido às cenas mais mirabolantes que é possível conceber nesta saga vilarista em que estamos enredados. Jamais, porém, a algo de tão incríveis contornos.

Estão positivamente a perder o trambelho e os disparates sucedem-se em catadupa.

Justifica-se, por isso, um receio que desde sempre tenho tido: o de que, chegados a momento mais próximo da verdade e apercebendo-se de que algo poderá correr-lhes pouco de feição, a exemplo de outras ocasiões, lancem mão de todos os expedientes de que dispõem e em que são peritos, para adulterarem a expressão correcta da vontade popular.

Enquanto isso não acontece, bem hajas, ó Vieira, por tão eficientemente desmentires, desmentindo-te.

É de artista, homem, é de artista!

Ruben Valle Santos

Setúbal

18 Abril 2011

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