Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

domingo, 27 de novembro de 2011

2805. BPN - Os gatunos particulartes e os outros...

Que tenho eu que ver com os crimes de particulares contra particulares, que é o caso de quem gatunou o BPN? Nada! Rigorosamente nada.
Primeiro, porque quem agiu contra o banco não era governante; em segundo lugar porque os particulares que desfalcaram o banco não me causaram qualquer prejuízo, directo ou indirecto.

No caso BPN, quem me causou prejuízo foram Sócrates e Teixeira dos Santos que, com dolo -- sim, com dolo, porque tinham consciência das consequências do que faziam, que seriam terríveis para o conjunto dos cidadãos -- o nacionalizaram servindo-se de justificações sem pés nem cabeça, já que a única atitude a tomar teria sido deixá-lo ir à falência.

Provocaram, deste modo, um prejuízo bem maior do que os que roubaram a depositantes no banco.

Portanto, quanto à primeira parte, nem sequer posso meter os primeiros em tribunal, porque serei julgado parte ilegítima por não estar no rol dos lesados.

Quanto à segunda parte, porém, a da injecção de milhões de euros no BPN, para que não entrasse em falência, quando se sabia que a única solução era essa mesmo, isso sim, posso ser e sou parte interessada e, como tal, serei aceite em juízo.

Resumindo:

Há dois crimes cometidos no caso BPN.

Com o primeiro, de burla, abuso de confiança e sei lá que mais, relativamente a dinheiro de particulares, cometido por particulares contra um banco privado, nada tenho que ver. As vítimas desse roubo que actuem, para reaver o seus prejuízos. Podem mesmo recorrer ao fundo de garantia bancária, que para isso existe.

Quanto ao segundo, de gestão danosa dos recursos do Estado, do País -- nossos, portanto -- cometidos por governantes que abusivamente os delapidaram, enterrarndo-os num banco particular que, à partida, se sabia estar condenado, aí sim, sou parte interessada, e devo exigir que os responsáveis respondam em juízo. E quanto mais depressa melhor.

É sob esta perspectiva que os dois casos têm de ser analisados e não misturando-os, porque nada têm que ver um com o outro.

O que foi dito quando à necessidade de evitar que o banco fosse à falência não passou de foguetório para endrominar incautos. Com dolo. Todos os dias há por esse mundo fora bancos a falir e o respectivo Estado não corre a "salvá-los" à custa do dinheiro dos contribuintes. Era o que faltava. Ademais, o que é que o Estado salvou? Nada. Apenas afundou mais. Portanto, é conivente na patifaria feita. Conivente e incrementador.

É bom que as pessoas tenham isto em mente, porque os casos não devem ser misturados, como o têm sido, por interesse exclusivo dos mandantes abusadores que actuavam com as costas quentes pelo Estado.

É triste ter que reconhecê-lo mas é a realidade: há entre os Portugueses uma grande falta de capacidade discernimento de análise serena dos acontecimentos.

Deixamo-nos ir nas primeiras balelas que nos impingem, sem o cuidado de pararmos um instante para pensarmos no assunto, separando o trigo do joio. E, por isso, nunca chegamos a lado nenhum, jamais conseguiremos obrigar os responsáveis a sentarem-se no lugar que lhes cabe por direito próprio, ou seja, em certo banquinho existente nas salas de audiência de um qualquer tribunal criminal.

Por essa razão em Portugal tudo fica por águas de bacalhau. Ficamos sempre por isso, muito embora tivesse havido tempos na nossa História em que não éramos assim. Há, pois, uma evidente degeneração da alma, do sentir, a postura social portugueses. Que está difícil de recuperar, a partir do momento em que labregos, vindos das berças, sem quaisquer princípios de mínima educação social e mesmo de educação tout court, se apoderaram do Poder e dele fizeram coutada própria. Como Hitler. Democraticamente, Também como Hitler. Ainda que salvaguardando as necessárias distâncias, porque ainda não chegámos às armas e aos genocídios. Ainda! Se bem que, por vezes, cheguemos a pensar que se dispusessem dos mesmo meios...

Temos sofrido muitos dissabores e tratos de polé com tal atitude. E parece que as sucessivas lições que temos recebido para nada têm servido, por caírem em saco roto e descosido.


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